AFINAL, QUEM PASSA?
Lídia Sendin
O conselho mais usual sobre o tempo é que ele passa rápido e é preciso utilizá-lo com sabedoria antes que ele desapareça, agarrá-lo no momento certo, no instante exato, senão ele passa e a ação se perde trazendo insucesso à vida. Mas vida e tempo se entrelaçam de tal maneira que é difícil dizer quem é passageiro e quem conduz, sendo assim, um leva o outro pela eternidade. Um carrega o outro da mesma maneira que o espírito leva o corpo, aí também não se sabe quem leva quem.
A verdade é que o tempo, seja ele oportuno ou cronológico, é motivo de conjecturas desde há muito tempo. Salomão já dizia que para tudo há seu tempo, hoje o homem não encontra tempo pra nada, ou melhor, quer fazer tudo ao mesmo tempo.
Histórias da Idade Média contam de hereges que perguntavam o que Deus fazia com o tempo antes de criar os céus e a terra e o clérigo rigoroso respondia que ele criava o inferno pra mandar os infiéis passarem um tempo lá... Já Agostinho discordava, se o tempo não existia, Deus passava o tempo criando o tempo! E nós, pobres criaturas, ao contrário, quando não temos o que fazer, matamos o tempo!
O tempo, ou a falta dele, não poupa nem os santos, tantos eram as pessoas que procuravam os apóstolos, que o próprio Cristo chamou-os para que descansassem no deserto, pois “não tinham tempo nem para comer”.
Enfim, a temporalidade do ser humano, no hoje, no amanhã e no que já passou e seu inevitável ser-para-morte, também é motivo de debate e de proposições filosóficas de todos os tipos, marcando a ferro com o estigma de sua temporalidade a todos nós, enquanto busca um sentido para o ser. A filosofia é uma boa aliada quando não se quer chegar a nada.
Eu e as minhas perplexas dúvidas matamos o tempo juntas, não sem um certo temor e tremor em pensar que o pacote vida-tempo nos assombra com a pergunta que não quer calar, afinal quem passa?
Lídia Sendin
O conselho mais usual sobre o tempo é que ele passa rápido e é preciso utilizá-lo com sabedoria antes que ele desapareça, agarrá-lo no momento certo, no instante exato, senão ele passa e a ação se perde trazendo insucesso à vida. Mas vida e tempo se entrelaçam de tal maneira que é difícil dizer quem é passageiro e quem conduz, sendo assim, um leva o outro pela eternidade. Um carrega o outro da mesma maneira que o espírito leva o corpo, aí também não se sabe quem leva quem.
A verdade é que o tempo, seja ele oportuno ou cronológico, é motivo de conjecturas desde há muito tempo. Salomão já dizia que para tudo há seu tempo, hoje o homem não encontra tempo pra nada, ou melhor, quer fazer tudo ao mesmo tempo.
Histórias da Idade Média contam de hereges que perguntavam o que Deus fazia com o tempo antes de criar os céus e a terra e o clérigo rigoroso respondia que ele criava o inferno pra mandar os infiéis passarem um tempo lá... Já Agostinho discordava, se o tempo não existia, Deus passava o tempo criando o tempo! E nós, pobres criaturas, ao contrário, quando não temos o que fazer, matamos o tempo!
O tempo, ou a falta dele, não poupa nem os santos, tantos eram as pessoas que procuravam os apóstolos, que o próprio Cristo chamou-os para que descansassem no deserto, pois “não tinham tempo nem para comer”.
Enfim, a temporalidade do ser humano, no hoje, no amanhã e no que já passou e seu inevitável ser-para-morte, também é motivo de debate e de proposições filosóficas de todos os tipos, marcando a ferro com o estigma de sua temporalidade a todos nós, enquanto busca um sentido para o ser. A filosofia é uma boa aliada quando não se quer chegar a nada.
Eu e as minhas perplexas dúvidas matamos o tempo juntas, não sem um certo temor e tremor em pensar que o pacote vida-tempo nos assombra com a pergunta que não quer calar, afinal quem passa?
O texto é muito bom!
ResponderExcluirA autora é D+!
Mas, afinal, é a vida que passa no tempo ou o tempo que passa na vida??