As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Cães do carroceiro


Alfredo Cyrino

Homem e carroça.
No lixo, a vida, reciclável.
Cansaço, desalento, persistência.
Não existe a opção de morte.

Cães seguindo dono,
lentamente, cabisbaixos.

Companhia, proteção, reciprocidade,
em suas esqueléticas fragilidades,
compartilhando água, refeições,
abrigos, descansos, corações,
alguns farrapos, muitas feridas,
sem maldizer tantas iniquidades,
há somente o hoje em suas vidas.

Em seus olhos, as dores caladas
dos destinos selados pela invisibilidade
aos olhares urbanos apressados.

Em seus passos, o rumo sempre incerto
pelas ruas da fé, ruas da sorte
que haverá de estar em cada lixo aberto,

pois não existe a opção de morte.

terça-feira, 26 de abril de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

Um anjinho português


Olivaldo Júnior

        A pequena crônica que lhe escrevo agora é de um anjinho que conheci dobrando a rua de casa, quando eu ia para o trabalho. Ninguém mais o viu, só eu. Cabelos encaracolados, cheirando a azeite extravirgem, era, sem talvez, um anjinho português.
        Pediu, por gentileza, que eu lhe desse um tostão de meu tempo para ouvi-lo, e ele embarcou comigo no "bus" que tomo todas as manhãs. Sentadinho ao meu lado, contou-me que seus amigos lusitanos, outros anjos como ele, o deixaram cá, neste Brasil de meu Deus, para ver se se arranjava melhor, ficando mais independente, mas ele queria ter o sal do mar de Camões.
        O anjinho, numa virada mais brusca, invocou Nossa Senhora de Fátima, pedindo a ela que nos guardasse a todos, como aqueles três pastores que a avistaram e, dos olhos, nunca mais a tiraram. Amém, eu lhe disse. E ele estava com saudade.
        Fazia tempo que não comia um bom bacalhau, nem pasteizinhos de Belém, muito menos toucinhos do céu, e sentia falta de um cálice de vinho do Porto, para abrir seu apetite, celestial e europeu, ora pois! O pobre, em vez de harpa, era a guitarra portuguesa que entoava, trazendo à tona velhos fados, lindos e tristes, que um marujo português ensinara a ele outra noite, lá.

        Quando o ônibus chegava perto de meu trabalho, o anjinho, declamando Pessoa, sumiu no ar como a fumaça de alvas nuvens, altas demais para o nosso entendimento, e nunca mais o vi. No banco, uma pena, verde-rubra, me deixou, e "só"...

quinta-feira, 21 de abril de 2016

IDADE

  
 Marisa Bueloni

Você me lembra
os anos sessenta
a juventude saindo pelos poros
a vida e seu futuro

Você me reporta
ao sonho do passado
à calça boca de sino
e um colar de couro

Você me inspira
a lua mais bela
a noite sem medos
e a canção infinita

John Lennon existia
o mundo trepidava
- Do you wanna dance?

E num baile
cuba-libre
éramos livres
para praticar a esperança

Você me tomou
em seus braços
e éramos feitos
da mesma matéria dos sonhos

Matéria frágil
- este lado virado para cima
- cuidado!

Soltei sua mão
e me perdi pelo salão

Eu queria
plantar uma árvore
escrever um livro
ter um filho

A árvore não vingou
meu livro encalhou por aí
- só as filhas brilham

Envelheci na cidade
- feliz aniversário para mim

que já não tenho idade

quinta-feira, 14 de abril de 2016

MEU BRASIL BRASILEIRO!


Ivana Maria França de Negri

            Prometi a mim mesma que não ia escrever sobre política ou políticos... Mas meu coração verde amarelo anda tão amargurado que precisa desabafar.
            Nunca se viu na história deste país tanta corrupção, tanta roubalheira e tantas falcatruas.
Eu amo este país forte, impávido e gigante pela própria natureza. E esse sol da liberdade, que em raios fúlgidos, brilha no céu da pátria amada e idolatrada.
Mas vendo o que estão fazendo com ele, não dá para ficarmos deitados em berço esplêndido. É preciso conquistar com braço forte, de volta o verde louro da nossa flâmula, lindo pendão da esperança, símbolo augusto da paz.
Brava gente brasileira, que longe vá o temor servil. Ou fica a pátria livre dos corruptos e ladrões, ou morre-se pelo Brasil!
Muitos já tombaram nas trincheiras...
Eis que surge a operação Lava-Jato, como uma luz no fim do túnel para fazer uma faxina, limpar nosso país de ponta a ponta da corrupção, para varrer para bem longe toda essa sujeira. E quanto mais e mais tampas de esgoto vão sendo abertas, mais podridão aparece. E eu fico enojada ao constatar com que cara de pau rouba-se dinheiro deste povo sofrido, que paga direitinho seus impostos, por sinal, os mais altos do mundo, enquanto engordam suas obesas contas na Suíça.
Os empresários que são a mola propulsora da economia, que geram divisas e dão empregos, são ferrados. E o que se vê, são empresas e mais empresas falindo, e o aumento devastador do desemprego. E esse contingente de desempregados precisará de bolsas esmola para sobreviver.
Não pertenço a nenhum partido político. Quando exerço meu direito e dever de voto, escolho pessoas e não partidos, e procuro selecionar as mais íntegras, as que pensam no coletivo e não em seus próprios interesses, em poder e enriquecimento ilícito.
A riqueza só é uma bênção quando obtida com o suor do trabalho, por merecimento, e não surrupiando ou puxando o tapete de alguém.
Se perguntássemos a cada um dos filhos deste solo da nossa pátria amada mãe gentil, o que necessita para viver, certamente todos diriam que desejam boas escolas e educação para os filhos, atendimento médico de qualidade para a família e um bom emprego que garanta uma vida digna.
Povo brasileiro: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste, pois não verás país algum como este!”
Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós! E nos proteja dessa praga que se chama corrupção. Amém.




