Maria Cecilia Graner Fessel
Com o título de BRAVO BRASIL, a Orquestra de Metais
Lyra Tatuí, sob o comando do maestro e
também trompista Adalto Soares, nos ofereceu um espetáculo emocionante no
decorrer do III Festival Internacional de Música Erudita de Piracicaba.
No Teatro Municipal Dr.Losso Netto, às escuras e
totalmente tomado por uma platéia que misturava pessoas de todas as idades ,
autoridades e conhecedores da música erudita, jovens de calça jeans e senhoras
engalanadas, um som vibrante e metálico se fez ouvir às nossas costas. Eram os
acordes iniciais do tema “Assim Falou Zarathustra”,poema sinfônico de Richard
Strauss, usado como majestoso fundo musical no filme “2001-Uma odisséia no
espaço.”
Quando todas as cabeças se viraram na direção daquele
som arrepiante, depararam primeiro com os brilhos dourados dos instrumentos,
para só depois percebera fila ininterrupta de músicos, tocando seus trompetes, trompas,
baixotubas, bombardino,enquanto desciam lentamente pelos corredores do teatro,
em direção ao palco, onde já os esperavam os instrumentos de percussão.
O que se seguiu é quase indescritível. Porque os
componentes da orquestra não só tocavam, mas faziam evoluções no palco,
deslocando-se em fileiras, em duplas, em trios,cruzando-se harmoniosamente, ajoelhando-se e até
dançando, sem nunca perder o ritmo nem errar uma nota das melodias escolhidas a
dedo! Grupos entravam e saíam de cena,em coreografias elaboradas, ora
destacando um instrumento, ora outro, ora exibindo o virtuosismo dos
componentes mais velhos, ora mostrando o potencial artístico e a seriedade dos
componentes mais jovens, alguns quase crianças ainda!
As composições selecionadas para exibir todas essas
qualidades não podiam ser melhores.
Ouvimos acordes empolgantes do Hino Nacional
Brasileiro, uma delicadíssima interpretação do Choro Brasileirinho nos
xilofones, envolvemo-nos na alegria
ingênua do “Passo do Elefantinho”, nos emocionamos com trechos musicais de Cartola, de composições norteamericanas,
vimos/ouvimos maravilhosas demonstrações com os sons dos pandeiros, tambores,
tarolas, numa sequência ininterrupta por mais de uma hora.
Foi também uma descoberta ouvi-los produzir música
como nossos ancestrais indígenas, usando como instrumentos grandes e pequenas
conchas de moluscos, com seus sons cavos que ecoavam no teatro, reportando aos
mistérios de nossas florestas. Parabéns aos organizadores desse festival tão
eclético por nos oferecerem mais essa apresentação musical, rica, irrepreensível,
de alta qualidade , e genuinamente brasileira!
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