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sábado, 31 de dezembro de 2011

31 de Dezembro


31 de dezembro
Eunice Arruda

De repente o céu
explode em fogos
luzes relâmpagos
Champanhes
espumas
taças
comprimindo os lábios
Ardente
o céu explode
de repente
sacode
a terra é lenta
gira redonda trêmula
me abrigo em casas
fortalezas
em parentes me equilibro em
redundâncias
Ergo a taça. 


1-
Existimos
então
ou
fomos já ceifados de alguma colheita

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Textos e Poesias para o Ano Novo - autores diversos




MINICRÔNICA DE ANO NOVO
Ivana Maria França de Negri

Não gosto desse marasmo que se segue às festas de final de ano. As ruas ficam desertas, o comércio cerra suas portas, tudo quieto demais.
Onde foram parar todas aquelas pessoas em ritmo alucinado? Creio que devem estar descansando em alguma das praias deste imenso Brasil.
Sinto falta da agitação, da busca frenética pelos presentes, das festas, formaturas e confraternizações. Mas esta calmaria é propícia para a introspecção.
É preciso dar-se um tempo, esvaziar-se, fazer uma faxina interior e jogar fora o que não presta. E abrir o coração e a alma para o novo ano, página em branco para ser escrita. É tempo de renovar, de reavivar esperanças, de recomeçar...



RECEITA DE ANO NOVO
Carmem M.S.F.Pilotto

Lave bem as mãos e a alma
Beije com carinho os entes queridos
(recorde-se com ternura dos que já se foram...)
Vista um sorriso bem aberto
Deixe as amarguras no passado
Respire fundo e comece com o pé direito 2012.



ANO NOVO
Elda Nympha Cobra Silveira

Os fogos de artifício
explodem nos negros  céus
traduzindo a alegria do povo.
É o ribombar da catarse,
da esperança de algo bom
que abra os corações,
traduzindo novos anseios
que possam nos fazer 
esquecer o que passou.

Junto a esse rojão
quero chegar mais perto de Deus
e dizer-lhe que olhe
por todos os filhos seus.

TUDO PASSOU
Benedito Daniel Valim

Tudo passou, como passa o vento,
varrendo palavras e sentimentos.
Nada mais se encontra,
nada mais se vê adiante,
os passos do tempo
foram desfeitos num instante.
Os sonhos de amor foram destruídos,
Amizade e carinho, está tudo perdido!
nada mais para se almejar,
todas coisas foram com o vento,
lançadas ao fundo do mar.

OS VÃOS DA VIDA
Ludovico da Silva

Nas manhãs de sol, saio a perambular pelas ruas da cidade, à procura de amigos, para bate-papos e preencher o vazio ocioso que a vida reserva às pessoas, após tantos anos na lida diária.
Nem sempre esse encontro acontece com a vontade que tenho e com a satisfação que quero. É que o tempo é um padrasto incompreensível. Leva os amigos para bem longe, que ficam no esquecimento ou na saudade.
Procuro nos jardins, nas esquinas, em cada pessoa à minha frente, na calçada do outro lado da rua, nos esbarrões acidentais, na voz que ouço, um rosto conhecido.
Sei que não é fácil.
Os invernos da vida entristecem olhares e sulcam as faces. Mas procuro alguém. Olho pelos lados. Canso-me. Tudo em vão. Os amigos sempre vão.


PROFECIA
Marisa Bueloni

Uma noite destas
será Natal

Uma noite destas
será fatal

Para mim, para você
para os que sonham

Para os construtores
da aurora
para os autores
da luz

Uma noite destas
pode ser a hora
pode ser agora
me dê a sua mão

Numa noite destas
haverá festas
sem fim

Faço parte da cena
a mais bela que já vi

Eu estive nela
e nunca mais saí

PARA O ANO NOVO
Lídia Sendin

Quero o vai e vem das marés:
Altos e baixos, côncavo e convexo,
Nada linear, nada com nexo.

Mais planícies cheias de montanhas:
Rios no meio do deserto,
Nuvens escuras, tempo incerto.

Dentro do silêncio, um ribombar fugaz:
O susto de um trovão,
O ritmo acelerado do coração.

