O tênue fio que separa a crônica de um conto às vezes é quase imperceptível.
* Crônica é um gênero hibrido entre a Literatura e o Jornalismo.
* A crônica foca elementos do cotidiano.
*A palavra crônica vem do grego Khrónos que significa tempo.
*Não se faz crônica sem um fato.
* A crônica tem que ser clara, sem rebuscamentos.
*Crônica: Conversa fiada.
*Fragmentos do cotidiano.
* A crônica contribui para a formação de opiniões
*Crônica é um gênero literário informal e breve que focaliza acontecimentos cotidianos. Narrado na primeira pessoa, é uma visão dos fatos pelo cronista, um diálogo entre ele e o leitor, podendo ser histórica, humorística, poética, descritiva ou jornalística.
*A crônica pode entreter como pode estimular debates.
*Entende-se por crônica o texto literário que aborda assunto atualizado com opinião (comentário pessoal) do autor e normalmente não é fictício. Não é uma contação de história, mas um texto com requinte jornalístico. (segundo o cronista Vieira Filho Flávio Madalosso Vieira).
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
NOSTALGIA
Leda Coletti
Por que aparecem os dias
De profundas nostalgias?
Neles, as cores se apagam
Negritudes amedrontam.
Rajadas de vento forte
Parecem vir lá do norte,
Povoam a imaginação
Destroem o coração.
Diferente da alegria
Só trazem dor, apatia,
Inquietude nas ações
Desânimo e prostrações.
È preciso eliminá-las
Esforçar-se, evitá-las,
Senão o encanto da vida
Ruirá por terra vencida.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
CARNAVAL EM VENEZA
Ivana Maria França de Negri
Nos canais verde-azulados
de uma cidade encantada
lânguidas gôndolas deslizam
levando em seus bojos
misteriosos mascarados
e seus segredos aprisionados.
É carnaval,
e os sonhos flutuam
como as gôndolas
nas águas azuis-esverdeadas
Nada mais importa,
é carnaval em Veneza.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
MENINAS INQUIETAS
Carmen M.S.F.Pilotto
Não há rotinas avassaladoras
que as emudeçam
ou mesmo as tolham de ações
Seguem rabiscando ideias
revolvendo imbróglios
recortando universos
E a cada dia renovadas
em multifacetados ideais
apesar das lanhuras nos espíritos e nas faces
Nos caminhos dos exauridos
estão elas vigorosas
são braços e energia
trabalhos e sinestesia
propósitos e devaneio
Em todo atalho sinuoso
há uma posicionada:
mães complacentes
esposas companheiras
amigas afetuosas
profissionais dedicadas
irmãs complacentes
primas rememoradas
São como lindos e largos laços apertados
que afagam e fazem do elemento feminino
a alma que motiva a Vida!
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
BANHO DE MARGARINA
Luzia Stocco
-Ô maninha! Quantas vezes você já tomou banho de detergente? –Júlia pergunta à Lidia, que chegara da faculdade com o velho caderno, um livro de Hobsbawm, um de Morin, de Thoreau e “Os excluídos da história: mulheres, operários e prisioneiros”, de Michelle Perrot.
-Ué! Por quê? Não me diga que acabou o sabonete?!! Meu dinheiro tá curto e eu só recebo na 2ª feira...- colocou os materiais escolares no sofá da sala e foi se dirigindo ao seu quarto, onde a filha já dormia.
-Não é isso!- Atalhou sorrindo, Júlia. - Acontece que a sua filha, a minha sobrinha querida, precisou de um trato diferente hoje. Você acredita que enquanto eu dormia ela subiu na mesa e se lambuzou todinha com a margarina?
-Ô louco! Como foi acontecer isso? Coitada, Ju! Abriu a porta, abaixou-se à cama e beijou a face morena da menina, acarinhando com a mão direita seus cabelos escuros encaracolados, umedecidos pelo suor do verão. Ela adorava os cachos da filha e vivia fazendo permanente nos seus. Com a esquerda enxugava o suor que descia pelo pescocinho macio. Sustinha uma respiração leve e harmoniosa. Sentiu-se enormemente feliz em ver a sua garotinha segura e em paz.
-Eu não tive culpa! -Defendeu-se Júlia.
-Fale baixo!! Vai acordar a menina!!- Encostou a porta do quarto e foi para a cozinha jantar, como era de costume, às 23h30. –Se bem que eu gostaria de vê-la acordada!
– Ela acordou bem cedo, antes de mim, e foi fazer arte. -Júlia seguia Lídia e acomodou-se na cadeira da cozinha. -Se você visse a cara e o cabelo dela, é até engraçado. Tinha gordura nos braços, na roupa e até nos pezinhos.- ria com naturalidade.
-Ai meu Deus...! Não brinque!! –Disse Lídia.
-Aí eu a coloquei sob o chuveiro e o sabonete não dava conta de eliminar aquele ranço. Apelei para o detergente. Não sabia o que seria pior: ele ou sabão em pó. Mas deu certo e ela ficou limpinha, limpinha.