terça-feira, 12 de abril de 2016

Céu na Terra

      
Leda Coletti

O céu começa aqui,
bem perto de mim, de você.
Não importa a luz brilhar ao longe
se podemos senti-la nos seus reflexos,
na natureza em festa,
na alegria de partilhar uma mesa modesta,
na linguagem das flores, animais,
no sussurrar d’água dos mananciais.
As infindáveis belezas da Terra,
muitos mistérios encerram.
O homem bom, virtuoso,
com afeto caloroso
testemunha a obra do Criador
nos momentos ternos e de dor.
O Reino de Deus é o agora,
Natal pelos dias afora,
vivência do Bem  sem fim !

domingo, 3 de abril de 2016

Ler poesias é:


Elisabete Bortolin

 Tomar gotas doces de amor alegrando o instante sagrado.

 Trazer paz ao coração e levar uma carga de amor na dose certa para seu dia.
Ter a alma desperta para os prazeres da vida.
O hábito de quem tem a alma liberta para alçar voos maiores.
Navegar por mares nunca dantes navegados.
Amar o prazer de se sonhar em outras dimensões.
Saber que tudo pode acontecer,  meu amor florescer como a primavera, rasgando o chão, deitando sementes, florescendo a vida.
Ler poesias são presentes a serem abertos repletos de carinho, emoção, ternura, suavidade e acima de tudo pacificidade.
Ler e escrever poesias é manifestar o imenso amor de um coração para outro, formando laços etéreos ao nosso redor, emanando o perfume do amor suave, puro e verdadeiro.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Paz: Ainda há tempo!

Airton Reis
     Paz dossel. Paz papel. Paz margem. Paz parágrafo. Paz travessão. Paz palavra. Paz frase. Paz oração. Paz Família. Paz Pátria. Paz Humanidade. Paz Boa Vontade. Paz permanente. Paz emergente. Paz emergencial. Paz mundial. Paz planetária. Paz política. Paz social. Paz urbana. Paz rural. Paz tribal. Paz intercontinental. Paz fronteira. Paz obreira. Paz obra em construção.
     Paz que tudo vê e que tudo alcança. Paz Esperança. Paz bonança. Paz temperança. Paz efetiva. Paz presente. Paz eficiente. Paz desperta. Paz vigilante. Paz tremulante. Paz hasteada. Paz pavilhão da vida assegurada. Paz alada. Paz virtual. Paz real. Paz tempo verbal. Paz futuro promissor. Paz do Bom Pastor. Paz fortaleza. Paz vigor. Paz força. Paz beleza. Paz amor. Paz labor.
     Paz pavimento da concórdia. Paz templo da harmonia. Paz preâmbulo da democracia. Paz verso. Paz poesia. Paz cidadania. Paz princípio constitucional. Paz fundamental. Paz legal. Paz direito. Paz petição. Paz dever. Paz processo. Paz jurisdição. Paz jurisdicional. Paz jurisdicionada. Paz legislações reformadas. Paz legiões alistadas. Paz alvoradas. Paz Forças Armadas. Paz obrigações elencadas. Paz gerações civilizadas.
     Paz cultura. Paz educação. Paz partitura. Paz melodia. Paz realização. Paz sinfonia. Paz alegria. Paz felicidade. Paz bondade. Paz saúde. Paz segurança. Paz balança. Paz lança. Paz escudo. Paz espada embainhada. Paz pedra lascada. Paz roda em movimento. Paz paramento. Paz contentamento. Paz elemento. Paz elementar. Paz irmanada. Paz cultivada. Paz florida. Paz frutificada.
     Por mais que insistam na frequência violenta. Por mais que permitam a decadência sangrenta. Por mais que combatam em guerra turbulenta. Por mais que lutem em batalhas em nada camufladas. Por mais que ameacem a vida humana com cabeças cortadas. Por mais que o Oriente e o Ocidente não convivam de mãos dadas. Por mais que terras, aqui e acolá, são disputadas. Por mais que, por poucos, fortunas são acumuladas. Por mais que, por muitos, a fome e a sede são ignoradas. Por mais que, a liberdade permaneça tardia. Por mais, que a igualdade continue sinônimo de utopia. Paz: Ainda há tempo!
     Paz: Ainda há espaço! Paz: Em passo cadenciado. Paz: Compasso ampliado. Paz: Esquadro da perfeição. Paz: Sabedoria do rei Salomão. Paz: Nascente do coração. Paz: Escritura Sagrada. Paz: Pedra Polida. Paz: Pedra Lapidada. Paz: Ponto com final feliz. Paz: Matriz. E a Paz foi concebida e celebrada. E a Paz será perpetuada. Bem aventurados os pacíficos, porque neles a Paz habita em mais de uma temporada...