Nada de “plácido repouso”:
“Brancas nuvens”, nunca mais,
só passar por aqui, sem viver, jamais!

ANO NOVO, VIDA NOVA
Fernando Scopin

Está tudo planejado,
Só falta executar,
É só perder uns quilinhos,
Melhorar o orçamento
Esperar os bons momentos,
Que o ano vai nos dar.
Vamos jogar na mega-sena,
Ver onde vamos gastar,
Esperar o resultado,
Mas se não formos contemplados,
Tornamos de novo jogar.

AMIGOS ANJOS
Analuza Teixeira

Diz a lenda, que os anjos, cansados da calmaria que era o céu, resolveram cortar suas asinhas e descerem na terra... caíram em lugares diferentes e se misturaram aos humanos... quem encontra um anjo, fisicamente não vê diferença...mas basta conviver com ele e aí irá perceber que os anjos são encantados, conseguem ver aquilo que não está visível...e têm a capacidade linda de estar aonde o humano, não tem sensibilidade para estar.

CRIANCICES
Otacílio César Monteiro

Chuva branquinha,
Chuva molhada.
Cai de pezinho,
Corre deitada...

Que a criancice nunca se desgrude de nós, para o bem da fantasia, da poesia e das coisas que não têm nome. Feliz 2012!

PARA UM NOVO ANO
Andrea Raquel Martins Corrêa

Nada de lição de moral, nem torturas mentais ou conselhos à moda auto-ajuda.
Não.
É tempo de relaxar e quem sabe refletir, sentir algo que possa tocar.

Cada qual com suas dores, angústias e alegrias.
Cada qual com seus desejos, alguns realizáveis e outros nem tanto.

Pudéssemos todos nos compreender melhor uns aos outros,
Nos olhar nos olhos uns dos outros,
Nos abraçar com ternura ou nos afastar com carinho, quando necessário.

Talvez ainda possamos, afinal estamos aqui,
juntos e solitários ao mesmo tempo,
tristes e felizes, estranhos e perversos.

Assim é um pouco de nós - ou não??
Para começar de novo, para sonhar mais uma vez um novo ano...
E nele viver tão somente o que for possível!

RÉVEILLON                                            
(alexandrino)
André Bueno Oliveira
            
            De novo, um Ano Novo alegre se aproxima,
            propondo-se a trazer mudanças e mudanças.
            Os povos a brindar repletos de esperanças,
            despedem o Ano Velho exausto que termina.

            Momentos de prazer, de risos e festanças,
            com votos de saúde e paz e boa sina.
            Que Deus - eterna Vida- olhando lá de cima,
            nos dê seu grande Amor e muitas Temperanças!

            Segundo o meu pensar e vã filosofia,
            um Ano muda, sim, mas muda dia a dia,
            nas horas a tecer minutos e segundos!

            Portanto, assim pensando, afirmo:  bom seria,
            a gente festejar com férvida alegria,
            as tardes que se vão, nos dias moribundos!



Atrás das esperanças
Ésio Antonio Pezzato

Atrás das esperanças, tolos, vamos,
Na mais insana e colossal corrida.
Nos ferem dos caminhos rudes ramos,
Perdemos neste sonho a própria vida.

As esperanças fulgem em recamos,
Parecendo uma estrela colorida.
Mas nessa busca apenas encontramos
A ilusão que nos deixa a alma ferida.

Os nossos passos fortes vão adiante,
O sonho doido torna-se constante,
Pensamos ser um marinheiro audaz,

Mas ao final de tanta insana busca,
Por traz dos olhos uma luz chamusca:
– À frente vemos a esperança atrás.


