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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lição de Cidadania


Maria Cecilia Graner Fessel

Semanalmente participo de uma reunião das sras. do quarteirão, onde partilhamos nossas experiências de vida à luz da fé cristã. Ultimamente temos discutido as mudanças de atitude necessárias à salvaguardar a “saúde” de nosso planeta.

Embora as práticas ecológicas façam parte de meu currículo de professora, essas mulheres simples e fortes me surpreenderam por sua adesão irrestrita a esse programa, inclusive dando-me novas idéias sobre o tema. Elas se preocupam com o futuro dos filhos, netos e sobrinhos, que estão arriscados a viver num ambiente cada vez mais poluído, bebendo água cada vez mais contaminada, e vendo os resíduos se acumularem nos ecossistemas ao seu redor. E assim fazem o que podem.

Essas mulheres levantam-se bem mais cedo do que eu, varrem suas calçadas e sarjetas, recolhem os resíduos e os embalam para serem posteriormente recolhidos pelas varredoras. E lá se vão folhas secas, bitucas de cigarros, palitos de sorvete e doces, etc, que entupiriam os bueiros com as chuvas. (Confesso que às vezes me envergonho de minha calçada...)

Em suas casas, acondicionam separadamente os restos orgânicos, e depois as latas e vidros vazios, as embalagens de leite, os muitos folhetos de propaganda que jogam nas garagens e nas ruas, as garrafas plásticas, enfim, tudo que é reciclável e será recolhido pelos coletores, embora irregularmente.

Elas cortam, abrem e lavam as caixinhas de leite vazias, as garrafas , as latinhas , enfim tudo que possa fermentar e contaminar o ambiente. Comprimem papéis e embalagens, e procuram, sempre que possível, acondicionar o lixo em caixas descartadas de papelão, em vez de usar sacos plásticos.

A economia de água também as preocupa. Recolhem água das máquinas de lavar roupa para esfregar quintais e calçadas. Uma delas, ao reformar sua casa, instalou um coletor das chuvas que vai direto para uma caixa fechada, de onde retira a água para molhar suas plantas, lavar a garagem e o quintal.

Essas mulheres são como o terreno fértil e bom onde, caindo as sementes da responsabilidade ambiental, assumiram seu papel de co-participantes com empenho e dedicação. Elas podiam ir às escolas e dar aulas de cidadania!

Agora, um relato interessante, até engraçado, foi sobre as reuniões de famílias nas chácaras, onde se criou o hábito de substituir pratos de louça , talheres e copos de vidro por similares de plástico, descartáveis. Num caso citado, a conscientização era tão forte, que os descartáveis passaram a ser recolhidos após as refeições, limpos com papel e lavados, antes de serem embalados para reciclagem, o que acabou gerando a pergunta óbvia: Já que lavamos os descartáveis antes de descartar, não é melhor voltar a usar as louças, os copos de vidro e os talheres de metal?!

De todas essas discussões surgiu uma solicitação urgente ao poder público de nossa cidade: planejar e implantar uma coleta seletiva regular, constante, efetiva, em todos os bairros da cidade.

2 comentários:

  1. Jairo Teixeira Mendes Abrahão19 de maio de 2011 às 15:33

    Maria Cecilia.
    Fuçando os blogs da Ivana fiquei muito feliz por encontrar esse texto seu. Li e gostei muito. Mas não é bem por isso que lhe escrevo. Outro dia, vasculhando A Tibuna deparei-me com uma entrevista dada por voce e Zé Vicente! Devorei-a e, a seguir, escrevi um comentário a respeito. Esperei, aliás,espero até hoje um retorno de voces, pessoas que tanto estimo, e, nada!!! Fiquei e estou frustado! Não sabia se e-mail..., mas agora sei!!

    Abração a voces dois, do amigo

    Jairo

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  2. Cidadania se faz com participação, veja as denúncias que um morador de Piracicaba fez no blog http://afotodenuncia.blogspot.com/
    Parece que o governo não dá a mínima.

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