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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Hoje é Dia da Saudade


Cartinha ligeira endereçada à Saudade
Olivaldo Júnior
Querida Saudade

            Sei que anda sem tempo para este poeta, este ser que lhe escreve meio às pressas, na hora do almoço, entre uma e outra garfada de arroz com feijão, marmita preparada pela mãe, que tanto amo, tanto a marmita quanto a mãe, é claro! Mas, se tiver um tempinho para mim, por favor, me deixe cumprimentá-la em seu dia. Sim, hoje é o Dia da Saudade! Sabia disso, menina? Inventaram um dia para você, só para lembrar que você existe e faz parte da vida.
            Já me nomearam de poeta do adeus há um tempo. Não acho que o seja, mas nomenclaturas e alcunhas são algo que não se escolhe. Assim, ao lado de Vinicius, de Cecília, de Bandeira, de Drummond, de Quintana e de tantos poetas cânones da Poesia dita Brasileira, saúdo você, Saudade, com as letras que aprendi na Escola! Saudade da primeira professora, Dona Zizinha, com quem a aprendi a ler e a escrever. Nem mesmo eu sabia que era poeta.
            Poeta, aliás, de forma geral, Saudade amiga, é amigo de você, que tanto ajuda a gente a ter assunto, afinal, como dizia Cecília, a Meireles, ”De que são feitos os dias? / - De pequenos desejos / vagarosas saudades, / silenciosas lembranças.”. Ê, Cecília, sempre certeira! É isso mesmo. Nossos dias são feitos de reminiscências, retalhos de vida que alinhavamos um no outro, para, ao fim da existência, na “noite da vida”, termos “coberta”.
            Sinto, amiga Saudade, muita saudade do que não fui, não consegui ser. E, além disso, da minha avó materna, dos meus avôs, da minha infância, quando eu não sabia nada de nada, e a vida era um acordar e ir para a escola, voltando para casa recolhendo flores de buganvília, a famosa primavera, só para ofertá-las a minha mãe ao chegar em casa. Saudade... Soluço abafado, lágrima exposta e logo enxuta, mas nunca estanque. Saudade, a grande saudade!
            Meu irmão pequeno, minha vida em cores, meu amigo que não chegou (meu burrinho azul, já que eu sou o menino azul, hehe), noites em que vi uma estrela cadente descendo à Terra, saudade, oh, Saudade, dos sonhos mais puros que não deram em nada! Sopro de ausência sobre todo o presente, você, Saudade, soluça comigo quando os olhos marejam e me perco em mim mesmo, no mar absoluto em que navego e, saudoso, transponho o meu mar.

Com saudade,
de algum lugar do passado,
Olivaldo

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Milagrar de flores


Crônica da segunda-feira
Olivaldo Júnior

Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:
quando cheias de areia de formiga e musgo – elas
podem um dia milagrar de flores.
Manoel de Barros, poeta brasileiro

E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles. Mateus 13:58

            Hoje, de manhã, no meu caminho habitual, na rua que ladeia a escola em que trabalho, vi uma porção de minúsculas flores se mexendo em fila indiana, como se fosse por mágica, ou, melhor ainda, por milagre. Eram florezinhas amarelas, bem miúdas, se movendo, tênues.
            Eu, quando vi aquelas florezinhas “caminhando”, sabia que, por trás daquela aparente mágica, ou radiante milagre, havia uma formiga, e mais uma, e mais outra, como se desfilassem pela calçada, tão esburacada quanto nosso ânimo em crer nos pequenos milagres.
            Particularmente, acho tudo um milagre. Não que não me revolte com muitas coisas que têm acontecido no mundo, mas aquele “milagrar de flores” que as formigas dessa segunda-feira me proporcionaram rendeu-me pelo menos uma crônica e o instante ao vê-las.
            Segunda-feira, aliás, tem tudo a ver com formiga. Ativas por natureza, vão e vêm o dia inteiro, como se a razão da vida delas fosse o trabalho. Workaholics, ou seja, viciadas em trabalho, lidam com as coisas como se a vida precisasse ser (re)construída a cada momento.
            Milagrar. Esse verbo, presente num poema de Manoel de Barros, poeta brasileiro, é um verbo bonito. Crer nos milagres também é milagrar um pouco. Eu já milagrei bem mais do que tenho milagrado hoje. Talvez, por isso mesmo, eu tenha visto de manhã o meu “milagre”.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Retrospectiva da Literatura em 2018

Retrospectiva da Literatura em 2018

Janeiro
O escritor e jornalista Cecílio Elias Netto lança mais uma obra: “250 anos de Caipiracicabanidade”, em dois eventos, um para a imprensa, no Museu Prudente de Moraes e outro para o público no armazém 14 do Engenho Central.

