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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

domingo, 5 de novembro de 2017

5 de novembro: Dia Nacional da Língua Portuguesa


Na ponta da língua 
 Olivaldo Júnior  

O que Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste têm em comum? A resposta está na ponta da língua: a Língua Portuguesa. O idioma de Camões e do analfabeto, a língua que cheira a azeite, o código que (de)cifra nossa alma, a Língua Portuguesa tem seu dia no Brasil em 5 de novembro, mesmo dia em que nascera Rui Barbosa, importante literato brasileiro, famoso por viver estudando a língua em que todos os lusófonos reluzem. Reluzem como José, Saramago, que escreve torto por linhas certas e acerta em cheio: a cegueira do homem é sua falta de amor. Bingo! 
Quem escreve em português sabe como essa língua é astuta. Qual lobo em pele de cordeiro, corteja o poeta, seduz o escritor, engana quem dela se julga senhor. Mal sai o sol, mal chega a lua, dia a dia, noite adentro, quem lida com a língua vive à míngua, numa fome de tê-la no âmago, na parte mais frágil do estômago, só para ver se mata a fome de ser quem experimenta ser ao estar enfeitiçado por ela. Como era mesmo chamado Machado de Assis? Ah, lembrei! De "Bruxo do Cosme Velho". E Clarice Lispector? De feiticeira, ou seja, bruxa. Bem, talvez esses grandes autores tenham se tornado assim para lograr a língua que temos. 
A Lei nº 11.310, de 12 de junho de 2006, é a lei brasileira que institucionaliza o dia 5 de novembro como a data oficial para nos lembrarmos daquela que jamais nos esquecemos. Na voz serena da mãe ao pé do berço e na voz suave do pai a nossa mão (a quem acudimos com os primeiros sons guturais de nossa fala), no canto cívico em dia pátrio na escola, na cola que o amigo nos passa em dia de prova, na jura de amor declarada ao primeiro eleito (bem ao pé do ouvido), no "sim" que ofertamos ao que nos conquista e no "não" que entregamos ao que nos repulsa, a língua que temos nos tem e fala por nós e, às vezes, nos tolhe e nos cala. 
Ensinar alguém a falar e a escrever melhor era uma meta a ser atingida. Aí, os revezes da vida viraram meu barco e, igual a Camões, que, entre salvar o manuscrito de Os Lusíadas e sua amada Dinameme, preferiu salvar o primeiro, preferi salvar a mim mesmo, e meu sonho foi ficando distante. "O homem atrás do bigode / é sério, simples e forte. / Quase não conversa. / Tem poucos, raros amigos / o homem atrás dos óculos e do bigode."... Drummond, Drummond!... Se eu tivesse bigode e usasse óculos, seria o homem que ele descreve em seu famoso poema. O homem que fala e escreve em idioma português sua insistência brasileira.   
Vaga-lumes deles mesmos, sabiás na janela do Face, do Instagram e do Whats, cantam sem música por um pouco de amor, um mero olhar de outro vaga-lume, próximo sabiá, semelhantes a eles em sua "praia", em triste fado. Igualmente tristes, nós, os pretensiosos desenvolvedores da língua, citamos e vivenciamos Bandeira, macaqueando a sintaxe lusíada, que está na ponta da língua, a mesma com que lambemos as horas, todas as rosas, flores e espinhos da Língua Portuguesa. Nós, bruxos, feiticeiras, solitários e sem ninguém, que acendemos outra vela, ou um lampíão qualquer, e começamos a (a)fiar nossa lusa "espada". 


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