Ivana Maria França de Negri
* Texto publicado na Gazeta de Piracicaba - 9 de julho de 2017
Gostaria de compartilhar com vocês o que
aconteceu durante a festa junina de um clube da cidade, onde eu estava com minhas
netas.
Havia brinquedos bem concorridos pela
criançada, pula-pula, escorrega e outros. Pois bem, uma das gêmeas, estava na
fila para entrar num dos brinquedos. Como toda criança, estava ansiosa
aguardando a sua vez, e quando estava prestes a chegar o momento de entrar no
brinquedo, pois era a próxima da fila, uma moça chegou com seu filho de uns
dois anos e simplesmente o colocou na frente dela.
Eu achei muita cara de pau, mas não tive
reação imediata. Minha neta, de apenas três aninhos, indignada, falou para a
tal moça, mostrando com a mãozinha a longa fila de espera atrás dela: “tem fila,
viu?” E a moça, vendo a determinação da menina,
resolveu pegar o filho e ir para o final da fila.
Fiquei orgulhosa da minha neta, mesmo tão
pequena, mas já tendo noção do que é certo e do que é errado. Nota zero para a
mãe que deu mau exemplo ao filho, dando a ele a ideia de que pode passar na
frente dos outros.
O Brasil está passando por um momento
difícil, toda corrupção de várias décadas, vindo à tona. E todo mundo
revoltado, massacrando a classe política. Os noticiários já estão ficando
monótonos, num prende e solta sem fim. Será que essa “escola” não tem raízes
nos exemplos que tiveram na infância ou juventude? E será que só os políticos são
corruptos? Só eles desrespeitam as leis?
A educação começa em casa, bem cedo, com
bons exemplos. Esse horroroso “jeitinho brasileiro”, essa mania de levar
vantagem sempre, de não respeitar o direito dos outros, é que vai corrompendo
todos e o “jeitinho” passa a ser institucionalizado, uma regra e não exceção.
Por isso que o país vai mal das pernas. Podemos notar que nos países de
primeiro mundo, as pessoas são educadas para pensar coletivamente e não individualmente,
e isso é aplicado desde a mais tenra idade. Nesses países, ninguém se acha o
centro do universo e sim parte da engrenagem, que só funcionará direito se
todos fizerem a sua parte.
Brasileiro fura fila, estaciona em lugar
proibido (é só um minutinho!), joga lixo pela janela do carro, não respeita o
sono da vizinhança fazendo barulho e soltando bombas a qualquer hora do dia ou
da noite, bebe e depois sai dirigindo e colocando a vida dos outros em risco.
Desperdiça água, não recicla o lixo, e só pensa no próprio umbigo, os outros
que se danem.
Enquanto as pessoas não mudarem a
mentalidade, de nada adiantará criar novas leis. Todo mundo vive reclamando, fazem
ruidosas manifestações para ter seus direitos atendidos, mas se esquecem que
tem deveres a cumprir também.
Se alguém acha uma carteira com dinheiro
e devolve, aparece na televisão e nos jornais como se fosse um grande feito,
quando na verdade, essa pessoa não fez nada mais do que a obrigação. Se não é
dela, tem mesmo que devolver a quem é de direito.
Li uma frase interessante na internet: “Quer
mudar o Brasil? Mude você primeiro!” Na mesma linha de pensamento, os dizeres de
Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que quer ver no mundo”. E é por aí mesmo, ter
ética, valores, e aprimorar a educação, só assim melhoraremos não só o país,
mas o planeta inteiro!
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