-Brilhando, você quer dizer! Ainda bem que não passou esponja de aço na menina. – Brincou Lídia. E ela não chorou?
-Que nada. Só ficou um pouco assustada com o meu susto, mas manteve-se quietinha enquanto tomava banho e até deu umas risadas.
-Chorou para sair, já sei. Quer comer feijão com farinha e ovo mexido? –Luzia ofereceu o prato à irmã. - É o que tem e eu gosto disso.
-Eu também, mas já comi, obrigada; olha, tem tomate na geladeira. -Enfatizou Júlia: - nem me fale!! Toda vez que tenho que tirá-la da banheira ou do chuveiro, ela chora. Resmunga para entrar e depois não quer sair. -Júlia foi se levantando para guardar os objetos da mesa.
-É assim mesmo. Já conversei com ela sobre isso, parece que entendeu. – disse enquanto mastigava vagarosamente o alimento.
-Mas não cumpre, Lidia! Apesar de que, eu não posso reclamar, até que ela se comporta bem, é um anjinho. Mas eu não dou moleza .
-Obrigada, Júlia! – Mas sabe que eu sonho ter um abajur para a cama dela!- Suspira Lidia. Ouviram um barulhinho. Olharam para trás e, na porta da cozinha a pequena Polyana coçava os olhinhos inchados de dormir, com as costas das mãos, carinha de sono, alguns cachos de cabelo despenteados. Foi até a mãe. Esta a abraçou colocando-a em seu colo. Despertou. Começou a contar como foi o dia na escolinha. Vixi!! acabou o sono!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
SACOLINHAS PLÁSTICAS
Ivana Maria França de Negri
Está causando muita polêmica a lei que entrou em vigor recentemente e obriga os supermercados a erradicarem as sacolas plásticas.
Bem antes dessa lei, há vários anos, eu já não utilizo sacolas plásticas. Sempre levo algumas no carro, outras dobráveis na bolsa, e tenho as de pano, que podem ser higienizadas na máquina de lavar roupas. O importante é substituir as plásticas por qualquer produto durável. Ninguém é obrigado a comprar sacola nenhuma. Mas todos temos a obrigação de zelar pelo meio ambiente e não desperdiçar como muitos faziam, colocando um item em cada sacola. Como era de graça, o consumidor fazia a farra, sem critérios.
Vejo pessoas indignadas, reclamando, gente que não deve estar preocupada com seus próprios filhos e netos, com o futuro deles e com o planeta degradado que deixarão de herança. Penso que desconhecem o fato de que o plástico demora centenas de anos para se decompor no meio ambiente. Será que não imaginam que as milhares de sacolinhas plásticas utilizadas sem critério geram toneladas de lixo poluente na natureza?
Na Europa existe uma exagerada preocupação com o lixo gerado pelas embalagens. Em muitas lojas, quem não leva sacola de casa também tem que pagar pelas que utilizar. Esse método de “mexer no bolso” funciona muito bem. Tudo o que se oferece de graça, gera desperdício. Estão reclamando porque teriam de pagar por sacolas, mas ninguém é obrigado a comprá-las, é só uma das opções que os supermercados oferecem.
Sacolinhas sempre foram péssimas para os lixeiros, pois é só enchê-las de lixo úmido que elas arrebentam e se desfazem e o conteúdo se espalha pelas ruas. Já os sacos de lixo pretos, geralmente feitos de material reciclado, são mais resistentes e tem capacidade de armazenar o lixo de vários dias. Diferente das sacolinhas de supermercados, que não podem ser de material reciclado porque acondicionam alimentos.
Se as empresas e governantes daqui estão “acordando” agora para o problema (antes tarde do que nunca) por que ser do contra? Estamos atrasados décadas, pois em outros países essa lei já existe faz tempo e todo mundo já se conscientizou. Qualquer atitude para minimizar problemas ambientais crônicos é bem vinda e louvável. Cada cliente tem que se virar para transportar suas compras levando as próprias sacolas reutilizáveis ou utilizando caixas de papelão, carrinhos de feira, cestas, o que sua imaginação inventar. Um supermercado de Piracicaba já aboliu sacolas faz tempo, e não entendi porque só agora, com a lei, o povo ficou revoltado.
É claro que existem muitas outras formas de poluição e embalagens plásticas que precisam ser reavaliadas e produzidas com material menos poluente. Mas é nossa obrigação apoiar toda iniciativa que vise menos lixo no planeta. Sempre dou de presente sacolinhas ecológicas. Quem quiser, pode comprá-las até de ONGs como a ViraLata ViraVida, ajudando animais e o meio ambiente ao mesmo tempo.
O plástico é um dos maiores vilões ambientais e das cerca de 100 milhões de toneladas produzidas, 10% acaba indo nos oceanos virando uma verdadeira sopa plástica que mata milhares de animais marinhos e aves.
Cada um tem que se esforçar e fazer a sua parte. Muito cuidado ao repassar campanhas da internet contra a erradicação das sacolas, orquestradas pelos fabricantes de sacolas e indústria do plástico. Procurem se informar antes de repassar qualquer mensagem.
