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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Na hora do pôr do sol


Leda Coletti

           Paisagem e que paisagem inesquecível daquele pôr do sol, no forte de São Mateus em  Cabo Frio no estado do Rio de Janeiro!
Do alto, via as pedras maiores que circundavam a pequena praia à esquerda de onde nos encontrávamos, as quais de quando em quando eram banhadas por ondas fortes, formando espumantes cascatas, cujos sons chegavam até nós. Fiquei a observá-las e a pensar: “este abraço efusivo demonstrará alegria ao tentar experimentar algo diferente no meio terrestre, ou será um apelo de socorro para retornarem para distantes águas do mar?” Peço para me fotografarem nesse cenário tão deslumbrante. Nesse instante para minha surpresa  surge uma gata prenha miando tristemente ao meu lado.
      O vigia do local nos comunica delicadamente que o horário de visitas acabou. Dialoga com o outro funcionário que irá colocar a gata num saco plástico e a levará longe dali. Sinceramente temi pelo seu destino, pois não o achei compassivo pela situação. Concluo que a achou invasora do local público e que ele deve zelar pelo patrimônio público. E pensar que ela sem saber procurou abrigo para ter seus rebentos num forte e lhe negaram apoio!
Descendo pelo caminho das pedras, outra cena me faz parar e fotografar. É a de um pescador não longe das areias da praia, jogando a rede de pesca, tendo como espectadora a imponente e garbosa garça branca e mais distante uma gaivota, que de repente levantou voo e numa velocidade incrível desceu em linha reta e fisgou um pequeno peixe. Não satisfeita repete o mesmo ato para outra investida. “Como a luta pela sobrevivência é voraz”, reflito em silêncio.
Estamos agora em terreno firme perto da pequena prainha, onde os barcos de pescadores estão chegando, após mais um dia de trabalho. Um bando de gaivotas sobrevoa o local, e outras mais afoitas entram nas embarcações à procura de petiscos. As vozes dos pescadores se misturam ao grasnar dessas aves na tarde que já está findando.
Mais um giro até o mirante próximo para a despedida do mar que continua beijando as rochas e deixando vir até nós os ecos de seu hino relaxante. É hora de voltar ao hotel, situado nesta orla litorânea. Vamos deixando para trás o forte que neste momento está iluminado por holofotes. Andando pela areia macia vou imaginando como era a vida das pessoas que habitavam essa redondeza, quando ele foi construído. Não deixo de pensar na sua finalidade: a luta para salvaguardar homens, mas sobretudo  bens materiais, a eterna luta da humanidade.
            Mais uma vez tivemos a oportunidade de ficar com o melhor: apreciar as belezas infindáveis desse Brasil tão cheio de contrastes, sobretudo nesta tarde, apreciando o pôr do sol belíssimo na hora do Ângelus

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