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segunda-feira, 26 de março de 2012
Os três nomes do gato (*)
Lázaro Barreto
Dar nome aos gatos não é tarefa fácil nem fútil. Muitas vezes quando digo que o gato deve ter TRÊS NOMES DIFERENTES, olham-me de novo, julgam-me biruta.
Mas assim é, por mais que estranhem e gozem. Primeiro o nome corrente, de uso da família, que pode ser Poetinha, Alípio ou Conceição.
Depois o escolhido de pessoas refinadas (extravagantes ou mesmo sóbrias), como Menelau, Polonaise ou Pixinguinha. Por último o mais íntimo e solitário, que ele mais necessita para manter o orgulho e esticar os bigodes, enrodilhar-se na cadeira ou pular o muro como num voo - e que pode ser Diadorim, Caracóia ou Ana Lívia Plurabelle, que nenhum outro gato deste mundo ostenta.
Mas além desses e acima de tudo e de todos, há um nome especial de sua preferência e esse ninguém sabe e nunca saberá.
É o nome que nenhuma pesquisa humana pode descobrir e que só o próprio gato sabe, mas que nunca dirá a ninguém.
Assim, quando vir um gato em profunda meditação, os olhos abertos e cegos, as unhas em inocente repouso, saiba que a razão é sempre a mesma: sua mente está ocupada na contemplação de seu misterioso e inescrutável e singular NOME.
(*) Paráfrase de Um Poema de T. S. Eliot).
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