Lídia Sendin
Nos bons
tempos de outrora, nas tardes tépidas e tranquilas, quando nossas avós
colocavam suas cadeiras nas calçadas e ficavam jogando conversa fora enquanto
olhavam as crianças brincarem na sossegada rua do bairro, o assunto predileto
sempre rondava o inusitado e o impossível.
Parecia que a
todos agradava supervalorizar boatos que jamais eram provados e nunca se
tornavam fatos. O certo é que essas rodas vespertinas foram responsáveis por
muitas lendas urbanas que ora compõem o imaginário popular.
Hoje, não
temos mais esses encontros, cada um zela por sua privacidade e sossego, porém
não ficamos menos boateiros que nossas avós. Se não temos rodinhas na calçada,
temos a internet, que é responsável por muitas lendas urbanas que vão ganhando
adeptos, adendos e nuances diferentes a cada e-mail repassado. E dos benefícios
da água oxigenada aos perigos do uso do cartão de crédito em postos de
gasolina, tudo se multiplica aos milhares e ganha facilmente do prosaico boca a
boca de outrora.
Do inofensivo “quem conta um conto aumenta um ponto”, que
virava folclore e era usado para ameaçar crianças desobedientes, ganhamos hoje,
junto com as lendas que entopem nossos e-mails, a real possibilidade de um
perigoso vírus virtual.
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