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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Piracicaba, 253 anos de História!



Feliz-Cidade
Ivana Maria França de Negri

            Comemorar aniversário é muito bom! Bolos, doces, assoprar velinhas, amigos ligando, mandando e-mails e enviando flores. Tão bom  ser lembrado com carinho e ganhar presentes!
            Nossa adorada Piracicaba está completando 253 anos. Ela faz parte de nós, e nós fazemos parte dela porque aqui vivemos e aqui ganhamos a vida. E é neste torrão de terra que a nossa vida acontece, e é este mesmo solo que vai acolher, complacente, nossos restos mortais um dia.
            O que gostaríamos de dar de presente à nossa terra natal? Quanta coisa poderíamos colocar na lista...
Neste primeiro de agosto de 2020, todos nós, piracicabanos, gostaríamos de ganhar de presente uma cidade livre da pandemia, com comércio aberto, famílias unidas se abraçando, restaurantes, cinemas e escolas funcionando e as crianças brincando com os amigos, coisas que há uns meses pareciam ser tão corriqueiras...E agora são preciosidades das quais sentimos tanta falta... É pedir muito?
Feliz aniversário, Piracicaba! Feliz-Cidade para todos nós, e que Piracicaba volte logo a ter aquele agito cultural, estudantes alegres e barulhentos como maritacas e as reuniões familiares e de amigos acontecendo! Que assim seja!


           SAUDOSISMO PIRACICABANO
            Leda Coletti

            Quanto mais a idade avança, mais aumenta o saudosismo da terra que nos viu nascer. Desperta a saudade da época .em que éramos crianças.. Os hábitos e costumes da época eram diferentes dos da época atual.  O trânsito era tranquilo e nas ruas com paralelepípedos, o bonde era um meio de transporte bastante utilizado por todas as classes sociais e idades. Lembro-me que na década de 40, nós crianças íamos á escola, igreja, utilizando-o sem a companhia de adultos. Geralmente para ir à escola íamos a pé e com os colegas, vizinhos de quarteirão.
             Era comum, à noitinha, famílias inteiras levarem suas cadeiras para as calçadas, enquanto as crianças brincavam à vista delas. Aos sábados e domingos era uma festa para as famílias( pais e filhos menores) passear na Rua Governador Pedro de Toledo para apreciar as vitrines lindamente decoradas e iluminadas.  Nessa época, nossa cidade já era considerada como grande cidade da região.
            Na juventude, já na sexta década do século passado, nos anos dourados, íamos assistir filmes nos cinemas locais e quando os amigos moravam em outros lados da cidade, voltávamos sem receio algum, sozinhas para casa. Também havia o “footing” na praça central, onde nós moças circulávamos numa direção e os rapazes em sentido contrário, além da “calçadinha de ouro”, a concorrida saída no término dos filmes, quando a ala masculina tomava quase toda a extensão da calçada. Muitos namoros , que deram até em casamento surgiram desses “flirts”,( como se dizia para os “paqueras” de hoje)
            Aos domingos, os passeios para o gramados da Escola Agrícola aconteciam com frequência, ou então uma chegada ao Mirante. A travessia ( a pé ) pela única ponte existente era considerada uma aventura, pois a calçada era estreita; só existia uma pista, sendo que num dos lados passava o trem. Não tínhamos acesso às dependências do Engenho Central, pois ainda não se tornara o grande patrimônio cultural de nossa cidade.
            . Nos dias de hoje, quando caminho na área de lazer da Estação Paulista, observo o que restou da antiga estrada de ferro, que teve papel importante no transporte até quase metade do século passado: a sua fachada principal, os barracões e algumas casas, moradias que eram cedidas a funcionários Os primeiros. estão bastante conservados, pois constituem nos dias de hoje, rico espaço cultural e de lazer para os piracicabanos..
            Uma da lições de Sociologia que nunca esqueci foi o que aconteceu e continuará sempre: a mudança, dos locais, comportamentos culturais e sociais, como a única constante. E, embora tenhamos saudade de muitas coisas, incluindo até valores sociais, lugares que se transformaram, temos que concordar com essa afirmação.
            Mas, isso não nos impede de sentir saudade da nossa Piracicaba do século passado e trovar a eterna beleza da Noiva da Colina!
                                               Esta cidade bendita                                 
                                               com pôr do sol  na colina
                                               é pra nós sempre bonita
                                               seu doce encanto fascina.

