ANOS SESSENTA
Ivana Maria França de Negri
Folheando o livro do amigo Ludovico, “Diário de Um Ano Bissexto”, descobri que o dia 30 de janeiro é o dia da Saudade. Como se fosse possível sentir saudade só num determinado dia do ano! Ela pousa em nosso coração sem ser chamada, quando menos esperamos. Às vezes machuca, incomoda, mas na maioria das vezes é muito agradável.
Quem já passou dos quarenta e vivenciou o apogeu da mocidade nos anos sessenta, lembra-se muito bem daqueles anos incríveis, pincelados com as tintas róseas da juventude. Sonhadores e românticos, testemunhamos o movimento hippie, os protestos contra a ditadura e os costumes da época, a chegada do homem à Lua, o lançamento da nave espacial Vostok, que colocou no espaço o primeiro homem, Yuri Gagarin, pois na década anterior, o Sputnik só havia feito o trajeto com cães e macacos. Marcou também o surgimento do videoteipe - antes todos os programas eram ao vivo.
Era o auge da moda da minissaia e da calça boca-de-sino, dos cabeludos que se confundiam com as meninas quando vistos de costas, do sabor azedinho dos dropes Dulcora que a gente levava para saborear no escurinho do cinema e dos bailinhos e brincadeiras dançantes – a gente dançava de rosto colado, ao som do rock and roll. As meninas tinham pavor de tomar “chá de cadeira” e sempre existiam as mais disputadas que não paravam de dançar.
Todo mundo tinha suas coleções de discos de vinil, os “bolachões” negros que a gente chamava de long-play, ou simplesmente LP - nossa, como isso soa antigo!
Foi a época de ouro da Jovem Guarda, da Tropicália e de outros movimentos de rock e música popular. Bons tempos, tudo tão inocente, escrever diários às escondidas, driblar as freiras no colégio que proibiam as meninas de usar esmalte vermelho. Não podíamos nem pintar os olhos com lápis preto, quanto mais usar as “indecentes” minissaias.
Guerras no mundo, sempre houve, e o garoto que foi à guerra do Vietnã e amava os Beatles e os Rolling Stones, foi o símbolo da geração “Paz e Amor”, do “faça amor, não faça a guerra”, a liberdade sexual apenas começando.
Muita gente nem acreditou naquelas imagens do homem pisando em solo lunar. Como era possível aquilo? E a Lua dos namorados e dos poetas nunca mais foi a mesma.
Os festivais de música popular descobriram talentos que até hoje continuam fazendo sucesso. Não eram artistas “produzidos” e apadrinhados como acontece atualmente, esses cantores fabricados que se tornam descartáveis em tempo recorde, e sim artistas de verdade, nascidos com dons musicais e talento indiscutível.
Os anos sessenta não foram melhores nem piores que os anos cinquenta, setenta ou noventa. Apenas são lembrados com emoção por quem viveu seus anos dourados naquela época, pois dourados serão sempre os anos da nossa juventude. Ai que saudade...
Ivana Maria França de Negri
Folheando o livro do amigo Ludovico, “Diário de Um Ano Bissexto”, descobri que o dia 30 de janeiro é o dia da Saudade. Como se fosse possível sentir saudade só num determinado dia do ano! Ela pousa em nosso coração sem ser chamada, quando menos esperamos. Às vezes machuca, incomoda, mas na maioria das vezes é muito agradável.
Quem já passou dos quarenta e vivenciou o apogeu da mocidade nos anos sessenta, lembra-se muito bem daqueles anos incríveis, pincelados com as tintas róseas da juventude. Sonhadores e românticos, testemunhamos o movimento hippie, os protestos contra a ditadura e os costumes da época, a chegada do homem à Lua, o lançamento da nave espacial Vostok, que colocou no espaço o primeiro homem, Yuri Gagarin, pois na década anterior, o Sputnik só havia feito o trajeto com cães e macacos. Marcou também o surgimento do videoteipe - antes todos os programas eram ao vivo.
Era o auge da moda da minissaia e da calça boca-de-sino, dos cabeludos que se confundiam com as meninas quando vistos de costas, do sabor azedinho dos dropes Dulcora que a gente levava para saborear no escurinho do cinema e dos bailinhos e brincadeiras dançantes – a gente dançava de rosto colado, ao som do rock and roll. As meninas tinham pavor de tomar “chá de cadeira” e sempre existiam as mais disputadas que não paravam de dançar.
Todo mundo tinha suas coleções de discos de vinil, os “bolachões” negros que a gente chamava de long-play, ou simplesmente LP - nossa, como isso soa antigo!
Foi a época de ouro da Jovem Guarda, da Tropicália e de outros movimentos de rock e música popular. Bons tempos, tudo tão inocente, escrever diários às escondidas, driblar as freiras no colégio que proibiam as meninas de usar esmalte vermelho. Não podíamos nem pintar os olhos com lápis preto, quanto mais usar as “indecentes” minissaias.
Guerras no mundo, sempre houve, e o garoto que foi à guerra do Vietnã e amava os Beatles e os Rolling Stones, foi o símbolo da geração “Paz e Amor”, do “faça amor, não faça a guerra”, a liberdade sexual apenas começando.
Muita gente nem acreditou naquelas imagens do homem pisando em solo lunar. Como era possível aquilo? E a Lua dos namorados e dos poetas nunca mais foi a mesma.
Os festivais de música popular descobriram talentos que até hoje continuam fazendo sucesso. Não eram artistas “produzidos” e apadrinhados como acontece atualmente, esses cantores fabricados que se tornam descartáveis em tempo recorde, e sim artistas de verdade, nascidos com dons musicais e talento indiscutível.
Os anos sessenta não foram melhores nem piores que os anos cinquenta, setenta ou noventa. Apenas são lembrados com emoção por quem viveu seus anos dourados naquela época, pois dourados serão sempre os anos da nossa juventude. Ai que saudade...
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