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domingo, 13 de novembro de 2016

Coluna Social

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Ivana Maria França de Negri

            A gente se acostuma ao glamour das páginas sociais e não resiste à tentação de dar uma espiada naquelas notinhas no rodapé da página com os nomes dos descolados em negrito. Gente sempre de bem com a vida e de alto astral.
            É incrível como todo mundo do high soçaite é inteligente, elegante e posa com aquele ar de felicidade perene, sempre escancarando o mais largo sorriso, o famoso “colgate”  bem cuidado pelo dentista, brindando nas festas  com flutes de champanhe.
Ninguém, em hipótese alguma, passa por dificuldades ou é infeliz. Todos vencem nos vestibulares e vão às mais badaladas praias do Brasil e do mundo. E pegam sempre tempo bom, em “temporada de sol e mar”. Chuva? Só os pobres mortais não colunáveis é que pegam tempo ruim. Borrachudos, pernilongos, trânsito engarrafado na serra, congestionamentos, filas e falta d’água nas horas de pico também são coisas para infernizar a vida dos comuns.
Socialites não comparecem às festas, eles “marcam presença”. Também não viajam como todo mundo, eles “aterrissam” nos lugares da moda como Miami, Londres, Paris ou Milão. Ou então viajam em transatlânticos e se hospedam em hotéis 5 estrelas. Existe um linguajar próprio para designar os feitos desse povo cheio de charme que curte badalação e vive coberto de jóias. De agito em agito, compram nos brechós de Nova York e assistem aos musicais em voga na Broadway. Também não encaram os paparazzi como qualquer um, eles “acendem os faróis” e vivem “antenados”.
O pessoal da dolce vita não vai ao Play Center mas leva os filhos para os parques da Disney. E no curto-circuito da moda, dão o tom de sua presença nos desfiles das lojas de griffe, sempre bem vestidos, bronzeados – mesmo que o almejado tom seja adquirido com raios ultravioleta em câmaras de bronzeamento artificial.
Também não se mudam de casa simplesmente, eles “inauguram” apês ou abrem as portas da nova mansão para os outros vips e haja flashes para registrar todos os ângulos e o melhor “kolynos” dos convidados. E não se medem esforços para conseguir uma brecha para aparecer. E quando isso acontece, é a glória!
Nesse mundo restrito ninguém fica doente. Doenças são escondidas a sete chaves. Se morre algum figurão, transformam-no logo em santo, pessoa caridosa que emprestará seu nome a logradouros, escolas ou vias públicas, tendo feito trabalhos em prol da comunidade ou não.
Se por ventura alguém some dos holofotes por algum tempo a gente até pensa: “por que será que fulano sumiu dos meios sociais?” Mas um dia ficamos sabendo por outras vias que seu negócio faliu, empobreceu, ficou doente e acabou perdendo todos os “amigos”.  Já colocaram outro em seu lugar, alguém que emergiu e está com a “bola toda”.
No mundo das patricinhas e dos mauricinhos, só se admite glamour e beleza, e não se amofine quem não nasceu com belos dotes naturais, sempre há o infalível “banho de loja” e a eficiência dos bisturis dos cirurgiões plásticos deixando todos lindos e perfeitos.
E como diria o carnavalesco Joãozinho Trinta, sobre o luxo que impera nas escolas de samba nascidas nos morros mais pobres do Rio de Janeiro: “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta mesmo é de luxo!”.

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