As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Os cem livros essenciais da Literatura Mundial


Quais deles você já leu?

1. Ilíada, de Homero
2. Odisseia, de Homero
3. Hamlet, de William Shakespeare
4. O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes
5. A Divina Comédia, de Dante Alighieri
6. Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
7. Ulisses, de James Joyce
8. Guerra e Paz, de Leon Tosltói
9. Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski
10. Os Ensaios, de Michel de Montaigne
11. Édipo Rei, de Sófocles
12. Otelo, de William Shakespeare
13. Madame Bovary, de Gustave Flaubert
14. Fausto, de Johann Wolfgang von Goethe
15. O Processo, de Franz Kafka
16. Doutor Fausto, de Thomas Mann
17. As Flores do Mal, de Charles Baudelaire
18. O Som e a Fúria, de William Faulkner
19. A Terra Desolada, de T. S. Eliot
20. Teogonia, de Hesíodo
21. Metamorfoses, de Ovídio
22. O Vermelho e o Negro, de Stendhal
23. O Grande Gatsby, de Francis Scott Fitzgerald
24. Uma Temporada no Inferno, de Arthur Rimbaud
25. Os Miseráveis, de Victor Hugo
26. O Estrangeiro, de Albert Camus
27. Medeia, de Eurípides
28. Eneida, de Virgílio29. Noite de Reis, de William Shakespeare
30. Adeus às Armas, de Ernest Hemingway
31. O Coração das Trevas, de Joseph Conrad
32. Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
33. Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
34. Moby Dick, de Herman Melville
35. Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
36. A Comédia Humana, de Honoré de Balzac
37. Grandes Esperanças, de Charles Dickens
38. O Homem sem Qualidades, de Robert Musil
39. As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
40. Finnegans Wake, de James Joyce
41. Os Lusíadas, de Luís de Camões
42. Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas
43. Retrato de uma Senhora, de Henry James
44. Decamerão, de Giovanni Boccaccio
45. Esperando Godot, de Samuel Beckett
46. 1984, de George Orwell
47. A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht
48. Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont
49. A Tarde de um Fauno, de Stéphane Mallarmé
50. Lolita, de Vladimir Nabokov
51. Tartufo, de Molière
52. As Três Irmãs, de Anton Tchekhov
53. O Livro das Mil e Uma Noites
54. O Burlador de Sevilha, de Tirso de Molina
55. Mensagem, de Fernando Pessoa
56. Paraíso Perdido, de John Milton
57. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe
58. Os Moedeiros Falsos, de André Gide
59. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
60. O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde
61. Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello
62. As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll
63. A Náusea, de Jean-Paul Sartre
64. A Consciência de Zeno, de Italo Svevo
65. Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene Gladstone O�Neill
66. A Condição Humana, de André Malraux
67. Os Cantos, de Ezra Pund
68. Canções da Inocência-Canções da Experiência, de William Blake
69. Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams
70. Ficções, de Jorge Luis Borges
71. O Rinoceronte, de Eugène Ionesco
72. A Morte de Virgílio, de Hermann Broch
73. Folhas de Relva, de Walt Whitman
74. O Deseros dos Tártaros, de Dino Buzzati
75. Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
76. Viagem ao Fim da Noite, de Louis-Ferdinand Céline
77. A Ilustre Casa de Ramires, de Eça de Queirós
78. O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar
79. As Vinhas da Ira, de John Steinbeck
80. Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
81. O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger
82. As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain
83. Contos – Hans Christian Andersen
84. O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa
85. A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne
86. Uma Passagem para a Índia, de Edward Morgan Forster
87. Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
88. Trópico de Câncer, de Henry Miller
89. Pais e Filhos, de Ivan Turguêniev
90. O Náufrago, de Thomas Bernhard
91. A Epopeia de Gilgamesh
92. O Mahabharata
93. As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino
94. Oh The Road, de Jack Kerouac
95. O Lobo da Estepe, de Herman Hesse
96. O Complexo de Portnoy, de Philip Roth
97. Reparação, de Ian McEwan
98. Desonra, de J. M. Coetzee
99. As Irmãs Makioka, de Junichiro Tanizaki
100. Pedro Páramo, de Juan Rulfo

