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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O TELEFONE



Aracy Duarte Ferrari

Negro, branco,
vermelho ou amarelo?
Cinza...?
Toca... atenção!
Cintila
Quem? O que será?
Convite?
Cumprimentos?
Algum evento?

Boas notícias?
Pensamentos positivos?
Final feliz?
E o telefone toca altíssimo
e... pausadamente:
-- Alô!... Pronto!... Oi!... Diz...

Boas notícias, sejam sempre bem-vindas!
“O quê” e o “como”,
                        como responder?
O silêncio traz a expectativa
de alegria, de viver, de vida.

Terminou o dia... é noite
O telefone não tocou...
Que falta senti! Estou carente,
nos teatros do mundo...
quem vibrou?...

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

TERRORISMO DE EXPRESSÃO





                                                                       Pedro Israel Novaes de Almeida

            Em tempos de severo policiamento e velada censura, é normal, e incômoda, a busca de termos e expressões que não deixem a mínima dúvida quanto ao real significado da palavra e intenção do eventual autor.
            A rigor, não existe qualquer diferença em dizer que alguém pertence ao estrato LGBT, ou que é uma bichona ou um sapatão. No atual contexto, só o termo LGBT não soa preconceituoso ou ofensivo, embora os demais possam soar naturais e inofensivos, ao autor.
            Outrora, dizia-se que todos tínhamos responsabilidade pelo que saia de nossa boca, e não pela interpretação causada no ouvido alheio. Ocorre que palavras e expressões, repetidas por gerações, possuem o condão de transmitir preconceitos e depreciações, e é justo que sejam, a qualquer custo, evitadas.
            As palavras possuem significados personalíssimos, ao sabor de vivências, culturas e tradições de cada um. A nós, o termo “preto” soa como uma simples, carinhosa e inofensiva referência, ao contrário de “negro”, nada simples e tampouco inofensivo.
            As piadas foram as maiores vítimas da crescente onda de policiamento e censura de palavras e expressões. Tornaram-se formais, métricas e até sem graça.
            Marchinhas de carnaval tendem a parecer óperas, quase impedidas de expressões do tipo “seu cabelo não nega” , “Maria Sapatão” e “ Olhe a cabeleira do Zezé”.
            Em um contexto de radicalismo ideológico e primarismo conceitual, movido a chavões, um dos subprodutos de nossa crise, até Monteiro Lobato acabou sendo censurado, por escrever que alguém subia na árvore “como uma macaca”. Por pouco o festejado autor não teve os livros apreendidos e reimpressos, com modificações.
            Foram fundados tribunais de exceção, que promovem  cruéis linchamentos de pessoas que teriam dito, em algum tempo, uma ou outra frase infeliz. Muitas vezes, a frase sequer existiu, ou teve seu contexto distorcido.
            Existe, e viceja nas redes sociais, uma espécie de esquizofrenia coletiva, que só agrava a tensão que todos vivemos. Trata-se, em verdade, de um terrorismo de interpretações.
            A crescente radicalização, e a ferocidade das reações, acabam vitimando a espontaneidade natural das pessoas, que tendem a medir palavras, segundo o ambiente onde estejam. Existe uma truculência pouco disfarçada, com predisposição para sentenciar com a pior das interpretações qualquer palavra ou expressão.
            Até a imprensa mudou seu estilo. Hoje, um criminoso confesso, que teve o crime filmado, com milhares de testemunhas, é referido como “suspeito”.
            Hoje, a maldade habita mais o ouvido que a boca.

                                                                                   

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O ESCOTISTA


Paulo Ricardo Sgarbiero

No dia de atividade
Cada seção tem sua função
Pois essa é nossa realidade
Somos parceiros na educação

O escotismo tem seu próprio método
A ser utilizado para as seções
E de lobinho a pioneiro é aplicado
Para formarmos um adulto de boas ações

Para isso podermos aos jovens propiciar
Temos que nos dedicar
E muito temos que aprender
Até IM podermos ser

Chegamos então ao topo da progressão
Mas não pense que paramos não
Porque que aumenta nossa missão
Agora dos adultos cuidamos da formação