Bom Principio de Ano Novo
Esther Vacchi Passos

Essa frase “bom princípio de ano novo” me traz lindas e emocionantes recordações. Como se fosse ontem, me senti uma criança levantando bem cedinho no 1° dia do ano para pedir “bom principio de ano novo!” para todos os meus vizinhos e conhecidos do bairro.
Quem acordasse mais cedo e fosse mais rápido percorrendo casa por casa, tinha mais oportunidade de ganhar moedas, balas ou doces e não receber um não. A ansiedade era tanta que íamos dormir mais cedo para acordar bem cedinho e dispostos para enfrentar uma boa caminhada, que chegava a quase 10 km, com chuva ou com sol.
Como tínhamos muitos amiguinhos e primos praticamente na mesma rua, combinávamos um ponto de encontro e saíamos todos juntos. Cada um com sua sacolinha de pano ou de plástico. A criançada gritava tão alto que não tinha como as pessoas não acordarem, mas infelizmente algumas famílias não levantavam para oferecer nada, nem mesmo um bom dia. Mas isso não desanimava a gente, aliás, dava mais força ainda para prosseguirmos na caminhada para ganhar mais moedas.
Após a longa caminhada, exaustos mas felizes, sentávamos sob o pé de manga para contar as moedas. Era uma disputa para ver quem ganhou mais.
O nosso sonho era ganhar um dinheirinho para ir ao cinema, comprar doces, balas, brinquedos, pipoca e refrigerantes. O dinheiro durava muito tempo. Era como se quiséssemos perpetuar o dia tão gostoso e gratificante que foi no dia 1° do ano. Um dia diferente e feliz que valia para todo o ano.
Algumas famílias ainda preservam essa tradição. Nossos primos e filhos ainda pedem “bom principio de ano novo” para família e conhecidos... mas a inocência e a simplicidade em receber apenas moedas ou balas ficaram apenas na minha recordação.



ANO NOVO (nanoconto)
Ana Marly de OLiveira Jacobino

Banca de cereal em feira livre. Lentilhas! Sorte! Muita sorte! Escurece! Chuva! São Paulo, alagada!? Enxurrada! O saco de lentilhas vai para o esgoto! Azar!Salve 2012!


ANO NOVO
Ivana Altafin

   Um 2012
Diferente feito
Pela gente.
As mudanças
Dentro de nós
Vamos
Encontrar!
Mudanças
Geram
Desconforto
Mas com elas
Gente
Grande 
Vamos
Ser!
Um 2012 
Diferente
É o que queremos.
Paz:
No espírito
Nos povos
No mundo!
Amigos
Conquistas,
Sucesso e
Alegrias também
Queremos!
Felicidade:
Para a família
Para os amigos
Também desejamos!
Um 2012 diferente
Queremos para
Esse mundo
Carente de
Amor
Justiça
Fraternidade e
Solidariedade!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

VIRADA DE ANO*


Ludovico da Silva

O último dia do ano enseja a possibilidade das mais variadas comemorações. As pessoas encontram motivos para confraternização, para um abraço amigo. Afinal surge a expectativa de dias sempre melhores em relação aos considerados do passado. É sempre assim. Um ano se despede e outro surge carregado de desejos e de esperanças para todos. Os adultos trocam cumprimentos em uma manifestação de alegria, enquanto lá fora espocam rojões e a cidade se cobre de fogos de artifícios coloridos.
No raiar do primeiro dia do novo ano é chegada a hora da criançada fazer a festa a seu modo, com aquele gesto carinhoso de cumprimentar. Isso me faz voltar a um tempo em que como criança, os adultos jamais se esquecem. Não se via a hora do amanhecer do dia para aquela saída em visita aos familiares mais íntimos para os cumprimentos, como é de praxe e faz parte de todos os parentes que se prezam. Com licença das mães, os garotos se dirigiam de casa em casa de avós e tios para desejar bom princípio de Ano Novo. Só que as intenções não eram baseadas apenas no desejo e os parentes bem o sabiam. O que queriam mesmo era transformar aqueles espertos votos numa forma de pedir, isto é, querer algo em troca, que lhes proporcionasse a alegria de faturar uma grana, ganhar umas moedas para tomar um sorvete, mesmo que fosse de palito, água e gelo e uma amostra de limão, para solver com o maior gosto e prazer possíveis.
Essa era a intenção dos garotos. Acontece que nem sempre a correspondência dos pedidos era revertida em moedinhas. Às vezes, o que se ganhava era um saquinho de balas de sabores diferentes, um bombom já meio derretendo pelo calor excessivo, um brinquedo qualquer, enfim, presentes que não agradavam e até aborreciam para quem pensava em coisa melhor para um dia tão importante da vida.
Garotos havia que não se bastavam procurar os parentes mais próximos e se aventuravam em excursões a vizinhos e mesmo desconhecidos sem qualquer ligação de parentesco. Saíam em bloco, batiam palmas às portas das casas, na esperança de ganhar alguns trocados. Uma situação embaraçosa para quem era procurado, que acabava por dar uma quinquinharia ou nada. Ou agradeciam e viravam as costas. Alguns afastavam as cortinas, olhavam pelas frestas e se recolhiam. Outros, então, desligavam as campainhas para não ser incomodados.
Feitas as visitas, que duravam desde a manhã até ali pelas dez horas, era chegado o momento de fazer um levantamento da féria, a contagem das moedas e cédulas, estas últimas chamadas “manolitas”, desgastadas, de menor valor, recebidas dos menos ou mais abastados, saber qual felizardo tinha embolsado mais. Era a hora, também, de crítica, não se perdoando o“munheca”, o “pão duro”, o “mão de vaca” e por aí vai, principalmente por parte dos menos aquinhoados na soma geral da grana recebida. Claro, não faltavam as bênçãos aos avós que não mediam esforços para agradar os netos, como recompensa àquela visita tão agradável logo de manhãzinha no primeiro dia do novo ano.
A virada de ano é sempre assim. Registram-se cumprimentos e se deseja boa sorte a todos. E a vida continua para quem tem a felicidade de compartilhar dessas manifestações de carinho, na saudação de uma nova etapa que se inicia.

