A CHANCE
Maria Emília M. Redi
Jaime homem resoluto, trabalhador exemplar, mas, extremamente ambicioso.
Vivia para satisfazer suas vontades, pouco preocupando-se
com os sentimentos das pessoas, as quais ele achava – tinham a obrigação de agradá-lo sempre. Não admitia uma contrariedade sequer, fosse no trabalho, fosse em casa, em qualquer lugar era ele quem dava sempre a última palavra.
Era um sujeito simplesmente detestável.
Estava sempre dizendo: – não deixo faltar nada para minha esposa e filhos, lhes dou tudo o que precisam, casa, comida, educação, clube, conforto, enfim eles não têm do que reclamar.
Porém, nunca tinha um minuto de atenção e carinho disponível para sua esposa ou para a prole. Sua preocupação era garantir-lhes o sustento e o próprio padrão de vida.
Vivia para o trabalho. Não podia perder tempo, pois tempo é dinheiro.
Com esta filosofia de vida, não parava nem para tomar um café da manhã em paz. Fazia tudo correndo. Alimentava-se muito mal. Fumava muito.
Enfim, nunca achava tempo para ser, vivia frenéticamente em busca do ter. Era o protótipo de uma sociedade onde a posse de bens materiais dá “status”.
Assim, Jaime consumia sua vida, sua saúde, seus dias...
Quando a esposa o abraçava ele a afastava ríspidamente e dizia:- que é que você está querendo? A esposa dedicada, mãe extremosa, sentia-se como um objeto sem valor, baixava a cabeça e chorava silenciosamente toda a solidão de afeto.
Os filhos, um casal de gêmeos, nunca podiam dar um beijo ou um abraço no pai, sempre arredio a qualquer aproximação, eram com a mãe que encontravam os braços amigos, a palavra orientadora e o que precisavam para compensar a ausência da figura paterna.
Numa manhã de primavera, uma brisa fresca e suave tocou ligeiramente o coração de Jaime, fazendo aparecer em seu rosto o brilho de um bom dia para os familiares, que, boquiabertos, não entendiam nada; mas, contagiaram-se por esta felicidade improvisada.
Os filhos, saltando no pescoço do pai, beijaram-lhe o rosto barbeado, também lhe desejando um bom e feliz dia.
A esposa, agraciada pelo momento de angelical transformação do homem de sua vida, recebeu um terno beijo e um caloroso abraço. Seu coração foi aquecido pela esperança de dias felizes...
Naquela manhã, onde as flores se fizeram mais perfumadas, pela primeira vez em muito tempo, Jaime em aparente felicidade, despediu-se da esposa e filhos para dirigir-se ao trabalho.
O destino já estava traçado.
No meio do trajeto, Jaime sentindo-se mal, perdeu a direção do automóvel e foi de encontro a um caminhão que trafegava no sentido oposto da pista.
Por entre os escombros uma súplica se ouvia :
- Deus! Só mais uma chance!!!
E, Jaime, ainda com vida, foi levado pelos socorristas...
Maria Emília M. Redi
Jaime homem resoluto, trabalhador exemplar, mas, extremamente ambicioso.
Vivia para satisfazer suas vontades, pouco preocupando-se
com os sentimentos das pessoas, as quais ele achava – tinham a obrigação de agradá-lo sempre. Não admitia uma contrariedade sequer, fosse no trabalho, fosse em casa, em qualquer lugar era ele quem dava sempre a última palavra.
Era um sujeito simplesmente detestável.
Estava sempre dizendo: – não deixo faltar nada para minha esposa e filhos, lhes dou tudo o que precisam, casa, comida, educação, clube, conforto, enfim eles não têm do que reclamar.
Porém, nunca tinha um minuto de atenção e carinho disponível para sua esposa ou para a prole. Sua preocupação era garantir-lhes o sustento e o próprio padrão de vida.
Vivia para o trabalho. Não podia perder tempo, pois tempo é dinheiro.
Com esta filosofia de vida, não parava nem para tomar um café da manhã em paz. Fazia tudo correndo. Alimentava-se muito mal. Fumava muito.
Enfim, nunca achava tempo para ser, vivia frenéticamente em busca do ter. Era o protótipo de uma sociedade onde a posse de bens materiais dá “status”.
Assim, Jaime consumia sua vida, sua saúde, seus dias...
Quando a esposa o abraçava ele a afastava ríspidamente e dizia:- que é que você está querendo? A esposa dedicada, mãe extremosa, sentia-se como um objeto sem valor, baixava a cabeça e chorava silenciosamente toda a solidão de afeto.
Os filhos, um casal de gêmeos, nunca podiam dar um beijo ou um abraço no pai, sempre arredio a qualquer aproximação, eram com a mãe que encontravam os braços amigos, a palavra orientadora e o que precisavam para compensar a ausência da figura paterna.
Numa manhã de primavera, uma brisa fresca e suave tocou ligeiramente o coração de Jaime, fazendo aparecer em seu rosto o brilho de um bom dia para os familiares, que, boquiabertos, não entendiam nada; mas, contagiaram-se por esta felicidade improvisada.
Os filhos, saltando no pescoço do pai, beijaram-lhe o rosto barbeado, também lhe desejando um bom e feliz dia.
A esposa, agraciada pelo momento de angelical transformação do homem de sua vida, recebeu um terno beijo e um caloroso abraço. Seu coração foi aquecido pela esperança de dias felizes...
Naquela manhã, onde as flores se fizeram mais perfumadas, pela primeira vez em muito tempo, Jaime em aparente felicidade, despediu-se da esposa e filhos para dirigir-se ao trabalho.
O destino já estava traçado.
No meio do trajeto, Jaime sentindo-se mal, perdeu a direção do automóvel e foi de encontro a um caminhão que trafegava no sentido oposto da pista.
Por entre os escombros uma súplica se ouvia :
- Deus! Só mais uma chance!!!
E, Jaime, ainda com vida, foi levado pelos socorristas...
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