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terça-feira, 30 de abril de 2019

Para hoje


Daniela Daragoni Alves

Não quero grandes coisas
Coisas de valor, pra mostrar ou ostentar por aí
Para hoje quero boas vibrações
Pequenos motivos pra sorrir.

Para hoje quero perceber
Coisas que geralmente passam despercebidas
Pequenos raios de sol que entram pela janela
A brisa leve que balança as cortinas.

Quero notar as pequenas demonstrações de vida
O sorriso dos filhos assistindo seu desenho preferido
O gosto forte de café pela manhã
As diferentes emoções que se tem ao ler um bom livro.

Não busco fama, riqueza
Não busco impressionar ninguém
Porque finalmente aprendi que nessa vida
Você é o que sente, e não o que tem.

Chega de buscar respostas, geralmente  nunca as encontramos...
Para hoje só bons sentimentos, ser feliz até o limite, até onde der
Para hoje: Paz interior...

Para hoje... Fé

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Sim, o homem foi à Lua...


Olivaldo Júnior
Sim, o homem foi à Lua,
mas não sabe vir à casa
do outro lado dessa rua,
casa aberta noutra asa.
Sim, o homem foi à Lua,
mas repele o semelhante,
faz do próximo "antilua",
teme o sol do dia amante.
Há quarenta e seis invernos,
sim, o homem foi à Lua,
mas enfrenta céus internos



sem o voo que nos inclua
nesse feito como eternos

como o que nos perpetua

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Um pequeno amor




Olivaldo Júnior
Num canteiro assim,
entre a pedra e a flor,
foi que eu fiz pra mim
um pequeno amor.
Num cantinho assim,
entre a terra e o andor,
foi que eu quis sem fim
um pequeno amor.
Sob as asas mágicas
de um perfeito anjinho,
enxuguei as lágrimas
de uma flor sem ninho,
pequeninas páginas,
grande amor mindinho.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Pale Blue Dot



(Pálido Ponto Azul)
Elisabete Bortolin

Quando Deus olha de sua infinitude para sua criação vê inúmeros pontinhos azuis.
Quando Deus olha para a Terra também vê um pálido pontinho azul no qual dentro dele existem bilhões de almas que compõem este pontinho. Faço parte deste grão de areia que ajuda a formar a Terra.
Porém quando olho para o alto e vejo a imensidão do Universo onde mora Deus vejo quão grande é o Pai e Eu Sou feita à Sua imagem e semelhança embora sendo sua semente e se obedecer à Sua lei, posso obter tudo o que Ele determinar e sei que Ele sempre quer o melhor, o mais grandioso, esplendoroso para seu Filho Amado.
Então descubro que quanto mais pequena sou, se olho para Deus maior Ele me parece.

AMOR TRANSBORDANDO PELAS PONTAS DOS DEDOS *



M. Madalena Tricanico Silveira


Sento perto dela e não falo nada, só dou um sorriso tímido sentindo um verdadeiro envolvimento carinhoso pela nossa aproximação.
Olho  para suas mãos e me dá um desejo irresistível de tocá-las. Ela não se opõe. Olho atentamente – muito, muito  idosa,  aumenta meu carinho e minha curiosidade.
- Pega minha filha nesta mão que realizaram tantos benzimentos!  Você sabe que fui chamada para  explicar  meu benzimentos por dois padres? O primeiro foi na Igreja Bom Jesus do Monte e a segunda na Igreja São Judas Tadeu. Na primeira fui sozinha e na segunda eu já era mais idosa e levei meu neto junto, isto é, ele me acompanhou.
Eu fiquei curiosa para saber e lembrei aflita do tempo de “a caça às bruxas” e pela minha cara de espanto ela completou!
- Sabe o que eles disseram, os dois? Onde a senhora aprendeu? Na Itália, de onde eu vim para este maravilhoso pais!
- Vai em paz!  Isto não é benzimentos.   É uma oração muito forte e que a senhora deve rezar mesmo  e para todo mundo.
- O segundo ainda acrescentou – Deixa comigo que eu vou conversar de perto com “aquela” que te denunciou!
- Sabe que eu fiquei muito pensativa: denunciou? Falei para meu neto, denunciou  na delegacia? E meu neto respondeu: No nonna, deixa para lá o padre vai resolver.
- A senhora continuou sua missão? Perguntei.
Ah! Minha filha, como continuei com meus benzimentos e minhas orações: benzia “simioto”, quebrante, inveja, ciúmes, sapinho, ah! Eram tantos que não dá nem para contar. Quando as pessoas  ficavam felizes eu orientava elas também a rezarem e benzerem seus filhos e elas admiradas falavam “eu” a senhora tem certeza?
-Vou te ensinar, preste atenção: Pelo batismo nós nos tornamos sacerdote, profeta e rei ( sempre mistura algumas palavras em italiano), então pega a sua Bíblia,  ( fazia os gestos como se tivesse folhando uma), abre no livro Números e no fim do Capítulo 6,  “E Javé falou a Aarão: Vocês abençoarão seus filhos....entendeu?
- Tenha fé minha filha! Jesus já deixou tudo pronto e o Espirito Santo está aí para nos ajudar. Minha geração sabia que tínhamos três tipos de quebrante:  de amor, ódio e inveja.  Quando sabemos fica fácil de  lidar com eles.  Quantas vezes são os parentes que põem quebrante nas crianças. Pega a Bíblia e benze a criança enquanto dorme. Tem os que nos visitam e  gostam tanto dos nossos  vasos  e quando vão embora o vaso seca. Se você prestar atenção, dá o vaso para ela de presente.
Pergunto se ela gosta do Lar e ela responde rápido:
- Muito! Tenho  vários amigos e venho sempre aqui visitá-los. Dá licença que estou vendo uma amiga lá e vou conversar com ela. Qualquer dia venho aqui para ficar de uma vez por todas.
Fiquei olhando ela sair com passos firmes  e toda senhora do seu destino e me perguntei: esta era a muito, muito idosa da primeira vista?
“Eta comunidade feliz”.


*RETRATOS DA VIDA - Livro comemorativo dos 110 anos
do Lar dos Velhinhos de Piracicaba

domingo, 7 de abril de 2019

ACALMA


Patricia Neme

Serena, dor, serena teu lamento,
as flores não verão a primavera
A terra é morta...Já não tem alento...
Morreu pela tristeza que há na espera.

Serena, dor, abafa o teu tormento...
Não vês? A jura foi vã, insincera...
Entrega-te ao torpor do esquecimento
E entende: o amor é só tola quimera.

Os sonhos? Joga ao vento e dize adeus,
só guarda os passos dos caminhos teus...
E segue, mesmo além da tua vontade.

Serena, dor, serena, eis que amanhece...
Contempla o que o destino te oferece...

E apaga os rastros fundos da saudade.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Natureza literalmente morta


O poema abaixo classificou-se em quinto lugar no Concurso de Poesias de Capivari. 
Leda Coletti ficou em décimo lugar no mesmo concurso.
 Categoria Tarsilla do Amaral (maiores de 50 anos) 

   Carmen Pilotto

Entre os seixos pontiagudos
o cipreste altaneiro sobrevive
dolente ao sabor do vento leste
antevê o final dos tempos
e chora sua seiva caule abaixo
despejada no mar como silente murmúrio

O balouçar de seus galhos
somente sensibiliza marés
no ciclo do ir e vir infindos

Nada demove o homem do descaso
de mutilar o seu próprio universo
extinguindo pouco a pouco a energia
de uma terra sequiosa por cuidados...