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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O MUNDO
Giovanni Guidi

Deus, num surto de criação, resolveu fazer uma bola branca de pentágonos e hexágonos cosidos entre si.
Olhando em volta, viu que tudo era branco. Ficou descontente com a alvaiade de sua esfera e resolveu pintá-la.

Traçou contornos grossos de um desenho abstrato, sem sentido, para que os homens tivessem trabalho quando copiá-la.
Do tronco da árvore da vida e do conhecimento retirou a inspiração da cor de seus traços.
Pingou gotas desta tinta óleo marrom na sua palheta e pincelou-as na sua segunda grande invenção preenchendo aquilo que se formara.
Depois de um tempo secaram em camadas marrons.
Algumas protuberâncias saiam e Deus não se importou; era arte moderna que os homens ainda descobririam.
Estava descontente porque ainda havia branco. Da água que banhava o Seu jardim, retirou uma tinta aquosa pincelando em aquarela azul o espaço faltante.
Esta tinta escorreu por entre as crostas da tinta óleo e ali permaneceu.
Ela nunca mais secou, permanecendo sempre aguada e agitada.
Deus, que segurou a base da esfera com a mão, não quis pintá-la, deixando-a branca;
estava cansado, pensou em descansar, mas sua obra ainda estava inacabada.
Resolveu colocar ali todas as espécies que criara, inclusive sua miniatura feita de barro.
A bola ficara mais colorida e Ele assoprou para dar vida às Suas criações, e ela começou a girar, girar, girar. Aproveitando o embalo, a lançou no espaço com outras bolas
a dançar a música do cosmos, orquestrada por Ele, o Único que consegue ouvi-la.

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