A natureza e o planeta agradecem!
SACOLINHAS PLÁSTICAS SOS RIOS DO BRASIL
CANTINHO LITERÁRIO
AMAR A NATUREZA
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Piedade e Sacolas Plásticas
Em sua rota marinha,
atravessa oceanos,
Tartaruga confiante.
Porém os seres humanos
espalham sacolas plásticas,
qual caravelas fantásticas,
qual flutuantes enganos.
Ao chegar perto da praia
vê diferente medusa
bela antiga Tartaruga.
E, apesar de confusa,
ela engole a “água-viva”.
Pena que não sobreviva.
O plástico nos acusa.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
O CONFINAMENTO
Henrique Borlina de Oliveira
Bastou o pombo pousar no duto do ar condicionado para me descobrir um homem confinado.
Há muito programas de televisão mostram a vida de pessoas confinadas, sejam em ônibus, casas, apartamentos, fazendas ou prisões propriamente ditos.
Os programas pontuam extraordinária audiência injustificada pelo conteúdo apresentado. Justificada, entretanto, pela simbiose inerente a casa pessoa; sem desmerecer a curiosidade sobre a vida alheia, mas por se encontrar como igual confinado.
Sem participar de um reality show, estamos todos confinados. Confinados entre quatro paredes no décimo terceiro andar de um edifício, onde trabalhamos. Estamos confinados diante da tela do computador, sem ouvir a chuva ou sentir o vento escorrer pelo rosto. Somos confinados pela preocupação do dia a dia. Pela moeda instável, pela inflação dando o ar da graça, pela violência no lado de fora. Quando não, somos confinados dentro de nossos carros em meio à balbúrdia de um trânsito caótico.
Estamos presos, isolados pelo conhecimento de massa, enlatado, que a cada segundo nos é empurrado goela abaixo, sem tempo para digeri-lo ou degustá-lo. Não temos tempo de formar opinião própria e somos atropelados por outra informação que sobrepõe àquela; que por sua vez será contestada por outra em seguida.
Não concorremos a qualquer prêmio milionário. Nem temos nossa figura exposta em tudo quanto é meio de comunicação. Nem chamamos atenção em nosso humilde confinamento.
O pombo arrulhou atrás do ar condicionado. De repente lembrei-me da vida lá fora. Não contive o desejo de descer os treze andares que me afastavam do chão. Passei pela portaria às pressas. Ganhei a rua. Vi os pássaros brincando solitários nos bancos vazios de um jardim próximo ao prédio. O vento forte despenteou-me. Senti intensa felicidade ao ver as flores do ipê despregando de seus galhos. Uma chuva de flores na tarde abandonada. O sol reanimou minha pele fúnebre de escritório.
Na vida, quem é expulso do confinamento é quem vence.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
GRANDES SAUDADES
Eloah Margoni
Dentre tantas saudades que se pode ter e que, efetivamente se tem, quero falar de minha nostalgia do clima de antes. Bem mais inteligível e razoável era este. Saudades do tempo que fazia no passado, o qual, todos sabemos, era diferente, pero mucho, mucho mismo!
Começa comigo criança, em Piracicaba, encolhida no chão, numa nesga de sol da manhã, enquanto minha mãe varria a frente da casa e o jardim. Era inverno... mas creio que nem comece assim. É que também chovia manso durante dias seguidos no verão, por essas bandas. A chuva fazia um barulho familiar batendo na calha do telhado, caindo persistentemente; também cantava na parreira de uva. Eventualmente uma tempestade de verão, mas nada parecido com o que hoje se vê, chuvas cheias de fúria. E havia a tal parreira já mencionada, onde vivia eu. Tinha répteis, rãs pequenas e um número expressivo de lagartixas rodeando as luzes das varandas das casas de quase toda a gente.
A temperatura mudava devagar. Estações se sucediam, lógicas, confiáveis, não variando demais no geral. Grandes dias de calor no verão, mas a camada de ozônio ainda existia entre o céu e a Terra. Isso faz diferença! Ela nos trazia proteção e conforto. A memória de minha pele, de meus ossos o atestam. Tais memórias gritam até, meio rebeladas, inutilmente revoltosas.
Nunca se ouvia falar de variações absurdas de temperatura, como agora virou rotina. Em dois dias, em qualquer “estação”, de vinte e cinco, vinte e seis graus. É quase outubro e as noites são meio geladas.
Em Campos dos Goytacazes então, onde morei por mais de dez anos, não fazia frio. No inverno, ao entardecer, um ventinho mais fresco nos avisava da época do ano. Mas agora lá faz frio. O resto já o sabem. Secas, frio demasiado, chuvas de levar tudo, calores terríveis. As gerações mais novas nunca entenderão que antes não era assim. Mas alguns de nós o sabemos. Dá-nos imensas saudades desta “docilidade” climática (por assim dizer), que saboreamos um dia e que se foi para sempre, ou pelo menos, por um muitíssimo longo período de tempo. Tão cedo, não a teremos mais.