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Impermanência *


Ivana Maria França de Negri

     Uma das passagens bíblicas mais belas se encontra em Eclesiastes 3:1-8.
            “Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há o tempo de plantar e o tempo de colher, o tempo de chorar e o tempo de rir, há o tempo de amar e o tempo de odiar, há o tempo de falar e o tempo de calar, o tempo de construir e o tempo de desconstruir, há o tempo de espalhar pedras e o tempo de juntá-las, há o tempo de guardar e o tempo de jogar fora, há o tempo da guerra e o tempo da paz, há o tempo de abraçar e de se distanciar, há o tempo de viver e o tempo de morrer...”
            E eu acrescentaria muito mais... Há o tempo alegre da infância, o tempo dos arroubos da juventude e o tempo da reflexão na velhice. O tempo das pernas fortes para caminhadas e o tempo de pernas trêmulas, que precisam do auxílio de uma bengala.
            Há o tempo da estiagem e o tempo das cheias, o tempo da escassez e o tempo da fartura. O tempo da luz e o tempo da escuridão.
            Há o tempo da crise e o tempo da bonanza.  O tempo de vociferar e o tempo de silenciar. Há o tempo de trabalhar e o tempo de aposentar. Há o tempo de sonhar e o tempo de tornar real.
            E nenhuma folha cai de uma árvore sem que tenha chegado o seu tempo.
            E essa alternância é que faz a magia da vida. Só podemos dar valor às coisas quando elas nos faltam. Se não tivéssemos a escuridão, não daríamos valor para a claridade.
            Quando chove bastante, sentimos falta do calor do sol. Mas quando o sol é causticante por dias ou meses seguidos, e a chuva chega, dizemos que é abençoada.
            Brigamos e implicamos com as pessoas que vivem sempre ao nosso lado. Mas quando, por algum motivo, vão para bem longe, sentimos uma saudade imensa e queremos sua presença de volta.
            Aprendemos com a vida que nossa ligação com as coisas existe por um tempo apenas, jamais será eterna. No Budismo, usa-se o termo “impermanência” para essa experiência de ligar-se e desligar-se de todas as coisas. O Tempo conta o tempo diferente de como contamos nosso tempo.
            Até um relacionamento amoroso, que foi rotulado de “felizes para sempre”, um dia cessa, seja porque a paixão esfriou, o amor declinou, por desgaste, ou mesmo pela maneira mais drástica, a morte. A vida é a coisa mais impermanente que existe.
            E tudo é perfeito e maravilhoso em sua impermanência.
            E tudo é milagroso e justo, porque os ciclos se alternam. Existe um ditado popular que diz: “Não há bem que sempre dure e nem mal que seja eterno”.
            Tudo é temporário, transitório e efêmero.
            Nada é para sempre. E nem deve ser.

* texto publicado na Gazeta de Piracicaba

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Qual livro você está lendo?


Carmen Pilotto, poetisa e escritora




Qual livro você está lendo?  

Título: Essencialismo – A disciplinada busca por menos
Autores: Greg McKeown, tradução de Beatriz Medina
Número de páginas: 272
Editora: Sextante
Comprei na Livraria Nobel


Resumo:

O livro alerta sobre a sobrecarga de atividades, e se o seu tempo parece servir apenas aos interesses dos outros. Trata-se de uma estratégia de gestão de tempo e para que possamos dar a maior contribuição possível àquilo que realmente importa;

Opinião:
Gosto de desafios de mudanças comportamentais, que sugerem otimização de atividades e melhoria na qualidade de vida. O texto direciona para um equilíbrio na qualidade de vida quando você aprende a reduzir, simplificar e manter o foco em nossos objetivos . Estou gostando muito porque não é de autoajuda e sim uma metodologia científica muito eficaz.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Qual livro você está lendo?


