Leda
Coletti
Paisagem e que paisagem inesquecível
daquele pôr do sol, no forte de São Mateus em Cabo Frio no estado do Rio de Janeiro!
Do
alto, via as pedras maiores que circundavam a pequena praia à esquerda de onde
nos encontrávamos, as quais de quando em quando eram banhadas por ondas fortes,
formando espumantes cascatas, cujos sons chegavam até nós. Fiquei a observá-las
e a pensar: “este abraço efusivo demonstrará alegria ao tentar experimentar
algo diferente no meio terrestre, ou será um apelo de socorro para retornarem
para distantes águas do mar?” Peço para me fotografarem nesse cenário tão
deslumbrante. Nesse instante para minha surpresa surge uma gata prenha miando tristemente ao
meu lado.
O vigia do local nos comunica delicadamente
que o horário de visitas acabou. Dialoga com o outro funcionário que irá
colocar a gata num saco plástico e a levará longe dali. Sinceramente temi pelo
seu destino, pois não o achei compassivo pela situação. Concluo que a achou invasora
do local público e que ele deve zelar pelo patrimônio público. E pensar que ela
sem saber procurou abrigo para ter seus rebentos num forte e lhe negaram apoio!
Descendo pelo caminho das pedras, outra
cena me faz parar e fotografar. É a de um pescador não longe das areias da
praia, jogando a rede de pesca, tendo como espectadora a imponente e garbosa
garça branca e mais distante uma gaivota, que de repente levantou voo e numa
velocidade incrível desceu em linha reta e fisgou um pequeno peixe. Não
satisfeita repete o mesmo ato para outra investida. “Como a luta pela
sobrevivência é voraz”, reflito em silêncio.
Estamos agora em terreno firme perto da
pequena prainha, onde os barcos de pescadores estão chegando, após mais um dia
de trabalho. Um bando de gaivotas sobrevoa o local, e outras mais afoitas
entram nas embarcações à procura de petiscos. As vozes dos pescadores se
misturam ao grasnar dessas aves na tarde que já está findando.
Mais um giro até o mirante próximo para
a despedida do mar que continua beijando as rochas e deixando vir até nós os
ecos de seu hino relaxante. É hora de voltar ao hotel, situado nesta orla
litorânea. Vamos deixando para trás o forte que neste momento está iluminado
por holofotes. Andando pela areia macia vou imaginando como era a vida das
pessoas que habitavam essa redondeza, quando ele foi construído. Não deixo de
pensar na sua finalidade: a luta para salvaguardar homens, mas sobretudo bens materiais, a eterna luta da humanidade.
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