 IPÊS FLORIDOS
Valdiza Maria Capranico

Nas últimas semanas, nossa cidade amanheceu florida – Cada dia mais ... ipês colorindo, em todos os cantos, enfeitando, tentando nos transmitir mensagens de paz, de beleza, de gratidão a Deus, à vida.
Nesses tempos de quarentena, onde o “ficar em casa” aguça nossos sentidos, sinto-me privilegiada por morar no alto de um edifício e poder contemplar de minhas janelas, ipês floridos, ao longe, enfeitando a cidade. E, em raras e necessárias saídas, ter o privilégio de passar sob alguns...
Lembrei-me de fatos, ocorridos há muitos anos; quando, em visita à nossa cidade, tive o prazer e a honra de receber e acompanhar o Roberto Burle Marx, um dos maiores paisagistas do mundo (se não o maior) e, ao passarmos pela Estação da Paulista, quis parar e observar o chão da estação ... coberto de flores azuis, dos jacarandás mimosos que lá existiam e muito enxofre, amarelo, esparramado no meio das flores... concluiu que aquele espetáculo daria um lindo tapete (ele fazia tapeçarias maravilhosas).
Outro fato que me marcou bastante, também, foi ao visitar um bairro nobre de nossa cidade, havia uma rua, numa das quadras desse bairro, com ipês rosa floridos... a mim, pareceu estar entrando no paraíso... tudo ali estava rosado... Mas, os moradores queriam retirar todos eles, porque faziam sujeira... Voltei, alguns dias depois para ver a “sujeira”, um tapete cor de rosa que cobria as calçadas desse quarteirão... achei lindo demais... Voltei ao local, algum tempo depois e – para minha tristeza, haviam retirado todas essas belas árvores...
Cada vez que vejo flores de ipê caídas ao solo, me lembro dele e também dessa rua... e chego a conclusão que essas belas árvores nos dizem, numa linguagem silenciosa, “deixo a vocês essas flores para enfeitar seu caminho, ofereço a vocês esse maravilhoso tapete, para colorir suas calçadas, suas praças”.
E, se quiser, puder, contemple um pouco esse espetáculo... vale a pena... poder sentar-se, observar esses lindos tapetes, agradecer a Deus por esse momento, foi o que me motivou ao receber a foto, linda, de uma amiga querida, a Mônica...
A solidão fica mais leve quando entendemos o quanto a Natureza pode fazer por nós...

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO...
Lídia Sendin

            A lembrança mais remota que eu tenho de Piracicaba é de um rio borbulhante que espalhava uma neblina molhada pelo caminho que percorríamos para conhecê-lo, o famoso Mirante.
Isso já faz muito tempo, década de 1960, quando visitei Piracicaba pela primeira vez, trazida por meus pais, que pretendiam morar aqui, por conta do interesse de meu irmão em Cursar Agronomia.
Lembro-me que fiquei muito empolgada com o salto, com o véu da noiva, e contava a todos os meus amigos e parentes de São Paulo, que eu ia morar perto de um rio tão grande que até jogava suas águas para fora.
Acabei não morando tão perto dele assim, mas saber que ele existia, e que com um pequeno passeio de bonde eu poderia vê-lo, já me deixava o coração alegre.
Anos mais tarde, eu mesma fui estudar no outro encanto de Piracicaba, a ESALQ, quando cursei o Magistério e fiz o que se chamava, na época, Normal Rural.
Hoje o rio não está mais tão bonito como era, mas Piracicaba continua linda, com suas flores por todo canto. Eu mesma plantei aqui três das mais belas flores: minhas filhas, que, nascidas aqui, me deram a o direito de cidadania mesmo sendo eu uma estrangeira. 


O RIO CONTA A HISTÓRIA
Carmelina de Toledo Piza

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pisaram.
Quantos barcos eu senti por mim passarem?
Quantos pescadores suas redes jogaram?
Quantas pessoas pelos meus peixes foram alimentadas?