Escritora e poetisa Aracy Duarte Ferrari


Nome do livro:
O Futuro da Humanidade

Autor: Augusto Cury

Número de páginas: 249

Editora: Sextante

Resumo em poucas linhas:
O autor é psiquiatra, pesquisador e escritor. Através do estudante de Medicina Marco Polo, faz análise criteriosa dos comportamentos humanos, assim como dá as soluções para alterá-los. Afirma que é necessário viajar dentro de nós propondo atingir um mundo melhor.

Sua opinião sobre o livro:
Como aprecio psicologia, sinto que em cada capítulo aprofundo-me e descubro novos comportamentos. 

Alguém indicou, emprestou, deu de presente ou o livro foi comprado?

Ganhei de minha nora Kátia no dia do professor

Qual livro você está lendo?


Lídia Sendin, poetisa e escritora


Qual livro você está lendo? 

Título: Basta de Cidadania Obscena
Autores: Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas
Número de páginas: 109
Editora: Papirus 7 Mares
Comprei na Livraria Nobel

Resumo:
O livro é um diálogo entre Cortella e Tas em que os dois debatem sobre uma cidadania que consideram obscena, isto é, fora de cena, dissimulada, vexatória e vigente nas relações interpessoais e principalmente na política. Fala do perigo da era digital na formação de opiniões e de verdades disseminadas por uma ferramenta manejada por um ser humano vivendo num mundo cheio de  “achologias”, com a profundidade de um pires, como coloca Cortella, falando da importância da comunicação a serviço da boa cidadania.
Chama a atenção para o mundo “photoshopado” das redes sociais, onde todo mundo é bonito e feliz e da velocidade que impede o leitor de usufruir o que é bom ou de raciocinar e eliminar o que é ruim. Mostra ao leitor a diferença entre conflito, uma divergência que pode levar a um consenso, e o confronto que tenta sempre anular o outro. Todos querem pertencer a uma comunidade, mas pertencer é ser propriedade, sem voz ativa. O que se deve querer é participar, viver junto, como opostos em harmonia, como um violino e um címbalo, tão diferentes, mas que dão harmonia ao som de uma orquestra. É preciso haver certa simbiose, quando um se importa com o outro e faz questão de caminhar no mesmo compasso. 
O que temos na política brasileira é uma “democracida”, um assassinato da Democracia, pois, esta, na verdade é fazer o que a Lei determina e não o que se quer. O que temos aqui, diz Cortella, é uma “política patife” com total ausência de simbiose, pois ela não se preocupa  nem um pouquinho com a cidadania.
Opinião:

Porque gosto do estilo filosófico com que Cortella trata de todos os assuntos, achei todas as colocações verdadeiras e preocupadas com o rumo desgovernado da mídia, das redes sociais, com o desinteresse total da maioria dos políticos, que nós mesmos colocamos lá, e com os cidadãos que, sem líderes formadores de opinião, buscam na “rede” inverdades largamente propagadas. 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Impressões de Projetos Escolares


Leda Coletti 

“Educação é vida”
(John Dewey)

