Maria Cecilia Graner Fessel
Na estação preguiçosa na chegança
Ainda
há brisa fria nas folhagens -
Craque-craqueando aos pés as folhas secas
Vamos andando em nossa marcha mansa.
Em festiva loucura, a Natureza,
Desatinada neste estranho inverno
Exibe flores vermelhas e amarelas
Mesclando ciclos do grande ciclo eterno.
E enquanto elas, já se crendo em primavera,
Abrem-se ao ar, despertando antes do sono,
Há jambolões avermelhando as trilhas,
E jatobás esfacelados pelo tombo
(Expondo entranhas verdes em suas quilhas)
Como se agora ainda fosse outono!
A Bandeira chacoalhada pela brisa
Cria no mastro metálicas batidas
E as borboletas bêbadas de néctar
Aos rituais do amor são atraídas.
No céu, três pára-quedas multicores
Brotam de nave em vôo solitário:
Dois bem-te-vis, no prédio centenário
Zombam, com trinados, dos motores...
Crianças puxam pipas de papel de seda
No redondo gramado ressequido.
Jovens e
idosos, em trilhas e veredas,
Caminham lento ou em passo decidido.
Em tudo a Vida provoca movimento,
É a Esperança a gerar continuidade.
A Primavera vê chegado seu momento,
Enquanto o tempo inaugura nova idade...
Maria Cecilia... estonteante descrição do cenário! A Primavera fica encantada com teu poema! Bjs.
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