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quarta-feira, 30 de maio de 2018

CORTEJO


Lídia Sendin

Risca o rosto do peão
Esse vento que fustiga,
Sol a pino, estradão,
Tange o boi pela campina.

Não há onça, nem leão,
Mas o medo o castiga,
Tanta vida e solidão
No silêncio uma cantiga.

Chora a alma, o corpo briga,
Mas não há outra opção.
O cortejo assim avança,
Vai a res pro matadouro
E com chicote de seu couro,
Estalando em suas ancas
Não recebe compaixão

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Recanto da Delicadeza



Era uma manhã de chuva
Nós estávamos no RECANTO DOS LIVROS – Lar dos Velhinhos
Quem estava lá?
Pessoas que gostam de ler/ escrever/ poetizar
Ouvindo os versos de Newman Simões e a voz de Douglas Simões  ou........ Nhô Chico eu escrevi.......

RECANTO DA DELICADEZA

Na história das histórias livros são queimados
Mas livros são escritos e reescritos
No fogo e no desejo do saber
Lemos e relemos
Nas chamas da vida contamos a história da história
E no silêncio das palavras eu silencio a minha alma neste

RECANTO DA DELICADEZA

É o momento em que estou vivendo aqui
Neste dia de chuva que entra no meu silêncio da escuta
Na minha memória volto para a história da infância
Ouvia os cururueiros aos sábados e domingos
Nhô Serra
Pedro Chiquito
Parafuso

RECANTO DA DELICADEZA

Na vontade de chorar
Na lembrança da infância
E nas lágrimas dos “meu zóio”
Busco meu riacho da saudade

Ele não é poeta
Apenas escreve poemas na busca da rua triste da vida
Mas ele tece seus poemas sem ser poeta
Ele sabe poetizar em seus versos
Lembranças dos tempos da delicadeza
Na voz da uma mulher
Que vive na incerteza da ilusão

RECANTO DA DELICADEZA

Faço agora uma prece em gratidão por este momento existir
É VIDA
É SONHO
SOU EU SOMOS NÓS
                                                                                                          Carme Lina Piza
                                                                                                            19/04/2018

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Qual livro você está lendo?



Plínio Montagner


Livro: O Estrangeiro
Autor: Albert Camus
Introdução: Jean-Paul Sartre
Editora - Livros do Brasil – Lisboa
Páginas: 226
Aquisição da obra: presente

Opinião
Era dez de julho de 1968 quando eu e Nazareth comemorávamos onze meses de namoro. Ganhei dela “O Estrangeiro”, de Albert Camus, uma obra bastante comentada pelos críticos e professores de Filosofia e Política das universidades. Diziam os críticos que mal saiu a primeira edição obteve a maior aceitação.
Confesso que várias vezes tentei a leitura até o final; por incapacidade de entender a mensagem, desistia. Passados 45 anos, julho de 2013, uma tristeza bateu e retornei à leitura. Desta vez, com o espírito maduro, li-o com avidez até o fim.
O Estrangeiro é uma obra que seduz.  Embora seu conteúdo seja simples, uma exegese mais apurada constata ampla complexidade de interpretação. Depois de lido, sobra inesperada reflexão sobre as mensagens subliminares das realidades transcendentes. Talvez seja o motivo de valorização de muitas artes: por despertar a dúvida. E a dúvida incomoda.
O protagonista Mersauld anuncia algumas frases fortes: “Quando não se pensa, o que incomoda ou que alegra deixa de existir”.
“O homem é um nada, é impotente perante as desgraças que presencia e por isso finge não as ver ou que não existem”.
Não é um livro de conhecimento ou de informação. É arte literária que desperta curiosidade ou necessidade de treinar o raciocínio metafísico.
Jean-Paul Sartre, nas primeiras páginas da introdução do romance, arriscou que O Estrangeiro, depois de lido, nunca mais seremos os mesmos. De qualquer modo Camus ilustra a obra que viria a formular de filosofia existencialista, nesta frase:
“A vida é guiada pelo absurdo; não é definida por forças divinas ou cósmicas”. Camus, talvez, desejasse expressar:
“A única chance de continuidade da lucidez e respeito à individualidade está em recusar a imposição das ideologias políticas e religiosas”.
A verdade é que tudo pode ser uma alegoria da fatalidade que resulta em aceitar a vida como ela é - viver como se vive.

