Joselito, o gatinho que queria voar...
Ivana Maria França de Negri
Ele não era um gatinho comum, desses que afiam as unhas nas poltronas e que ficam dormindo por horas seguidas em fofas almofadas ou nas camas macias dos seus donos. Joselito gostava mesmo era de subir no parapeito das janelas e ficar olhando o céu azul, os pássaros, e a dança das borboletas. Sua dona dizia: “Saia já daí gatinho desobediente, quer se esborrachar lá embaixo? Você não é pássaro, nem borboleta, e muito menos um super-homem – quer dizer, super-gato”. Ele descia, mas logo voltava e subia naquele lugar perigoso - para quem não tem asas.
E lá vinha sua dona ralhar com ele de novo: “- Gato não voa, sabia? Gato não é pássaro, nem inseto e nem avião. Desce já!”.
Só que havia uma coisa que ela não sabia. Ele tinha asas, sim! Só que eram invisíveis, uma espécie de asas pra dentro, que não dava para ver. Só pessoas muito especiais, as que possuíam olhos-de-ver-dentro sabiam que ele tinha asas.
Joselito era todo amarelinho, com enormes olhos verdes que pareciam duas esmeraldas. Nascera perto do mar, mas não gostava de água, essa era a verdade. Viera morar no interior, e desde então, tornou-se gato de apartamento. Não é que não gostasse dessa vida, pois tinha cama quentinha, comida boa e muito carinho, mas era uma vida monótona, não podia correr pelos campos ou subir em árvores. E o seu sonho secreto era mesmo voar.
Naquela cinzenta manhã de chuva, como sempre, foi espiar na janela. O peitoril estava molhado e escorregadiço. Não sabia porque, mas acordara muito ansioso naquele dia. Seu pêlo lustroso dançava ao vento e os olhos verdes refletiam o brilho de um sol ausente. Sentiu-se poderoso, forte, e com muita coragem, saltou no espaço em direção ao infinito...
Planou por alguns instantes e logo se viu num lugar maravilhoso e soube de imediato que era o céu dos animais. Lá podia voar à vontade, como as aves no céu, como as borboletas. Tinha asas sim! Podia voar! Queria mostrar à sua dona, que o amava tanto, como estava feliz. Mas não conseguia entender o desespero dela olhando pela janela vazia, e o motivo de suas lágrimas despencando como gotas de chuva lá embaixo.
* Esta é uma história verdadeira, escrita em homenagem ao Lito, um gatinho amarelo e travesso, que um dia pensou ter asas como as borboletas. Mas eu tenho certeza de que agora, ele pode voar, além da ponte do arco-íris, lá longe, muito longe, noutra dimensão, onde fica o céu dos animais.
Mas ele não foi sozinho, levou um pedaço do meu coração...
Ivana Maria França de Negri
Ele não era um gatinho comum, desses que afiam as unhas nas poltronas e que ficam dormindo por horas seguidas em fofas almofadas ou nas camas macias dos seus donos. Joselito gostava mesmo era de subir no parapeito das janelas e ficar olhando o céu azul, os pássaros, e a dança das borboletas. Sua dona dizia: “Saia já daí gatinho desobediente, quer se esborrachar lá embaixo? Você não é pássaro, nem borboleta, e muito menos um super-homem – quer dizer, super-gato”. Ele descia, mas logo voltava e subia naquele lugar perigoso - para quem não tem asas.
E lá vinha sua dona ralhar com ele de novo: “- Gato não voa, sabia? Gato não é pássaro, nem inseto e nem avião. Desce já!”.
Só que havia uma coisa que ela não sabia. Ele tinha asas, sim! Só que eram invisíveis, uma espécie de asas pra dentro, que não dava para ver. Só pessoas muito especiais, as que possuíam olhos-de-ver-dentro sabiam que ele tinha asas.
Joselito era todo amarelinho, com enormes olhos verdes que pareciam duas esmeraldas. Nascera perto do mar, mas não gostava de água, essa era a verdade. Viera morar no interior, e desde então, tornou-se gato de apartamento. Não é que não gostasse dessa vida, pois tinha cama quentinha, comida boa e muito carinho, mas era uma vida monótona, não podia correr pelos campos ou subir em árvores. E o seu sonho secreto era mesmo voar.
Naquela cinzenta manhã de chuva, como sempre, foi espiar na janela. O peitoril estava molhado e escorregadiço. Não sabia porque, mas acordara muito ansioso naquele dia. Seu pêlo lustroso dançava ao vento e os olhos verdes refletiam o brilho de um sol ausente. Sentiu-se poderoso, forte, e com muita coragem, saltou no espaço em direção ao infinito...
Planou por alguns instantes e logo se viu num lugar maravilhoso e soube de imediato que era o céu dos animais. Lá podia voar à vontade, como as aves no céu, como as borboletas. Tinha asas sim! Podia voar! Queria mostrar à sua dona, que o amava tanto, como estava feliz. Mas não conseguia entender o desespero dela olhando pela janela vazia, e o motivo de suas lágrimas despencando como gotas de chuva lá embaixo.
* Esta é uma história verdadeira, escrita em homenagem ao Lito, um gatinho amarelo e travesso, que um dia pensou ter asas como as borboletas. Mas eu tenho certeza de que agora, ele pode voar, além da ponte do arco-íris, lá longe, muito longe, noutra dimensão, onde fica o céu dos animais.
Mas ele não foi sozinho, levou um pedaço do meu coração...
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