Foram horas de enriquecimento pessoal as que passamos na Escola Estadual Dr. Prudente no dia 06 de dezembro de 2017.
Gentilmente convidadas pela eficiente e dinâmica diretora da instituição, Sra. Christina Negro e suas eficientes coordenadoras pedagógicas, tivemos oportunidade de contatar professores das áreas de ciências exatas, humanas e biológicas, que além de desenvolverem o currículo escolar exigido pelo calendário escolar, orientam seus alunos na consecução de projetos educativos, selecionados por interesse dos mesmos e visando a integração entre as áreas de conhecimento.
Em ambiente participativo professores e alunos inicialmente expuseram aos demais colegas o que prepararam durante o semestre, a partir da escolha do tema e assunto a ser estudado e pesquisado. Depois houve o momento da apresentação dos trabalhos realizados, expostos e demonstrados por eles nas salas de aulas. Em todas tivemos surpresas prazerosas.
Na de fotografia pudemos sentir como viajaram e conheceram um pouco os costumes, hábitos, vivência dos habitantes dos diferentes continentes e países, fotografando e situando –os no espaço físico, através de mapas geográficos. Também destacaram por meio de fotos o ambiente em que estudam, focalizando a praça e o que nela viram: aspectos positivos e negativos.
Em outra, experimentamos um chá preparado com as ervas medicinais expostas na sala, ao qual incluíram frutas. Delicioso! Os monitores - alunos explicaram a importância das plantas para o organismo humano, destacando inclusive o modo de usá-las.
Ficamos surpresas e encantadas com a integração entre os professores de língua portuguesa, inglesa e educação artística, quando assistimos a peça “A bela e a fera”, num cenário de floresta, com castelo (representaram-no com maquete da   principal fachada da escola) e todos os personagens da história, utilizando bonecos de fantoches confeccionados com caixas de leite recicladas. Realmente o mundo da magia foi contado e vivido pelos artistas que dialogaram e cantaram com muita habilidade em ambas as línguas.
Iniciação filosófica, por meio do estudo dos antigos filósofos foi o modo escolhido para um grupo de alunos refletir sobre as diferentes concepções do conhecimento, com destaque para o significado da democracia. Animados explicavam aos visitantes os conceitos aprendidos.
Painéis de diferentes profissões mostraram que houve palestras e visitas a locais que permitiram aos jovens estarem se familiarizando com as mais variáveis, sobretudo as que oferecem mais campo de trabalho atualmente.
Infelizmente não pudemos ficar por mais tempo e visitar todas as salas, mas soubemos que havia as localizadas no pátio, envolvendo atividades físicas e manuais e a de robótica, que vimos na passagem totalmente lotada, evidenciando o interesse dos jovens por novidades.
Tivemos oportunidade de conhecer alguns alunos que já se destacaram em representações da escola no município e em nível estadual; também nos foi revelado que a escola visitada é uma das poucas de Piracicaba beneficiada com período integral, classificada como uma das melhores  do estado de São Paulo.

  E por tudo que vimos e sentimos nesta convivência tão agradável de algumas horas, concluímos que o resultado não poderia ter sido outro. Parabenizamos todos: corpo administrativo, docente e discente e mais uma vez, externamos uma alegria imensa, pois o que sempre sonhamos - uma escola onde todos estudam com prazer- existe bem perto de nós e nos faz ter esperança de outras semelhantes num futuro não muito distante. 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

RITUAIS

Leda Coletti

O mundo e ritos,
lendas,   milagres,
o povo e os mitos.

O valor universal,
o individual,
o empírico,
o científico.

O tudo,
o nada,
o celestial,
o banal.

Manifestações tribais,
ancestrais,
atuais.

Leis naturais,
sociais
finitas,
infinitas...

Serão tentativas
úteis, válidas
para explicar
o ser?

ou o não ser?

A MENINA MÁ E O SAPO

                                  