*crônica publicada no Jornal de Piracicaba em 28-12-2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Projeto AMANTES DA LITERATURA 2011



Num verdadeiro mutirão de solidariedade, amigas escritoras doaram seu tempo para escrever mensagens natalinas em cartões, entre os dias 20 e 22 de dezembro, alegrando as pessoas impossibilitadas de o fazerem por motivos vários: analfabetismo, falha de visão ou nas articulações das mãos.
Poetisa Silvia Oliveira escrevendo mensagens


A escritora Leda Coletti, idealizadora do projeto
Escritoras Ana Marly Jacobino e Raquel Delvaje dando sua contribuição
Luzia Stocco, Silvia de Oliveira, Leda Coletti e Aracy Duarte Ferrari comungando da mesma alegria de escrever as mensagens natalinas
(fotos Leda Coletti e Ana Marly Jacobino)

Letras e Rimas - última edição

Natal é tempo de Paz, Amor, Alegria, Fraternidade, Comunhão, Solidariedade, e todos esses sentimentos afloram nesta época do ano inspirando poesias e textos natalinos.
Esta é a última edição da Letras & Rimas virtual. A Poesia não estará mais visível nem nas páginas do JP e nem na versão digital, mas continuará sempre presente nos corações, pois Poesia é algo da alma, e por isso, eterna.
A todos os amantes da Poesia, um Feliz Natal!!!

AOS POETAS E POETISAS
Lino Vitti

Como Príncipe dos Poetas Piracicabanos devo uma satisfação aos meus prezadíssimos súditos: dizer algumas palavras à chegada de Natal e do Novo Ano que estão aí, algo que nunca fiz e que é dever de todo o “Príncipe”. Assim, se a responsável por esta página brilhante, me ceder duas linhas de espaço, quero deixar, ao lado de um Felicíssimo Natal a todos os que ilustraram esta inimitável e importante coluna de arte e cultura, meus agradecimentos e cumprimentos cordiais a todos os meus generosos “súditos” , amigos desta feliz caminhada pelas paragens dos sonhos e da poesia. À Ivana um Deus lhe Pague de coração e ao Jornal de Piracicaba, a que dediquei e colaborei a minha vida inteira, também o “obrigadíssimo”.

ORAÇÃO DE NATAL
Eunice Zem Verdi

Senhor! Meu Mestre!
És a fonte de todo amor,
Incondicional, universal!
Vieste para nos ensinar,
para isso foste o exemplo:
da humildade, caridade,
compaixão, solidariedade!

Não sei se aprendi,
Mas estou aqui, Senhor!
Em busca dessa paz!
Do brilho que emana de Ti
Faze de mim, meu mestre!
Um discípulo, um seguidor!
Um aprendiz do Teu amor
Teu infinito amor!

