Pedro Israel Novaes de Almeida
A escolarização corre contra o
tempo.
Adquirir conhecimentos, frequentando
escolas e nichos que valorizam a cultura humana, é importante para todos, mas
fundamental para crianças e adolescentes. Houve um tempo em que o ensino médio
era dividido em áreas distintas: Científico, Clássico, Normal e até Contador.
A opção era prematura, exigida antes
do aluno perceber sua real vocação, se voltada à área das ciências humanas ou
exatas. O ciclo genérico, que cuida ao mesmo tempo de todas as áreas, acabou
prevalecendo.
O ensino médio funciona como
passaporte a concursos e cursos superiores, e é, na maioria dos casos, não
profissionalizante. Ocorre que o tempo de escolarização costuma ser pequeno e
mal aproveitado.
Nossos alunos passam, em média,
menos de quatro horas por dia, na escola, aprendendo que uma prima de D. João
VI era namoradeira, e que existe, na Antuérpia, um rio chamado Sdruvs. Em
matemática e outras ciências exatas, somos tradicionais perdedores, em testes
internacionais de aprendizado, enquanto a língua pátria é diariamente
violentada.
Chegamos ao vestibular com reduzido
conhecimento, e só entra para o curso de História, Sociologia ou Direito o
aluno que conseguir acertar a questão pertinente à divisão de células. Por
outro lado, engenheiros natos e médicos vocacionados devem responder questões a
respeito da filosofia de Chutonaredê ou minúcias da Grécia antiga.
Não será com um tempo inferior a
quatro horas por dia, na escola, que nossos alunos conseguirão assimilar o
enorme conhecimento geral que necessitam. Outros povos, de maior cultura e
conhecimento, passam até o dobro do tempo na escola, e alguns acumulam cursos
profissionalizantes, ao mesmo tempo em que frequentam cursos genéricos.
As tão discursadas escolas em tempo
integral, necessárias mas ainda raras, tornam-se um martírio e são
desestimulantes, caso não possuam estruturas e ensinadores capazes de ocupar o
tempo de maneira construtiva e atraente. As escolas em tempo integral ainda são
raras até na rede particular de ensino. São poucos os alunos que presenciaram,
na escola, esclarecimentos a respeito de drogas e cidadania.
Em nosso dia-a-dia, a escola é vista
como um mal necessário e tempo de sacrifício diário, pela maioria dos alunos.
Ainda existem professores que lecionam conteúdos tipicamente partidários,
ensinando e desinformando ideologias as mais diversas.
No Brasil, o tempo na escola diminui
à medida em que o aluno vai passando da pré-escola à faculdade, invertendo a
lógica do aprendizado e especialização. O pouco tempo de estudos também é
realidade nos cursos superiores, a maioria de péssimo desempenho.
Um modelo eficiente de ensino
envolve gastos bem superiores aos atuais, e os governos parecem contentes e
satisfeitos com resultados pífios de aprendizado, como se a meta fosse
preencher estatísticas e não formar cidadãos. As próprias famílias pouco educam
no sentido de valorizar a escolarização, e as escolas não conseguem escolarizar
os que chegam deseducados.
Mas convém lembrar que somos o país
do samba, carnaval e futebol, e também da corrupção, ineficiência e maus
exemplos. Estudar só atrapalha !!!
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