Carolina Ramos
Dói no ouvido, não?! Mas, não é para estranhar, pois é justamente isso que nos querem empurrar garganta abaixo! E só há duas opções , aceitar e engolir, ou não aceitar e estrilar. É o que faço, dentro de minha insignificância insatisfeita.
O artigo no plural já define a pluralidade - logo, o S da palavra seguinte é perfeitamente dispensável! Esta é a justificativa! Será que entendi errado?! Acho que não. Outros ouvidos mais apurados ouviram o mesmo que eu ouvi e seus fígados tiveram a mesmíssima reação do meu! Não, o do MEC! O Ministério da Educação aprovou! Sim, aprovou dando passagem livre a essa discrepância, que fere fundo a nossa sensibilidade!
E saber que existem tantos assuntos importantes a serem discutidos, a serem resolvidos e que tão poucos se importam com eles! Assuntos eleitoreiros, de brasas sopradas tão somente pelo bafo dos interesses e que, depois, são cobertas, novamente, pela inexpressiva cumplicidade das cinzas! Eis ciclo oportunista, que se repetirá, ao infinito, enquanto a humanidade existir!
Que pena, meu Brasil! Que pena que isto aconteça por aqui! Pena que ambicionem a riqueza do teu solo! Pena que a exuberância da tua natureza seja cobiçada e que o teu futuro seja comprometido pela ação corrupta! Sempre acomodados e permissivos, tudo isto é o que temos aceitado de cabeça baixa, fingindo indiferença e passividade, desprovidos daquele brio nobre que nos incitaria a dar um vigoroso e heróico: Basta!
Mas, enquanto este basta não chega, (chegará um dia?!) seguimos displicentes a postergar nossa responsabilidade, a permitir que nossos tesouros continuem a ser devassados e saqueados! Sem nos preocuparmos com o que não é preocupante, porque nossa apatia assim julga! E, é assim que nossos bens materiais e intelectuais vão sendo sub-repticiamente saqueados, na maioria das vezes, com raríssimas exceções, por quem é remunerado, para proteger esses bens e, criminoso, ignora a dignidade desse dever! Por quanto tempo se estenderá esta situação?! Alguém responderá?! E resultante dessa impunidade que atiça a ousadia, vemos agora o nosso maior patrimônio, a Língua Pátria, ameaçado por mais um desmando que, pasmem! , encontra respaldo e aceitação dos que têm absoluta obrigação de zelar por ele! Assim, da mesma forma que, em futuro próximo, estaremos falando tranquilo como “hablan nuestros hermanos hispánicos” , corremos também o risco de termos de aceitar “os livro”, “as esquisitice”, “as extravagância” que nos pretendem impingir, com o beneplácito dos que se deveriam escandalizar ante a afronta à integridade da nossa língua! Língua reconhecida por todos como riquíssima! Tão rica que chega a facilitar as lides poéticas! E as nossas crianças como ficarão ante este despropósito?! Que caos as espera, uma vez que a própria língua pátria, seu principal veículo de comunicação, para toda vida, já lhes chega profanada a partir da escola?! Desgostosa com esta possibilidade, ouso erguer minha voz, colocando meus pobres recursos linguísticos neste protesto, que, espero, seja alentado por vozes mais expressivas. Que não sejamos, uma vez mais, dolorosamente desrespeitados em nossos direitos de expressão! Chega de absurdos! Cansamos de ser saqueados!
E, assim como a Academia Cristã de Letras de São Paulo vem a público, encampando este meu protesto, é muito importante que entidades congêneres ergam também suas vozes, num repúdio nacional a tão lamentáveis desmandos que atingem frontalmente a todos os que amam as letras e, com toda a propriedade, procuram defender a dignidade da nossa Língua Pátria.
E, por isso mesmo, no final da frase anterior, desencantada como estou, poderia ter usado, entre aquelas aspas, uma outra palavra de pronúncia próxima, bem mais contundente e explícita, que me furto de aplicar porque não cabe.
Coleção Viver e Aprender
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