Quadro que fazia parte da mostra encerrada |
Ivana Maria
França de Negri
Tempos sombrios estes, quando não se
pode manifestar livremente a própria opinião e já mil dedos são apontados em
nossa direção nos condenando sem perdão: fascista, golpista, homofóbico, nazista,
ignorante, falso moralista, intolerante, reacionário, racista, carola,
hipócrita, opressor, fundamentalista, entre outros adjetivos menos nobres,
sendo que não nos encaixamos em nenhum. Somos julgados, condenados e fuzilados
virtualmente!
É essa democracia que pregam? Colocando mordaças
nas bocas? Impedindo o outro de ter opinião diferente? Onde fica o livre pensar
dessa tal democracia?
O que me fez escrever este artigo foi a
malfadada exposição que um Banco do Rio Grande do Sul patrocinou usando verba
pública, quase um milhão de reais. Exposta, uma cesta com hóstias, e nelas escrito nomes
impublicáveis. Quadros com imagens de pessoas praticando zoofilia explícita e
figuras de crianças mostradas de maneira vulgar, práticas que se enquadram como
crimes pelo código penal vigente. Várias escolas levaram alunos para ver essa
exposição, pois não havia classificação de faixa etária para visitá-la, mas
devido à enxurrada de críticas, e de clientes encerrando suas contas, o Banco
resolveu fechá-la antes do prazo determinado. Certamente, mais pelo
encerramento de contas do que preocupação com as críticas e crianças. Mas mesmo
que houvesse restrição de idade, nada apagaria as ofensas e a falta de
respeito.
Nas redes sociais, quem ousou ser
contra, foi taxado de hipócrita. Claro que até no Vaticano existem obras de
arte com nus. Mas nu artístico é bem diferente de bestialidade. O que mais
chocou foi a aberração, usar imagens de inocentes, crianças e animais, que não
podem se defender.
Sou a favor da liberdade de expressão em
todas as suas manifestações, mas antes de tudo, há que se ter respeito e bom
senso para não ferir ou magoar ninguém. E ainda bem que nessa exposição não atacaram
a religião muçulmana, senão, ao invés de apenas perder milhões de correntistas,
esse Banco já teria sido detonado pelos radicais, como aconteceu com o jornal
francês Charlie Hebdo, que publicou
charges ofensivas ao Islamismo e ao Profeta Maomé e doze pessoas foram mortas
num atentado.
Claro que matar é abominável em qualquer
circunstância! Mas para que mexer com vespeiro? Pra que ofender e satirizar a
fé que os outros professam? Quem semeia guerra, colhe morte. Se quer atacar,
ainda que com palavras ou através de imagens, saiba que virá uma reação de
igual intensidade. É a lei da ação e reação.
Liberdade de expressão tem limites, sim!
E isso não reporta à ditadura, tampouco à censura, mas ao respeito, palavra
bastante esquecida hoje em dia, principalmente nas redes sociais, onde os dedos
apontam de todos os lados e as línguas são mordazes. O que vai passar pela
cabecinha das crianças, em idade de formação ainda, que viram aquela imagem de
dois adultos contendo um animal para fazer sexo com ele? Que é uma atitude
normal? E o desrespeito às hóstias?
Ninguém é obrigado a concordar com o que
você pensa ou fala, mas tem a obrigação de respeitar seu ponto de vista sem
agredi-lo. Não sei porque as pessoas colocam tudo dentro do campo da política,
no mesmo balaio. Eu não pertenço a grupo nenhum, me decepcionei com a política
e políticos e quero distância. Essa militância fanática dividiu as pessoas em
dois grupos: esquerda e direita, e há um discurso horrendo de ódio vindo de
ambas as partes. Ninguém é dono absoluto da verdade, mas cada um deve respeitar
a verdade que o outro acredita e tem como sagrada. Deve-se debater com
elegância, jamais com palavras de baixo calão. Argumentar e não atacar. E bom
senso e respeito devem imperar sempre!
Hóstias com palavras ofensivas à religião católica |
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