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra acamparam.
Da minha história, lendas e lendas são contadas:
A lenda do rio, a lenda da noiva
E tantas outras lendas foram por mim encantadas.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra chegaram.
Fico aqui no meu acalanto
E todos os anos espero pelo encontro dos barcos...
É a festa do Divino Espirito Santo.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pousaram.
E no barulhar da correnteza que canta
Ouço o som do batuque, o ritmo da umbigada e o desafio da viola dos cururueiros
Para mais uma festa santa.

Eu sou este velho rio que é o lugar onde o peixe para
Pelos Bonecos do Elias todo o tempo fui olhado. 
Brincadeiras com boias e de meninos assisti
E no ano do aniversário da cidade preciso ser cuidado.

Eu estou aqui...
Velho e cansado
Muitas vezes triste
Outras vezes amargurado.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra sonhos realizaram.
Mais um ano esta cidade o aniversário vai comemorar
Piracicaba faz 253 anos
Vidas e vidas vividas ainda quero homenagear.


Âncora   
Carmen Pilotto   
                         
Minha alma estacionou
aqui onde o peixe está...

E nessas misteriosas corredeiras:
ora abundantes, outras ressequidas,
depositei meus sonhos e anseios.

Sigo a tortuosa margem do rio
com a placidez de pertencer a aldeia
de um recorte feliz do universo....

PAINEL NOIVA COLINENSE
Ésio Antonio Pezzato

Lusco-fusco. No espaço as nuvens arruivadas
Pelos fachos de luz que o sol ainda golfeja,
Refletem mil painéis de telas esmaltadas
Num cromatismo etéreo e de paz benfazeja.

Extasiado contemplo essas telas pintadas
Pelo Pintor maior que mil cores bafeja
Sobre o etéreo dossel que as cores concentradas
– Fagulhas de ouro em pó! – sobre a terra despeja.

Sinto o sopro de Deus sobre a densa ramagem
E pareço fitar um oásis no deserto
Enquanto os ventos bons entre as roseiras agem.

Respiro um cheiro bom de alecrim e canela,
E frente a esse cenário imenso, largo e aberto
Cuido em tudo ver Deus da terra sentinela.

 O PIRACICABA DOS PAIAGUÁS
Francisco de Assis Ferraz de Mello

Quanto crime ante Deus, de pensar me comovo:
Agoniza este rio que alimentou meu povo.
Quem pode imaginá-lo, um dia, colossal,
Bufando na floresta de um sol tropical?

Quem pode imaginar que, um dia, em suas margens,
Dos mansos animais até as onças selvagens
Foram beber sua água, enquanto a passarada
Ensaiava uma orquestra ou partia em revoada?

No salto ele rolava altivo, encapelado,
sobre o basalto negro, alteando um forte brado
Que acordava o sertão de séculos atrás.

Abaixo, no remanso ou, então, nas corredeiras,
Passavam as canoas em bandos, ligeiras,
Levando para a guerra os índios paiaguás.



RUA DO PORTO
Aracy Duarte Ferrari

Íntimo ardente
Noite enluarada
Avenidas luzentes
Árvores resplandecentes...

Os pássaros chilreando
Recompõem a melodia.
A prosa, a poesia
Atingem o seu clímax.

O rio circunda
A cidade e o coração.
As águas correm...
Rutilantes ao reflexo da lua.

Ondas abundantes
Observadores atentos
Inspirados na quietude
Reflexões distantes.

Uma estrela cadente
Risca, de repente
O firmamento
Para meu sobressalto.

NASCER EM PIRACICABA
Elda Nympha Cobra Silveira

Nascer aqui nesta Terra,
Qualifica-se  pessoa melhor!
Nosso dialeto é uma graça!
Dotados de grande verve,
Deus nos preserve,
Nessa Terra de canaviais,
Pois tudo aqui é demais!
Somos um povo que canta,
Rima, escreve, dança, e...
 Até temos ginga.
Sem precisar de nossa pinga,
Até  trovamos  no cururu,
Que talento!
Temos faculdades, universidades
Que nos deixam ainda  maior! 

MINHA TERRA
Francisco de A. Ganeo de Mello (Buda)

Sou de Piracicaba
A “Atenas Paulista”!
Antes de prosseguir,
deixem-me explicar:
ter nascido em Piracicaba
me é  motivo de grande orgulho
e é por isso que coloquei
aquele ponto de exclamação...