Senhor! Meu guia!
Sinto a tua presença
Onde quer que eu vá,
Sempre estás ao meu lado,
Apontando-me o caminho,
Norteando meus passos,
Fortalecendo-me a fé.
Contigo caminharei!
Tua força me levará!


CONTO DE NATAL
Lídia Sendin

Quando as doze badaladas
Soam lá no campanário
É tempo de bem louvar.
O que fez o novo dia
Pra ser tão especial?
É uma história tão antiga,
Mas eu posso lhe contar:

É um conto de Natal.
Lembra o simples nascimento
De um menino em Belém.
Ele era diferente;
Era rico sem vintém.
Ele amava toda gente
Mesmo quem não tinha amor.
Era pobre e repartia
Para o servo e pro senhor.
Diferença não fazia,
Cada um era especial,
Estar com Ele todo dia
Era dia de Natal.
Enquanto Ele crescia
Em estatura e em graça,
Ganhava sabedoria.

E ainda hoje onde passa,
Espalhando sua luz,
Há esperança e alegria,
Pra quem encontra Jesus!


E SEMPRE HAVERÁ NATAL...
Ivana Maria França de Negri

Enquanto houver esperança,
sempre haverá Natal
Enquanto nascer uma criança,
sempre haverá Natal
Daqui a mil anos
e ainda que passem dez mil
Enquanto existir fé e poesia,
infância, amor e fantasia,
sempre haverá Natal!

NATAL
Sonia Amaral

Mais um ano se passou
Novamente chega o Natal.
Será que conseguimos
Mostrar o nosso ideal?

Amor, fraternidade, simpatia
Paz, esperança e caridade
Tudo que nos irradia
Pra viver em comunidade.

Refletindo o nascimento
De Jesus o bom Menino
Vamos espalhar o bem
E ter só felicidade!

ÁRVORE DE NATAL
Esther Vacchi Passos

A árvore de natal nos faz lembrar de belas e saudosas recordações.
Como o nascimento do menino Jesus, o colorido e o brilho das bolas de natal,
que nos deixa fascinados e inspirados em cada cor, trazendo um sentimento diferente.
Na bola vermelha, o amor que temos pela família e amigos.
Na amarela, a sensibilidade e a ternura das pessoas com quem convivemos.
Na azul, a paz e harmonia vindas do infinito.
Na prata, a tranquilidade e transparência das emoções.
Na dourada, o tesouro que representa a vida.
No verde, a esperança da felicidade sem violência e mais fraternidade.
Que a árvore de natal não seja apenas mais uma a ser montada, mas que nos faça refletir o real sentido do natal e o seu significado.
Que o badalar dos sinos toque seu coração para a reflexão e o perdão.


NOITE MAIOR
Leda Coletti










Natal dos tempos de Jesus,
Natal dos nossos dias!
Ambos têm esplendor,
Mas também terror.
Há os homens de Boa Vontade,
Porém há os que têm só maldade.
Enquanto uns promovem o irmão,
Muitos lhe negam fatia de pão.
A Noite que prega o Amor
Deveria ser sempre Noite Maior,
Aquela que antecede
Um amanhã, que concede
Lar para a criança abandonada
Afeto à pessoa rejeitada.
O Natal diário da existência
Só acontecerá, se na vivência
O Homem se transformar
e melhor se tornar,
fazendo a Paz reinar.
Aleluia, nasceu o Deus-Menino!
De nossa vida, façamos um hino de amor!


NATAL
Esio Antonio Pezzato

Na pobre, pequenina e humilde estrebaria,
O pequeno Jesus abre os olhos à vida.
O orvalho vai tecendo a longa noite fria,
Uma estrela no céu brilha forte e abrasida.

Serva humilde de Deus, a celestial Maria
Ao pequeno oferece uma terna acolhida.
Oferece-lhe o seio onde o leite em sangria
É sugado com força em maternal jazida.

José busca encontrar achas para a fogueira.
Vendo um brilho da luz vão chegando pastores
Pois sentem n´alma abluir estranhos escarcéus.