domingo, 20 de maio de 2018

FELIZ ERA O HOMEM QUE SÓ TINHA UMA CAMISA



Plinio Montagner

No fim da vida nada se leva. Ficam nossa casa, nossa família, o trabalho, o carro, os livros, o velho piano, o gato, o cachorro, as dores que nos castigaram, os amores que nos alegraram, os amigos e inimigos, as contas e pagar e a receber, filhos, netos, genros, noras e sogras.
A vida é curta, dura e algumas vezes tediosa, e assim passa-se toda no desejar. Se as pessoas nos traem, a vida também, pela expectativa de algum dia ser usufruída pelo que foi conquistado. Mas não é esse o prêmio. A idade avançada nos premia mal. Por que não valer-se do bom quando estamos bem de saúde e tudo é novidade e prazeroso?
Não está certo contemplar a tranquilidade e a paz no último quartil da vida. Nesse momento a mente está obscurecida, os sentidos atingidos e o corpo quebrado, operado, dolorido. Nessa fase se sente as sequelas das cutucadas da vida pelo pouco que se aproveita com qualidade. 
As mudanças dos valores, o que é certo e errado, foram outros castigos aos idosos, principalmente a incompatibilidade e o afastamento entre idosos e jovens; os mais velhos não desejam a separação, é a juventude, não por afeição diminuída, mas por desarmonia de interesses e gostos.
 Embora bem-vinda, a tecnologia é a grande vilã. Ela é necessária, mas causou certo desdém ao romantismo. A elegante caneta Parker substituída pela esferográfica, os designers e luxos dos Cadillacs e Thunderbirds pelos modelos cheios de tecnologia, mas sem charme; os bilhetes e passagens das bilheterias pelos ingressos virtuais, dinheiro vivo pelos cartões, e assim será.
A ausência de um chefe nas famílias também favoreceu a desordem do clã pela independência e da liberdade sem limites que afrouxou a harmonia entre pais e filhos.
A abundância de bens trouxe conforto, mas comprometeu o lazer pela expansão do tempo dedicado à administração do patrimônio.
Se descobrissem um elixir da longa vida e da cura de todos os males ainda continuaríamos a nos surpreender em meio a desejos e trabalhando para os outros quem poderiam fazer por si.
Cheios de dores e de alguma feiura, se a cura chegasse, não mudaríamos: continuaríamos a desejar.
Invejar os ricos é um erro. Os abastados são ricos, mas à custa da perda das melhores fases da vida. É preciso aprender que o – pouco - resulta em mais alegrias do que - o muito -, que atrapalha, prende e descarta a serenidade.
 A pobreza, a simplicidade e a ausência de heranças sempre acompanham a juventude. Coincidência ou não, a riqueza e a velhice vêm ao mesmo tempo.
O pobre nada perde em vida nem depois da morte; só perde aquele que deixa bens acumulados. Tendemos sempre deixar para depois o dia de parar de trabalhar para os outros, e passar a cuidar de nós, e assim, continuamos sempre às voltas com bancos, compras, doenças, pintores e vidraceiros.
O pobre está mais próximo da alegria, e o rico, mais da tristeza e das preocupações.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Oração para as mães



                                                                       Leda Coletti

Gosto das orações espontâneas.  Hoje vou orar pelas mãezinhas do mundo inteiro.  O dia das mães se aproxima e, embora em todos os dias devam ser lembradas com carinho, nesse dia oficial  do calendário (na realidade mais comercial), nós oramos por todas.
-Pai, que está no céu e em toda parte, protegei as mães bem amadas, mas, sobretudo as esquecidas pelos filhos.
As que têm condições materiais para oferecer uma vida física e social digna aos seus filhos, como também as que não possuem sequer recursos para o pão de cada dia.
As de diferentes raças e nações, para serem aceitas nos grupos em que convivem e mostrem que o amor de mãe é voltado para o bem-estar da família, seja em que parte do mundo estiver.
As mães que não geraram filhos, mas são mães do coração, sejam recompensadas através do carinho, respeito pelos filhos adotados.
As mães que por limitações pessoais (doença, trabalho, separação de cônjuge) não conseguem se dedicar com zelo e amor aos filhos, sejam compreendidas e não criticadas.
As mães das diferentes etnias, crenças, jovens, adultas, idosas e anciãs, que não são tratadas c com igualdade e justiça social, para que os governantes cumpram as leis das quais são merecedoras.
As mães passageiras que contribuem com a família na instrução e formação das crianças e adolescentes nas diferentes instituições sociais e religiosas, para que continuem a semear o Bem, possibilitando torná-los  conscientes e responsáveis  cidadãos do futuro.
As nossas mães presentes e ausentes. Muitos de nós não a temos presente fisicamente, porque já fazem parte da morada dos céus, mas elas continuam nos nossos corações. As mães não morrem nunca para um filho reconhecido. Para elas nosso eterno afeto e gratidão.
. Queridas mães, seres benditos, quase divinos, sinônimas do amor maior, verdadeiro. O mundo não existiria e nem teria sentido sem vocês.
Ao Senhor o nosso agradecimento  por ter criado a mulher e a ter dotado desse amor do tamanho do mundo. Que todas se sintam amadas e  abençoadas pela Nossa Mãe do Céu:
É só fazer uma prece
Para  a Nossa Mãe Maria,
Sentimos que do céu desce
Uma doce calmaria.