Minha terra tem história
e seu folclore é muito rico.
Temos pintores famosos,
temos músicos e cientistas.
Temos praças bonitas,
Monumentos, casarões,
preciosas relíquias que contam
 um pouco do nosso passado.

Muita gente célebre
já passou por minha terra.
Tivemos um Thales de Andrade
um Miguel Dutra e um Mello Moraes...

Diz a lenda
que até um rio
já passou por minha terra!

(Minha terra teve um bosque
Onde cantou um sabiá!)...


A CATEDRAL DE PIRACICABA
Cássio Camilo Almeida de Negri

            Por muitos anos, suas torres reinaram imponentes na praça central da cidade.
            A simetria perfeita, encimada pelos pontiagudos telhados hexaedricos, com as cruzes nos píncaros, como a conectar a terra ao céu.
            O relógio magnífico que eu, desde criança, quando aprendi os algarismos romanos, nunca entendia o porque de seu “quatro” ser quatro traços ao invés do “IV” ensinado na escola.
            Hoje, coitada, foi esmagada por um “pisão” do prédio ao lado. Um edifício só de garagens.
            Piracicaba, quem deixou fazerem isso com você?






domingo, 26 de julho de 2020

Primavera em Festa


PRIMAVERA EM FESTA
            Em tempo de Ipês Amarelos
                                               Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins.

O ouro brilha, se oferece gratuito,
se espalha com  majestosa  elegância!
Sua generosidade, “coração materno”
abraça ruas e calçadas, pátios e jardins.
Invade sonhos, consagra corações,
ameniza cansaços  teimosos,
floresce os passos de pés inábeis,
contabiliza créditos de esperança!
Estes, no auge da despedida,
esverdeiam almas inertes e resgatam
do âmago de cada ser,
a alegria de viver, de renascer!
O singelo e cativante desfile  floral,
resgata a harmonia adormecida
e faz vibrar o dom da emoção.
É o pulsar de um novo coração!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

O descanso do guerreiro sonhador



Ivana Maria França de Negri

            Meu querido primo, Jairo Ribeiro de Mattos, era um lutador nato e incansável, sempre de bem com a vida. O segredo de sua energia inesgotável? Pensar positivo e ter sonhos, muitos sonhos! Assim que realizava um, já partia para outro, e assim, de sonho em sonho, verdadeiros milagres fazia acontecer. De um simples bloco de barro, surgiam esculturas maravilhosas. Muitas delas estão espalhadas pela sua amada Piracicaba.
            Dono de uma fé inabalável, herdada da sua mãe, sabia que sempre conseguiria ajuda lá do alto.
            Desde criança eu o via trabalhando, sempre com um projeto na ponta da língua. Com a colaboração da tia Linda, que fazia tachos imensos de cola de trigo, ele mesmo decorava o Teatro São José inteirinho para os bailes de carnaval. Fazia máscaras gigantes de jornal picado misturado com a cola. Depois, com a ajuda de outro tio, pintava as carrancas e as pendurava pelo salão.
            Ele não sonhava pequeno... Inquieto, sonhava grande! Visionário, pensava além do seu tempo. Não queria um asilo, mas sim uma Cidade Geriátrica. Conseguiu construí-la e tinha muito orgulho de dizer que foi a primeira do Brasil. Construiu capelas, igrejas e mausoléus. Mas não viu o seu mais novo sonho ser concretizado, o hotel em construção dentro da sua Cidade Geriátrica.
            Sua vida foi difícil, mas sempre superou todos os obstáculos. Perdeu o pai ainda criança, e minha tia Antoninha, sua mãe, se viu sozinha, com menos de trinta anos e quatro filhos para criar. E o fez com muito amor e sabedoria, criando pessoas íntegras, honestas e batalhadoras.
            O jovem franzino estudou muito, formou-se engenheiro agrônomo e começou a trabalhar em várias frentes, mas nunca desistia de um sonho. Lutava bravamente e não media esforços, até vê-lo realizado. E foi crescendo como pessoa, e virou um gigante. Até na política ele foi atuante. Dificilmente a lacuna que deixou será preenchida. Formou uma linda família com a Ana, com quem teve quatro filhos e sete netos.
            Cecílio, no prefácio do livro de Jairo, lançado no início deste ano,  o descreve como um vulcão. Sim, uma perfeita definição. Um vulcão sempre prestes a entrar em erupção, a colocar sua energia para fazer o bem, uma vontade indomável para construir, inovar, gerenciar e combater o bom combate. E principalmente, ajudar o próximo.
            Tinha já uma certa idade, mas nem pensava nisso, e nem se considerava idoso. Os velhinhos eram os outros, os que precisavam de ajuda. Sua mente era jovem, sempre cheia de sonhos e a vida, era de muita ação.
            Ninguém é eterno, e cada um dura o tempo necessário para cumprir sua missão, e isso ele fez com muita maestria e bravura.
            Vai primo querido, ao encontro dos amados que já partiram. Deixará saudades, com certeza, mas também deixa como herança, o exemplo de honestidade e muita garra, para seus descendentes e para todos os piracicabanos.
            Continue a edificar suas obras lá no céu, pois as outras dimensões também precisam de gente vulcão que sonha, e sonha e sonha...