                                                                         Eloah Margoni


    Quantas circunstâncias ou momentos nossos são constrangedores, vergonhosos!  Algumas de tais situações ou cenas ficam profundamente guardadas no subconsciente e é mais do que certo nunca virem a público nem aparecerem nas redes sociais, sendo tal o mais prudente e sensato. Essas são meios e locais para autoafirmações.
   Ignorantes e cultos, falsos, vazios, limitados, honestos e desonestos, grandes ou pequenos falamos maravilhas sobre nós. Somos os depositários mores de qualidades, de fascínios, sejamos lá quem formos e por mais medíocres e comuns que, de fato, o sejamos. Mesmo entre os diferenciados, pequenos desastres particulares e derrotas individuais, maldições até surgem, tudo devidamente ocultado, pois não há justificativa para confissões ou autodepreciações públicas. Seria essa a pior das tolices, exceto numa única circunstância a meu ver: se as palavras puderem talvez um dia se tornar literatura e, portanto, arte.  Jean Genet e seus piolhos concordariam com isso, assim como Fernando Pessoa e as tertúlias. Bukowski e suas garrafas também, muito. Quanto à Anaïs Nin, teria de consultá-la...  
     Acreditem se quiserem, já fui noiva, o que por si só é estado meio ridículo. Não simples alianças de compromisso como quando estamos apaixonados, mas aquelas de ouro, após formalidade em que o moço pedia a jovem em casamento e sempre havia grande ou pequena festa. Tinha, à época, quase dezoito anos. Lembro-me do vestido, pesado, de uma cor que se cobrem os santos na quaresma, cor absurda e densa que combinava com o momento. Mas como chegara eu a ele? Quando mal completados dezessete entrara na faculdade, minha primeira. Era tímida, estudiosa, protegida, criada de acordo com os princípios conservadores vigentes. Deles não gostava, confesso, mas corri seriamente o risco de nisso me enredar se o casamento tivesse vingado. Não vingou, graças ao sapo, assim denominarei o ex-noivo, e não apenas pelo simbolismo das fábulas mas porque realmente parecia-se com um, embora eu nada tenha contra os batráquios. Ele, baixote e feioso, contava vinte e sete anos. Escolheu-me não só por minha ingênua pureza mas também (e hoje creio nisso) por ser de família conhecida na cidade, mesmo sem grandes posses. Do último detalhe ele não sabia ao certo. O moço, que vinha de fora e estava na mesma turma, cercou-me. Era muito bajulador, especialmente dos professores, desejava chegar a uma cadeira da universidade penso eu e, assim, bajulava. A mim também. Elogiava-me sempre, mesmo quando nem deveria.  Bonita era qualquer coisa que eu usasse, mesmo se feia, elegante mesmo se troncha e, conquanto tratasse melifluamente a todos, era maledicente. Uma vez brigamos por ter ele falado mal de certa mulher que pouco conhecia, pelo comportamento sexual desta. Mesmo que tivesse algo a ver com ela, isso não se faz. Foi naquele momento que o noivo começara-me a ficar insuportável e eu “feminista”?  Não sei; contudo continuei covarde, pois muito reservada, via apoio em ter alguém a meu lado, e esse foi o que chegara antes.
      A coisa prosseguiu e ... casamento marcado. Nesse meio tempo ele, felizmente, arrumou outra que o interessou mais, rompeu o noivado usando certos artifícios para tal, mudou-se de cidade e de curso. Apesar de o fato ter-me afetado na ocasião, não fiz grandes protestos e nunca voltei a procurá-lo. Por motivos pouco corajosos, fiquei transtornada de início. Horrorizava-me estar no “centro de atenções”, dos comentários, das fofocas que corriam a cidade de cá para lá. Assustava-me muito ainda a vida universitária, mas a abracei em seguida.
