Quando um poeta se vai...
Silvia
Oliveira
Na
verdade não apenas
se
despede deste mundo
pois
que todo seu legado
em
palavras-sentimento
livros-filhos
declamados
restarão no mar profundo
de
nossalma e nosso coração
REQUIEM A IRINEU
VOLPATO
Andre Bueno Oliveira
Um poeta de comportamento simples,
não significando, porém, que seus versos se qualifiquem com o mesmo adjetivo.
Foi um ferrenho garimpeiro das
palavras. Poetizava suas ideias com metáforas,
que após lapidadas, se desdobravam em outras tantas, e que às vezes
unidas entre si, deixavam muitos dicionários frustrados, irritados e
envergonhados.
Isso mesmo! Ele tinha
capacidade, audácia e ousadia de inovar
palavras. Com isso, essa suposta estranheza ia se transformando em versos
inteligentes, valorizados por muitos e negligenciados por poucos.
Com toda propriedade de ser poeta,
Irineu se beneficiou de um slogan latino, utilizado ainda na era em que viveu o
poeta Horácio: “Poetae omnia licet”. Traduzindo: “Ao poeta tudo é lícito.” (Horácio 65 a.C. - 8 a.C. )
Irineu: descanse em Paz
Lira
silenciada
João Baptista de
Souza Negreiros Athayde
(in
memoriam do poeta
Irineu Volpato)
E de repente,
um silêncio estranho, sibilino
desdobra-se, agiganta-se
E sem pedir licença
vai preenchendo todos os espaços
numa mistura
de angústia e perplexidade
Desse remoinho começa a despontar uma dor
vinda de mansinho... em sutilezas...
...e vai ficando
(até que o
tempo possa transformá-la
no acalanto
benfazejo da saudade).
...............
O poeta
silenciou sua lira
e foi ouvir seus versos ecoarem na eternidade.
O
Bem-te-vi e o PoetaIvana Maria França de Negri
Muito eu poderia escrever sobre o
amigo Irineu. Sobre seus mais de 80 livros, ensaios, hinos, contos. Sobre suas
poesias que tinham a marca inconfundível de um linguajar próprio, abusando das
liberdades poéticas que escorriam pelo
papel, e suas fotos, que eram poemas visuais.
Simples,
às vezes rude até, italiano teimoso e birrento, mas que ocultava sob o peito um
grande coração. Inventou de fazer poemantos, fotemas, motemas, e seu principal
assunto era mesmo a roça, a terra, as aves livres voejando no céu. Não colocava
título nos poemas, outra de suas marcas.
Pois
bem, no último dia quinze, sua alma passarinha alçou voo. Parentes e amigos
estavam a velar o corpo enquanto o padre dava a derradeira bênção. Nesse
instante de silêncio, despedida e dor,
ouviu-se um som estranho, vindo da janela do velório. Um bem-te-vi batia
o biquinho com força e insistentemente no vidro, até o padre falou algo sobre o
pássaro, que assim ficou até o final da bênção. Voejava, ia e voltava, batia o
bico na vidraça, até que partiu.
Todos
os presentes que assistiram a cena se emocionaram, pois ele amava as aves,
principalmente os bem-te-vis.
Consegui
captar a imagem da ave rapidamente com meu celular antes que partisse.
Mistérios
que põem a gente a pensar...
O poeta do bem-te-vi
Leia
Paiva
Imersa em meus
pensamentos
Revejo a cena da
tua partida.
Imensa dor me
invade no momento,
Não retenho as
lágrimas contidas.
Em lembrar que na
hora da tua despedida
Um bem-te-vi, com
várias bicadas repetidas
Veio à janela,
parecia que dizia:
O céu é teu
lugar!
Lendo e relendo
teus poemas
Preciosos livros
que nos fazem vibrar,
Acordando nossos
afetos, fazendo nossos corações pulsarem.
Trazendo à tona
nossos sonhos e ideais, absorvi
Oh! Poeta do
bem-te-vi, não dá para te esquecer jamais!
E o poeta se foi...
Lidia
Sendin
Pensei
métrica
Pensei
rimas
E em
tudo que reanima
Pensei
em arte e estética
Pensei
em quem ri e em quem chora
Mas
nem por um momento
Pensei
nas garras do tempo
Que
levou o poeta embora...