sábado, 11 de julho de 2020

Alice no país dos pesadelos



Ivana Maria França de Negri

            Aninhada na rede, Alice balançava... Seus pensamentos iam e vinham no ritmo do balanço.
            O sol, cansado de iluminar o dia, se escondia no horizonte, tingindo-o de tons alaranjados e vermelhos.
            Alice, num morno torpor, não conseguia manter os olhos abertos. As pálpebras pesavam. O gatinho no seu colo, há muito já se entregara aos braços de Morfeu.
            Foi quando um som esquisito a acordou. Um exército de pequenos seres estranhos a cercaram e o seu gato. O animal deu um salto, como só os gatos sabem dar e se posicionou alerta, de orelhas em pé.
            Sua dona, ainda sonolenta, perguntou: “quem são vocês e o que fazem aqui?”
            “Levante-se Alice”, disse o que parecia ser o chefe deles. “Não temos muito tempo, o planeta precisa ser salvo”.
            A menina pensou ainda estar sonhando, mas viu que estava no pior dos pesadelos...Desviou-se de uma nuvem voraz de gafanhotos famintos que devoravam toda área verde ao seu redor. Viu também milhares de pessoas sucumbindo a uma peste invisível sem que nenhum governante pudesse fazer algo para salvá-los.           Até os mais importantes mandatários mostravam-se impotentes.
            Erguia-se à sua frente uma nova Torre de Babel, construída por destros e canhotos que não se entendiam. Gritavam impropérios uns aos outros, cada qual dono da sua verdade. Estava um caos, a turba selvagem alimentada por um único sentimento: o ódio.
            Alice se perguntava naquele momento como poderia ajudar aquelas criaturas que seguiam primitivos instintos. Elas estavam cegas, viam tudo através das lentes deformadas de sua consciência reduzida. Espíritos bestializados, pensou ela.
            E para piorar o cenário apocalíptico daquele melodrama planetário, aconteciam simultaneamente  enchentes, secas, terremotos, furacões, maremotos, vulcões dormentes acordavam e expeliam suas lavas incandescentes. Sons estranhos vinham dos céus. O que mais faltava?
            Foi quando viu uma gigantesca bola de fogo se aproximando acelerada, tendo em seu trajeto o planeta Terra. Com a força que aumentava, iria atingi-lo em cheio, e o impacto não deixaria sobrar pedra sobre pedra E ela lembrou que era exatamente isso que diziam as sagradas escrituras.
            Alice fechou os olhos. Não queria testemunhar esse desastre, a destruição de um planeta tão lindo, a natureza maravilhosa, rios e mares de tons azuis turquesa e verdes esmeralda, animais de tantas formas e tamanhos. Como mudar esse destino?
            Nesse momento crucial, os serzinhos voltam com um bebê envolto em panos. “Ele é a salvação!” disseram. “Vai crescer e sua palavra mágica vai magnetizar multidões, enternecer corações, os povos vão se unir. E a paz reinará.”
            E foi o que aconteceu. A aura do planeta doente foi sarando, as intempéries se aquietando, a natureza se acalmando, o vírus fez as malas e foi embora, e até o meteoro gigante resolveu desviar sua rota. O bebê era tão frágil, mas ao mesmo tempo, muito poderoso! E eles contaram a ela o nome desse poder: AMOR!
            Alice acordou muito feliz! E dentro dela, uma força poderosa nascia também.      Ela acariciou o gatinho, que devolveu o carinho com um sonoro rom rom.
            E nada mais seria como antes...O planeta estava salvo!

