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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Trovas Caboclas

(Violeiro - quadro de Almeida Júnior)

Olivaldo Júnior
  
Sentadinho no barranco,
vendo a vida anoitecer,
o menino é verso branco
num soneto a se fazer.
 
Coração de caboclinha,
moça arisca do sertão,
serpenteia na rendinha
se lhe pedem sua mão.
 
Um caboclo, sem viola,
fica triste e pede arrego:
mete pinga na cachola,
vã gaiola, sem sossego.
 
Cana verde, cinza fria,
fogo aceso dos poemas;
eu me mato, ó Poesia,
pela mágoa dos dilemas.
 
Meu amor me desprezou,
me mandou seguir meu rumo;
triste, a dor me alucinou,
mas, amargo, eu nunca assumo.

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