                Anos e anos intensos e repletos rolaram. Há seis deles escreveu para meu endereço eletrônico (que toda gente descobre quando quer!), já bem mais velho. Parabenizava-me pelos livros editados e pelas poesias, queria adquirir cinco exemplares do romance Babel, dizia. Contava-me de seus familiares, que eu conhecera mas dos quais pouco me lembrava. Mandou número de telefone, pedindo que eu ligasse. Acrescentou que tinha uma filha a qual viria viver com ele, pois sofria de artrite grave. O que tinha eu com tudo isso? Adivinharam: nada. Coisa alguma a esse respeito me interessaria se, durante tantos anos, quando raramente me recordava dele era só para ter horror à ideia de nos termos casado, e pior, de ter tido eu filhos. Claro que nunca lhe telefonei e, apesar de responder de modo frio a mensagem, abstive-me de ser cruel. Disse apenas que só depois dele sumir começara a ser eu mesma, que estava admirada do contato e me punha a imaginar que, para fazê-lo, ele deveria ter algo muito interessante a colocar. Não deve ter sido o que o gajo esperava e, assim, calou-se.
     Há poucas semanas, por mero acaso, ouvi falar da sua morte, e esta informação se confirmou. Falecera em 2013, de certa patologia. Pude então encontrar nova razão para aquele contato que fizera. Provavelmente por puro interesse em si mesmo, pois já estava doente, na altura, e eu na área médica. Estranho foi o ataque de raiva, intenso mas ao menos não persistente, que a notícia do falecimento me causou.  E do que teria eu tanto ressentimento, afinal? Isso ensejava análises.
      A zanga era comigo mesma.  Lamentava não ter sido ainda mais dura anteriormente com ele. Mas por que motivo, afinal? Mágoa pueril pela antiga rejeição acompanhara-me? Não, jamais. A ojeriza à lembrança de ter sido noiva do sapo sempre existiu. Então o que seria? Ah! sim, não fora eu a romper o risível noivado, e isso era algo doloroso de saber! Minha salvação dependera dos caprichos do outro, e tal desaguava na simples vaidade, no orgulho? Só à primeira vista era assim, conclui. Dissecando melhor, via não ser essa a verdade total; havia a noção de um perigo real, temor por minha única e (à época) jovem vida. Era medo tardio intenso por um passado que nunca existiu mas poderia ter existido, senso de responsabilidade sobre as escolhas más e sobre entrar em fria. Com que então, dependera eu somente do sinuoso “destino” para escapar da cilada?  Porém vejamos mais ainda o assunto. Presa de um mistificador pleno de conversa doce estava eu, mas causei complicações ao ver suas características hipócritas.  Tornara-me ainda mais fechada e nunca ia visitar as casas que ele sugeria para alugar; detestava as fachadas de todas... Enfim, quero crer que criara um ambiente bem propício para a não efetivação do casório. Mas mesmo que assim não fosse, por que não estar feliz só pela interferência salvadora do acaso? Por mérito, sorte ou um lance de dados, estava sã e salva!
      Alguns dirão que não existe acaso, outros garantem que sim. Sobre cada tópico psicológico ou derivação colocada teríamos muitas digressões a fazer. Ensaios, conjecturas, crônicas e pequenos contos maçantes poderiam ser escritos, num desdobrar sem fim que interessaria a alguns ou embotaria a mente de outros, mesmo dos melhores teóricos. Mas, provavelmente tudo soaria como um complexo e extenso rol de coloridas inutilidades, como de sólito.

