ilustração de Doré |
Um pai não imagina o quanto sua presença representa para o filho durante a infância. Lembrando do meu filho, quatro tinha quatro anos, quantas recordações chegam de volta: suas perguntas, suas risadas, seu biquinho de choro... O seu super-herói era o Ciborg e sempre que perguntavam se seu pai era o Ciborg ele imediatamente, sem titubear, respondia: “Claro que é!”
Com o tempo as situações mudam, os anos avançam e as impressões que as pessoas deixam uma nas outras também se modificam. As pessoas de dignidade, de caráter impoluto não precisavam assinar documentos, bastava um fio da sua barba ou bigode. Elas eram respeitadas e se respeitavam, suas palavras valiam e se projetavam pela sua moral, intransigência no respeito à sua dignidade, na vigência de bons costumes e caráter sem jaça.
Hoje se agissem assim, seriam ridicularizados e considerados ingênuos e indubitavelmente seriam enganados. O conto do vigário é passado pelos espertos nas esquinas dos bancos, enganando pessoas idosas e ingênuas. Centenas de telefonemas perturbam as pessoas o dia inteiro, para conseguirem seus dados pessoais, numero dos documentos, de cartões de crédito das contas bancárias. Muitos conseguem, por meios escuso, ludibriar os incautos. Não é nem mais necessário invadir uma casa ou apartamento: o roubo é feito pelo telefone, ou pela internet, muitas vezes da própria cela do presidiário. Por incrível que pareça com a anuência da pessoa crédula ou amedrontada pelas ameaças dos ladrões.
Os tempos hoje são como o da fábula do Lobo e o Chapeuzinho Vermelho ou do Lobo e o Cordeiro é só reciclar o assunto para a atualidade, porque o lobo está também na política, na internet, na propagandas enganosas, nos relacionamentos duvidosos, no desrespeito pelo ser humano carente, na liberdade tolhida pelo abuso do poder, no desrespeito pela infância, desrespeito às autoridades e vice-versa, no cotidiano enfim. Nas fábulas, o lobo astuto é prepotente e sempre procura uma desculpa para poder comer o cordeiro, a raposa para poder comer o queijo do corvo.
Nas suas fábulas: Esopo, La Fontaine, e Charles Perrault, que se mantêm vivas até hoje, usavam personagens representados por animais para instruir os homens. A arte de unir pensamentos filosófico com um assunto jocosamente abordado ainda é preservada até hoje no mundo inteiro. Entre nós, por Dalton Trevisan e Maurício de Souza.
Os professores sempre foram tratados com dignidade e respeito, pois essa sempre foi profissão considerada pela comunidade como exemplar. Os alunos os tinham como modelo de conduta e caráter. Hoje são ameaçados de morte, sujeitos a represália quando repreendidos e com a anuência dos pais que lhes tira a autoridade no encaminhamento da boa educação e da disciplina.
Será que teremos de pensar como a raposa de Esopo, que decepcionada com a altura em que as uvas se encontravam, desistiu de comê-las e as desdenhou com a célebre frase: “As uvas estão verdes!” Sim estavam muito longe do seu alcance, mas não do nosso! Teremos que pensar como a raposa porque não temos mais esperança de solução para os desmandos, a corrupção, os engodos governamentais, as falsas promessas, os crimes abafados pela propina? Ou teremos que pensar como ela porque certamente sempre seremos eleitores enganados por falsas ideologias, que nos são imputadas pelos meios de comunicação, que nos dão de quebra, violência generalizada e pouca cultura?
Não! Não! Não! As uvas estão maduras e podemos apanhá-las, é só nos propiciarem uma escada.
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