A escritora e poetisa Luzia Stocco lança o romance ficcional “Eles querem a ponte”

Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins, escritora e poetisa, autografa seu livro infantil “Patuskinho”  ilustrado pelas três netas: Isadora, Sophia e Agnes

Fevereiro
Gustavo Jacques Dias Alvim participa da retrospectiva Literária no Recanto dos Livros

Março
10 de março – Inauguração das novas instalações do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba no bairro Jaraguá

A escritora Ivana Mara França de Negri participa da retrospectiva Literária no Recanto dos Livros.

Abril
Pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, lançamento do livro  “Alma Libanesa, Coração Piracicabano” de Antonio Jorge Kraide, obra compilada pelo seu neto Victor Kraide Corte Real.

O poeta Esio Antonio Pezzato participa da retrospectiva no Recanto dos Livros.

Maio
Cecílio Elias Neto, com sua filha Patricia Fuzeti Elias e Arnaldo Branco Filho, lançaram “Mulheres Semeadoras de Cultura” no teatro do Engenho de Piracicaba

No dia 26, o  IHGP, através de sua presidente Valdiza Caprânico,  relançou a obra “ O Mestre da Terra”, na sede do Instituto, livro que retrata a vida de Hugo de Almeida Leme.

Os irmãos Newman e Douglas Simões são os convidados para a retrospectiva no Recanto dos Livros.

Junho
A Academia Piracicabana de Letras realiza no anfiteatro da Biblioteca Municipal, a posse da nova diretoria que tem como presidente Vitor Vencovsky e vice Cassio Camilo Almeida de Negri.

No SESC, lançamento do livro “Nosso Pecente, a Vida de um Grande Campeão” de autoria de Sonia Maria Fonseca B. Barretos.

Julho
28 - Lançamento da biografia do Monsenhor Juliani, pelo jornalista Edilson Rodrigues de Morais e apoiado pelo IHGP.
31 – Sessão magna do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba pelos seus 51 anos e 251 anos da cidade.

Agosto
Em sessão magna no aniversário da cidade, a Câmara de Vereadores de Piracicaba homenageou pessoas que se destacaram em suas áreas, entre elas a acadêmica e historiadora Marly Therezinha Germano Perecin.

15- Lançamento da 16ª edição da Revista da APL na sede do Instituto Beatriz Algodoal

15 - Falece Gustavo Jacques Dias Alvim, ex-presidente da APL causando grande consternação nos meios culturais.

18- Irineu Volpato participa da Retrospectiva Literária no Recanto dos Livros

No  8º Concurso Microcontos de Humor de Piracicaba/2018 vários piracicabanos selecionados: Luís Henrique Sacchi ficou com a segunda colocação e Kaykhe Florida, Eduarda Lazari Guidetti, Camilo Irineu Quartarollo, Rodrigo Castellani, Leda Coletti  e Francyne Michelle Ferreira dos Santos foram selecionados para a antologia.

Ivana Maria França de Negri ganhou Menção Honrosa – quarto lugar (46 clubes participantes de 26 cidades, 170 obras inscritas) no 8º Prêmio Nacional de Literatura de Clubes na categoria crônica, uma realização da Academia Paulista de Letras e FENACLUBES. Representante do Clube de Campo de Piracicaba.
O SESC de Piracicaba lança o livro de Ismael Xavier “Sétima Arte: um culto moderno”

Setembro
No auditório da Câmara de Vereadores,  mais um livro de Cecílio Elias Netto lançada , com a coautoria de Ronaldo Victória e Arnaldo Branco Filho: “ Cem anos de Imigração Japonesa em Piracicaba”.

A escritora, poetisa e artista plástica Elda Nympha Cobra Silveira recebeu o Troféu de Mérito Cultural Branca Motta de Toledo Sachs, de Literatura, entregue pela SEMACTUR a quem se destacou em sua área durante o ano.

