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quinta-feira, 11 de junho de 2020

A velha do rio



Olivaldo Júnior

Porque a vida é uma forma inconstante

Naquela curva do rio,
entre as dúvidas e as dádivas,
uma velha, estranha,
estranha e sábia,
se assenta.

Não sabe quando vai chover,
nem quando o sol
nem nunca vai brilhar,
mas, velha,
é honrada por todos.

Muitos vêm de longe,
muito longe, só para vê-la:
novelo nas mãos,
amor em seus olhos
e um xale de lã,
tão descuidado, nas costas...

Tem hora que, só de vê-la,
só de olhá-la assim,
tão absorta em si mesma,
se lembram
nem sabem ao certo
de quê,
mas, talvez por isso,
talvez por isso mesmo,
sarem, se recuperem

e apenas, apenas por isso,
aprendam
a estar.

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