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quarta-feira, 7 de abril de 2010

PRINCESA

PRINCESA
Ivana Maria França de Negri

Tenho muitas histórias para contar, umas muito tristes, outras com finais felizes, algumas até com boas doses de humor, mas escolhi a história da “Princesa” para contar hoje.
Era uma manhã gelada de inverno. Logo cedo, Cidinha me telefona desesperada dizendo que há um cão atropelado no centro que não consegue andar. Largo tudo e lá vamos nós duas, em meu carro, até o local onde a cachorrinha se encontrava. Estávamos receosas, pois animais com dor podem ser agressivos. Mas a cadelinha nos olhou com aquele olhar humilde, como a pedir socorro. Não havia sangue e nem ferimentos aparentes, mas o carro deveria ter batido nela com violência atingindo órgãos internos. Como sempre acontece, o motorista nem ao menos parou para socorrê-la. Nós a colocamos cuidadosamente no carro e a levamos ao veterinário que lhe aplicou algumas injeções, mas não nos acenou com bons prognósticos.
Eu não quis deixá-la na clínica para ser sacrificada e a trouxe comigo para minha casa. Embrulhei-a em panos e jornais, pois estava muito frio, era mês de julho, e acomodei-a numa caixa de papelão, oferecendo água e comida que ela recusou. Dei-lhe o nome de Princesa, pois na época, a princesa Diana estava em evidência e a cachorrinha, apesar de ferida e abandonada, tinha um certo ar de nobreza, era peluda, amarela, e se tivesse sido bem cuidada, seria muito bonita. Isso foi pela manhã. Eu passei a tarde toda ao seu lado, acariciando-a, conversando com ela, que parecia entender e me olhava com seu olhar manso, como se quisesse responder, mas sempre arfante, como se lhe faltasse o ar. Fechava os olhos deliciando-se com os carinhos, mas a dor era visível e respirava cada vez com mais dificuldade. À noitinha, meu marido e eu precisamos sair por pouco tempo.
Eu estava ansiosa para voltar para casa e ver como estava a nossa Princesa. Quando paramos o carro defronte à garagem, num esforço incrível, ela saiu da caixa e veio se arrastando até nós. Abanou a cauda, deu um último e dolorido suspiro caindo morta a meus pés... Chorei muito, até secarem as lágrimas. A pobrezinha guardou as últimas energias para agradecer, ao seu modo, como quem diz: “valeu a intenção, obrigada pelo carinho”.
São fatos como este que me fazem continuar na defesa dos animais e não me deixam desistir nunca...

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