Elda Nympha Cobra Silveira também ganhou menção honrosa na categoria Poesia no Concurso Literário “Poemar” de Pomerode Santa Catarina

No Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba foram lançadas no dia 22, duas obras: a Revista do IHGP e o Piracartum, uma homenagem aos vários cartunistas piracicabanos que participaram do Salão de Humor nos 45 anos de existência.

Falece em 24/09 o escritor e historiador Pedro Caldari, ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba e ex-membro da Academia Piracicabana de letras.

Laura Capaldi Arruda lançou na Biblioteca Municipal seu livro de contos e crônicas “Noturno” O presidente da Academia Piracicabana de Letras Vitor Vencovsky, participou das comemorações dos cem anos da imigração japonesa em Piracicaba com exposição de fotos no Shopping Piracicaba tiradas durante os anos em que morou no Japão.
Outubro
Em 4 de outubro Persio Faber lança “Rir é a Melhor Receita para Viver Bem” na sede da APDC

Em 6 de outubro Geraldo Victorino de França autografa o seu quinto livro da série “Aprendendo com o Voinho” no Recanto dos Livros

 Nos dias 19, 20 e 21 é realizada a terceira edição da FLIPIRA – Festa Literária de Piracicaba

Novembro
Gilberto Pompermayer lança o livro “Os tesouros do tempo”

Ivana Maria França de Negri lança pelo IHGP a Lenda da Inhala Seca para crianças com ilustrações de Ana Clara de Negri Kantovitz

O Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba apresenta a revista especial dos 50 anos do INGP com textos de vários colaboradores. Comemora os cem anos da Sapucaia e empossa novos membros.

Na sede do IHGP – Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba -  acontece hoje, às 10h,  o lançamento do livro JIC MENDES, ILUSTRADOR, escrito por José Ignácio Coelho Mendes Neto.

Dezembro
1 de dezembro – Confraternização dos acadêmicos da APL (Academia Piracicabana de Letras)  no Instituto Beatriz Oliveira Algodoal
15 de dezembro – Confraternização dos grupos CLIP e GOLP na Biblioteca Municipal

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Ano-Novo


NOVOS TEMPOS

Lídda Sendin

A vida é feita de tempo
Que nunca volta atrás,
Às vezes, ele é lento,
Às vezes, ele é voraz.

Pra alguns, o tempo é dinheiro,
Que pensam como ganhar,
Fazendo como o guerreiro,
Que só vive pra lutar.

Pra outros, a vida é ilusão,
O que buscam é sonhar,
Usando seu coração
Para rir e pra sonhar.

Porém, no tempo de vida,
Que é dado a cada um,
Toda hora que é perdida,
Não leva a lugar nenhum.

Do tempo que a vida tem,
Nada podemos levar,
Mas sabendo viver bem,
Muito se pode deixar.

Assim, que no Ano que vem,
No tempo que se refaz,
Cada ação seja pro bem,
Pra termos tempos de paz,







NO ANO NOVO
Lídia Sendin

Quero o vai e vem das marés:
Altos e baixos, côncavo e convexo,
Nada linear, nada com nexo.

Mais planícies cheias de montanhas:
Rios no meio do deserto,
Nuvens escuras, tempo incerto.

Dentro do silêncio, um ribombar fugaz:
O susto de um trovão,
O ritmo acelerado do coração.

Nada de “plácido repouso”:
“Brancas nuvens”, nunca mais,
Só passar por aqui, sem viver, jamais!

De que me adianta essa vã rotina:
Neurônios frouxos, sinapses petrificadas,
Mesmas ruas, mesmas caminhadas.

Não, ao mero desfilar de fatos:
Quero paixão, perplexidade,
Pois, para o descanso eterno,
Terei a eternidade.





Para o Ano Novo
Lídia Sendin

É Ano Novo,
Novinho em folha,
Começa agora, neste momento,
São novos dias, novas escolhas,
É esperança de um novo tempo.

As linhas brancas e paralelas,
No infinito vão se encontrar,
O que escrevo no meio delas
Dá pra rir, dá pra chorar.

O importante é que entre elas
Sempre se acha
Alguma coisa para mudar,
Reescrever, passar borracha,
Trocar linguagem,
Não desistir e com coragem,
Reinventar.

Algumas linhas ficam em branco.
Outras, de fato, estão repletas.
Se sinuosas ou se são retas,
Estejam cheias, ou incompletas.
Tudo isso, pouco importa.
Deus escreve por nós também,
Mesmo que a linha esteja torta,
Ele escreve, e muito bem!