Nas chamas se aquecendo está a Família inteira.
E assim nessa pobreza é que brilha em fulgores
Os olhos de quem é Senhor da luz dos céus.


NATAL MODERNO 2011
Ana Marly de Oliveira Jacobino

Tudo ali era tão brilhante
Luzes, câmera, e... Ação!
Um vaga-lume cintilante
Faz a vez da constelação.

Blim!Blom! Bate um sino...

Lojas vestidas de cores
A espera de todo o povo
Cobram todos os valores
Do bem velhinho ao novo!

Blim!Blom! Deus menino...

Socorra-nos meu bem maior
Livrai-nos desta escravidão
Você: ó grande pacificador...
Neste tempo de escuridão!

Blim!Blom! Senhor divino...

Tira de todas as esquinas
Vestidas pela globalização
Estes meninos e as meninas
Vendidos pela prostituição!

Blim!Blom! Deus peregrino...


NATAL
Cassio Camilo Almeida de Negri

O bebê deitado na manjedoura com sua mãe, seu pai, o boi, o burrinho e os Reis Magos ao seu lado, como a velar e a torcer para que aquele Menino pudesse mudar o mundo...


NATAL
Patricia Neme

Cada Natal, meu coração aperta...
Lembro da mãe... E me perco em saudade.
Mulher guerreira, de alma plena, aberta
para guardar, em si, a humanidade.

Vida sofrida, de ventura incerta,
vida de entrega, de amor e humildade.
De Deus não teve a graça que liberta
e padeceu, sem dó e sem piedade.

Mas contemplava os céus com olhar terno...
Como a dizer àqu'Ele que é eterno,
que Lhe ofertava todo o seu perdão.

Que lhe era grata por cada momento,
mesmo profundo fosse o sofrimento...
Ela O acolhia no seu coração.

Feliz Natal, Mãe!


ACONCHEGO COM JESUS
Elda Nympha Cobra Silveira

Jesus-Menino entra de mansinho
E...a sala se ilumina,
Contrastando com toda negritude
A lâmpada apagada, pendente balança
Com a lufada do vento e
O vazio se desvanece.

Alguém soluça na quietude.
Sem amor, sem calor humano,
Só ha. abandono e desengano!
Não lhe resta mais nada...

Uma mão lhe toca o ombro tão cansado,
E ele não se sente mais abandonado.
Jesus-Menino diz-lhe:
Estou tão só...
Vem, vem brincar comigo

SONETO DE NATAL
André Bueno Oliveira

Raríssimo perfume do Sudeste:
- alecrim debandando o matagal.
Cigarras em corais... que canto é este?
- Cantiga mais antiga de Natal!

Campina a se enfeitar de flor agreste,
nascida sem pecado original.
Que céu é este céu azul-celeste?
- É céu de Sol-Verão! Céu de Natal!

Vitrines-luzes-vivas coloridas,
barzinhos agitando as avenidas
fulgentes, a brilhar num mar de luz.

Brindemos o Natal todas as raças!
Ergamos, efusivos, nossas taças,
saudando o nascimento de Jesus!


NATAL
Richard Mathenhauer

Na manjedoura natalina
Coloridamente exposta na vitrine,
Repousa a imagem
Do Menino-Jesus.
Pobrezinho nasceu no Shopping-Center.
As crianças e o que lhes restou ingênuo
Ainda crêem no presépio.
Há os velhos, o avesso da criança,
Que se benzem
E crêem que ali está o próprio deus
(em gesso e fitas).
A grande árvore capitalina
Acende e apaga suas luzes
Enquanto Noel hou-hou-houa a ilusão
De que se pode tudo ganhar.
Basta desejar.
Na manjedoura do vitrine
Nas casas cristãs
Papai Noel é aguardado
Com seu saco carregado
Do que se vê na televisão.
Mas o Coração, que vai dentro
Da criança, do velho, de todos mais,
Continua vazio, porque o Menino Jesus
- não da vitrine -
Não foi convidado a entrar.