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Era um plástico que destoava na linda natureza...



Amargo desgosto
Lea Paiva

Era uma tarde tépida, azul e serena,
Passeava calmamente, apreciando o rio.
Na margem, as arvores tremulavam sob a brisa amena,
O céu espelhava nas águas um pôr do sol arredio,
A resplandecer raios de dourados fios
Estilhaçados entre as sombras dos arvoredos,
Despedia-se de mais um dia findo.
Eu, encantada, desfrutava aquele entardecer tão lindo!
Mas eis que volto meu olhar ao meu entorno
Encontro um enorme pedaço de plástico branco
Jogado, ali, para o meu espanto.
O vento movia e ondulava o monstro,
Parecia um fantasma, uma miragem,
Esvoaçando no chão o velho entulho,
Todo engelhado entre cascalhos, gramas e pedregulhos,
Tirando todo o encanto da paisagem.
Pensei: “Como pode alguém em sã consciência
Ter tanta maldade, displicência,
Desprezar, assim, a natureza?”
O riso sumiu do meu rosto
Dando espaço à tristeza,
Ao amargo desgosto.
Tentei desabafar neste poema
Ao ver o impermeável, implacável
Asfixiando os vergéis, o ecossistema, a vida, o fluxo-floema.


É preciso enxergar
                        Leda Coletti

A natureza é uma dádiva divina,
ao exibir matas luzidias,
rios e mares de águas transparentes,
campinas com mimosas flores,
bichos e pássaros cantantes.

Mas, ( quase sempre há um mas...)

O homem parece não entender
e valorizar essa formosura,
quando derruba, coloca fogo nas matas,
destruindo o “habitat” dos animais
 e aves,  que então,  migram para bem longe.
Polui rios despejando  esgoto, detritos,
manchando os mares com óleo viscoso,
que mata peixes e animais marinhos.

Então ficamos a pensar:

Quando o homem irá acordar,
enxergar, respeitar, amar
e preservar o nosso Planeta Azul?

VERDES VIDAS
Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins

Ao silêncio/Natureza, verdes vidas se entrelaçam.
Emprestam à doce brisa o puríssimo frescor
do orvalho imaculado a gotejar espécies!
Impregnados ao aroma e sabor da seiva viva,
ímpares  tons, envolventes,
(do verde-água ao bandeira)
tecem por todo canto, recanto,
muralhas macias, sedosas;
uma oferta permanente,
do Mágico Deus Criador
à vida das  efêmeras  criaturas,
mais bela, mais verdadeira
se adornada de  vidas verdes!

Vital cor encantada da natureza em festa!
Lindos verdes , verde total, verde vida,
das florestas imensuráveis,
das matas,  plantas, folhagens ,
vegetais de formas  mil ,  infindas tonalidades
 a saudar, com abraço misterioso,
 os seres vivos a decorar o Universo,
espaço plausível dos filhos da Terra
e toda a incomparável criação.
Um viva ao Verde! Ao VERDE VIDA!

DEPOIS DO APOCALIPSE 
Andre Bueno Oliveira

As trevas reinarão por um milênio!
A Terra, esfumaçada, sem ozônio,
talvez até respire o gás argônio,
na falta – que haverá- do oxigênio!

O Homem, que pensava ser um gênio...
Coitado! Evaporou-se qual criptônio!
Não tem mais latifúndio ou patrimônio...
Seu ouro, vale menos que o selênio.

E Deus, sentado em trono de alumínio,
tristonho, apreciará o extermínio
do mundo incandescente pelo Urânio.

Se alguém sobreviver ao infortúnio,
jamais verá no céu um Plenilúnio,
e nunca colherá... um só gerânio!