A minha praia
Ivana Maria França de Negri
Todos os anos, há exatos 24, vou com minha família, sempre na primeira semana de dezembro, para um local muito agradável, a praia de Paúba.
É uma pausa deliciosa e reconfortante antes da correria das compras de Natal e das festas de final de ano. Nem tanto é para descanso do corpo, mas é a mente que tira férias.
Essa região litorânea, toda cercada de coqueiros, é bem do meu gosto. Ladeada por montanhas pedregosas da serra, areias fofas e claras, e o mar de um verde intenso.
Perambulam pela praia vários vira-latas amigos que gostam de nos acompanhar nas caminhadas matinais ou vespertinas. Muitos deles de olhos bem azuis, talvez obra de algum husk siberiano namorador que emprenhou as cadelinhas da vila de pescadores, ali próxima.
Nos quintais dos aconchegantes chalés, mansos gatos de cores e tamanhos variados esperam um carinho ou um pires de leite. Pressentindo que gosto de animais, eles se postam na porta do meu chalé diariamente.
A praia, à tardinha, apresenta um espetáculo maravilhoso. Um mágico pôr-do-sol que se reflete nas águas, prateando-as intensamente, até quase cegar-nos a vista, de tanto brilho.
Logo anoitece e uma aura de paz recai sobre o lugar. Centenas de pássaros refugiam-se em seus ninhos numa algazarra barulhenta, que recomeça bem cedo no dia seguinte.
Longe dos telefones, do trânsito infernal e dos computadores, a gente se esquece da correria e fica usufruindo a paisagem, o cheiro de maresia e o sol. Borrachudos picam dolorido, mas é só não esquecer de levar um bom repelente e o problema está resolvido.
Lembro-me com saudade das primeiras vezes que íamos, levando na bagagem mamadeiras, fraldas, chupetas, baldinhos, pazinhas e bóias infláveis. Ecoam em meus ouvidos os gritinhos felizes das crianças ainda pequenas. E como elas crescem muito rapidamente, logo a bagagem já era outra: aparelho de som, fones de ouvido, violão. Começamos a levar os amigos deles, depois seus namorados e namoradas.
E o tempo não dá tréguas e continua em seu ritmo veloz...
Neste ano, levamos conosco a pequena Ana Clara. Seus olhinhos azuis maravilharam-se com a imensidão das águas em seu eterno marulhar. Os pezinhos rechonchudos afundavam na areia morna e ela dava gritinhos de alegria.
Mais maravilhada ainda, fiquei eu, presenciando aquelas cenas ainda nítidas em minha memória. Foi assim com meus filhos e agora com meus netos, e num futuro mais distante, com os filhos dos meus netos, quando talvez eu não esteja mais presente fisicamente para me encantar com esses pequenos eventos corriqueiros, que fazem parte da vida, mas que se tornam grandiosos e eternos quando vistos através dos olhos da alma.
As pequenas férias terminaram, um oásis de paz em meio à avalanche de compromissos desta época do ano. Mas ano que vem tem mais! Se Deus assim o quiser.
Ivana Maria França de Negri
Todos os anos, há exatos 24, vou com minha família, sempre na primeira semana de dezembro, para um local muito agradável, a praia de Paúba.
É uma pausa deliciosa e reconfortante antes da correria das compras de Natal e das festas de final de ano. Nem tanto é para descanso do corpo, mas é a mente que tira férias.
Essa região litorânea, toda cercada de coqueiros, é bem do meu gosto. Ladeada por montanhas pedregosas da serra, areias fofas e claras, e o mar de um verde intenso.
Perambulam pela praia vários vira-latas amigos que gostam de nos acompanhar nas caminhadas matinais ou vespertinas. Muitos deles de olhos bem azuis, talvez obra de algum husk siberiano namorador que emprenhou as cadelinhas da vila de pescadores, ali próxima.
Nos quintais dos aconchegantes chalés, mansos gatos de cores e tamanhos variados esperam um carinho ou um pires de leite. Pressentindo que gosto de animais, eles se postam na porta do meu chalé diariamente.
A praia, à tardinha, apresenta um espetáculo maravilhoso. Um mágico pôr-do-sol que se reflete nas águas, prateando-as intensamente, até quase cegar-nos a vista, de tanto brilho.
Logo anoitece e uma aura de paz recai sobre o lugar. Centenas de pássaros refugiam-se em seus ninhos numa algazarra barulhenta, que recomeça bem cedo no dia seguinte.
Longe dos telefones, do trânsito infernal e dos computadores, a gente se esquece da correria e fica usufruindo a paisagem, o cheiro de maresia e o sol. Borrachudos picam dolorido, mas é só não esquecer de levar um bom repelente e o problema está resolvido.
Lembro-me com saudade das primeiras vezes que íamos, levando na bagagem mamadeiras, fraldas, chupetas, baldinhos, pazinhas e bóias infláveis. Ecoam em meus ouvidos os gritinhos felizes das crianças ainda pequenas. E como elas crescem muito rapidamente, logo a bagagem já era outra: aparelho de som, fones de ouvido, violão. Começamos a levar os amigos deles, depois seus namorados e namoradas.
E o tempo não dá tréguas e continua em seu ritmo veloz...
Neste ano, levamos conosco a pequena Ana Clara. Seus olhinhos azuis maravilharam-se com a imensidão das águas em seu eterno marulhar. Os pezinhos rechonchudos afundavam na areia morna e ela dava gritinhos de alegria.
Mais maravilhada ainda, fiquei eu, presenciando aquelas cenas ainda nítidas em minha memória. Foi assim com meus filhos e agora com meus netos, e num futuro mais distante, com os filhos dos meus netos, quando talvez eu não esteja mais presente fisicamente para me encantar com esses pequenos eventos corriqueiros, que fazem parte da vida, mas que se tornam grandiosos e eternos quando vistos através dos olhos da alma.
As pequenas férias terminaram, um oásis de paz em meio à avalanche de compromissos desta época do ano. Mas ano que vem tem mais! Se Deus assim o quiser.
Menina! Que delícia de férias! Belo texto que nos faz viajar em pensamento às longínquas épocas paradisíacas e traz uma sensação inexplicável de Paz na Alma. PARABÉNS! Ab Mel
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