RECEITA DE ANO NOVO
Carmem M.S.F.Pilotto

Lave bem as mãos e a alma
Beije com carinho os entes queridos
(recorde-se com ternura dos que já se foram...)
Vista um sorriso bem aberto
Deixe as amarguras no passado
Respire fundo e comece com o pé direito 2012.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal, tempo de Magia e Saudade...

Eu criança e minha tia querida...

Ivana Maria França de Negri

Natal tem que ser mágico, não importa se somos adultos ou crianças. E quem me ensinou a olhar o Natal com olhos de encantamento foi uma tia muito querida, tia Vivica, uma das irmãs mais velhas de minha mãe.
Tia Vica, tal como Peter Pan, era uma adulta com alma de criança. A alegria e a capacidade de se encantar com tudo que a vida tinha de bom era algo inato nela. Extasiava-se com tudo e passava uma borracha nas coisas ruins e logo as esquecia. Só não gostava de seu verdadeiro nome, Genoefa, e sempre que podia, assinava Vivica. Foi dela que herdei o gosto de enfeitar a casa toda muito antes do Natal.
Até os dez anos ela pensava chamar-se Genoveva, por isso o apelido, “Genovevica”, mais tarde abreviado para Vivica. Quando precisou da certidão de nascimento para o diploma do quarto ano primário é que descobriu que seu nome havia sido registrado com grafia diferente. Contava que ficou muito chateada e demorou a acostumar-se. Acabou aceitando, mas gostava mesmo do “Vivica”, apelido com o qual ficou conhecida e a acompanhou até os últimos dias de sua vida.
Perdi minha avó materna aos cinco anos, mas tia Vivica supriu essa lacuna, pois nos mimava, a mim e a meus irmãos, e fazia parte de todas os momentos de nossa vida, aniversários, formaturas, casamentos e nascimentos dos sobrinhos-netos.
Cerca de um mês antes do Natal, ela já enfeitava a casa inteirinha e chamava o eletricista para instalar lâmpadas coloridas nas árvores do jardim e na sacada. Era uma festa para nós, seus sobrinhos, que ela amava como filhos que nunca teve.
Tia Vivica foi casada por onze anos com seu primeiro e único amor. Enviuvou cedo, aos 41 anos. Teve vários pretendentes, mas jamais quis se casar novamente. E meus pais vieram de Campinas fazer-lhe companhia. Sorte nossa que a tivemos como segunda mãe por muitos anos.
Como minha mãe não dirigia, tia Vivica acordava bem cedo, nos servia o café da manhã e nos levava de carro ao colégio. Até nos fazia engolir uma gema de ovo quente na colher, coisa que detestávamos, mas ela dizia que era bom, fortificava, pois eram ovos de gema bem vermelha, comprados de uma vizinha que criava galinhas soltas no quintal.
Todo ano, na véspera de Natal, minha tia contratava um Papai Noel. Ouvir o tilintar do sininho ao longe, antes dele chegar ao portão, nos deixava eufóricos!
E eu notava que ela dava, às escondidas, depois da distribuição dos presentes, um panetone e dinheiro ao bom velhinho. Na época eu não entendia porque Papai Noel tinha que ganhar coisas, pois não era ele o incumbido de trazer os presentes? Mais tarde descobri que o pobre homem fazia aquele bico para ganhar uns trocados e era o jardineiro de uma vizinha.
O presépio era uma festa à parte. Todo ano ganhava peças novas compradas na Livraria Católica. E a cada ano, ficava maior e mais interessante. Além das peças tradicionais como bois, carneirinhos e camelos, tinha elefante, leão, peru, um laguinho de papel laminado onde colocávamos peixinhos coloridos, tartarugas, patos, sapos, tinha de tudo! E não podia faltar o papel-pedra amassado que dava forma à gruta onde se aninhava o Menino Jesus velado por seus genitores.
Tia Vivica se foi antes de minha mãe. E os Natais nunca mais foram os mesmos sem sua alegria espontânea e contagiante, mas ela deixou a lição de que todas as coisas podem ser maravilhosas dependendo da importância que damos a elas. E nos fez conhecer o sabor da saudade, que sempre brota quando lembramos das pessoas queridas que fizeram parte de nossa vida e já não se encontram mais entre nós.

Texto publicado na GAZETA de Piracicaba em 25/12/2011