       

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

NOSSO CARNAVAL


Elda Nympha Cobra Silveira

O Carnaval brasileiro é muito diferente daqueles que existem em outros países, talvez porque o nosso tem nas suas origens, a influência da cultura dos escravos africanos, que nos legou ainda, costumes sociais, gastronômicos, artísticos e religiosos. Nos carnavais estrangeiros, se bem que, atualmente, tenham inserido nestas festas muito da cultura brasileira, a música é morna, o ritmo é um hiato entre o minueto e o rock, ou entre o reagge e o soul music. Nada que tenha sequer longínqua semelhança com os instrumentos usados nas nossas escolas de samba, como o surdo, a cuíca, pandeiro, ganzá, reco-reco, tamborim, e muitos outros.
Não tenho nada contra uma festa de Momo sem samba, sem batucada e sem mulatas, ingredientes imprescindíveis, desde os primórdios do Carnaval brasileiro, definido, desde os tempos coloniais como um rito de passagem, uma grande brincadeira, que se iniciou, longinquamente, com os afoxés, de fundo religioso, e por isso mesmo, proibidos e combatidos severamente, e mais modernamente, os entrudos, que eram uma festa de rua, da qual participavam ricos e pobres, brancos e negros.
A partir da década de 20, as guerras de limão-de-cheiro, de farinha de trigo e de água perfumada, que tinham tornado o nosso tríduo momesco inconfundível, ganha os salões dos ricos senhores de engenho e das famílias abastadas para tornar lendários o baile carnavalesco e as marchinhas, músicas alegres, despretensiosas, que satirizavam a vida e a política de forma ácida e mordaz. Chiquinha Gonzaga foi a precursora das marchinhas, que hoje puxam o cordão infinito de milhares de composições e centenas de autores, como Ary Barroso, Zé Ketty, Braguinha, Colombina e muitos outros.
Nos carnavais aqui de Piracicaba dos anos 40 e 50, o ponto alto era o corso, uma espécie de desfile de carros de passeio pelas ruas da cidade. Certa vez, no Bairro Alto foi construído um leão enorme para ornamentar o caminhão da “Turma do Leão”, que participava anualmente do corso e usava o slogan “Sossega leão!” Um outro carro foi ornamentado como o quarto de harém, com sultão e lindas odaliscas recostadas em almofadões de cetim, semi-escondidas atrás de cortinas transparentes, para ilustrar a letra da marchinha: “Vem odalisca pro meu harém/Vem, vem, vem./Faço o que você quiser/Pelas barbas de Maomé/Não olho mais para outra mulher”. Tudo tão simples e tão modesto, que hoje pareceria até ridículo, como a brincadeira de espirrar jatos de lança-perfume da marca “Rodouro” nas partes íntimas dos brotinhos, que se arrepiavam e soltavam gritos por causa do líquido gelado.
O moderno Carnaval perdeu toda a sua ingenuidade e se transformou em mega-espetáculo, exclusivo para turistas, como podemos ver nos luxuosos desfiles que engalanam os sambódromos do Rio e de São Paulo. Nada que possa lembrar, nem de longe, o deslumbramento dos desfiles de Piracicaba, aplaudidos entusiasticamente, por seus carros alegóricos muito bem feitos, ora a réplica singela dos nossos bondes, ora um carro mais luxuoso, que desciam a Rua Boa Morte.
Na década de setenta o carnaval de rua de nossa cidade era um dos mais comentados do interior. Famílias inteiras da sociedade local desfilavam nos carros alegóricos, ou no chão, mostrando muito samba no pé, num grande congraçamento, muito descontraídos e eufóricos. Lembro-me de uma comissão de frente formada por homens elegantemente vestidos de smoking e cartola. Nessa época, vinham para cá muitos artistas globais, como o casal Tarcísio Meira e Glória Menezes, Hélio Souto e Pepita Rodrigues, o jornalista Giba Um, o jurado de TV Décio Pitinini e muitas outras celebridades da capital e de cidades vizinhas, para assistir e participar dos desfiles de rua e curtirem os bailes do Clube Coronel Barbosa, que era muito prestigiado.
Foi uma época marcante do nosso carnaval piracicabano, que teve a Neidona como a foliã por excelência, e as escolas de samba, entre elas a Zoom-zoom e a Equiperalta como as instituições que sempre procuraram manter vivo o nosso carnaval!


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Qual livro você está lendo?


Qual livro você está lendo?
Escritor e jornalista Edson Rontani Junior



Autor da foto:  Gabriel de Godoy Rontani
Nome do livro que está lendo: São dois – FRANK SINATRA – A ARTE DE VIVER / FUMAÇA PURA
Autor: O primeiro é de Bill Zehme e o segundo de Guillermo Cabrera Infante
                                                                                       

Número de páginas: 258 (Sinatra) / 424 (Fumaça)

Editora: Ediouro (Sinatra) / Bertrand Brasil (Fumaça)

Resumo em poucas linhas
A Arte de Viver é um depoimento de Frank Sinatra feito nos anos 1960 sobre sua vida agitada, diante do mundo do entretenimento, no qual ele fala sobre a fama, poder e dinheiro. Fumaça Preta é uma série de crônicas iniciada em 1492 quando o fumo foi apresentado ao colonizador europeu pelos índios americanos. Divertidas histórias de famosos que cultuaram o vício do fumo.

Sua opinião sobre o livro
São livros que li resenhas em publicações com a revista Veja e que me aguçaram a curiosidade. Provocaram reedições, daí minha curiosidade maior: se vendeu um vez e provocou uma reedição, deve ser bom. Ambos os livros esmiúçam a vida particular de artistas, famosos e outros, algo que eu gosto muito.

Alguém indicou, emprestou, deu de presente ou o livro foi comprado?
Foi comprado, por indicação do que li na mídia.

Sinatra foi comprado na Feira do Livro de Águas de São Pedro e Fumaça Preta na banca de ofertas da Nobel do Tívoli Shopping (Santa Bárbara d’Oeste)