As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Homenagem aos 247 anos de Piracicaba


(Foto Ivana Negri)
O RIO 
Ludovico da Silva

Absorto e parecendo sonhar, me chamou a atenção uma voz macia e doce que me despertou para a realidade à minha volta.
Estava sozinho naquele abandonado espaço vazio e onde meus olhos alcançassem nada me detinha, como na alegre paisagem que ficou, mas vislumbrava uma profunda e infinita tristeza.
Seria um fantasma a provocar um sentimento no fundo de minha alma?
Vi fios grossos e escuros escorrendo pelos vãos das pedras, exalando odor que manchava os ares. Observei as margens e o leito mutilados.
Custou-me acreditar. Mas esse não é o rio do meu passado.
(foto Fabio Spolidorio)
UM MOMENTO HISTÓRICO
Lino Vitti (Príncipe dos Poetas de Piracicaba)

Pára. Contempla o salto. Oh! Que deslumbramento!
Final feliz de um sonho, aliado a uma esperança.
Findava a viagem, sim. Que histórico momento!
Capitão Povoador! Piracicaba, criança!

Seu olhar percorreu as colinas. O vento
Sussurrou-lhe : “é aqui, Sem mais tardança,
Funda  nova cidade;  olha o céu que portento!
Olha o salto, olha tudo, que abastança!...”

Histórico momento. A Noiva da Colina,
Foi ao salto buscar seu véu tão lindo,
Beijou o Capitão como feliz menina.

Cresceu... Meus parabéns. Teu povo vai seguindo
Tudo quanto de bom Deus lhe destina...
Ela faz anos hoje,  e , certo, está sorrindo...
(foto Ivana Negri)
LIRACICABA 
Silvia de Oliveira

De repente
um orgulho danado
de ser de Pira
de ser caipira!

Em direção ao rio
todo olhar se fia-
pura mescla
de peixe-espuma
e porto-poesia

Quando longe
a saudade pia...
há o som da viola,
do vento na plantação...

Em teu peito, minha terra,
povoa dor e alegria,
avanço e retrocesso,
desde sempre és a lira.

Orgulho danado
de ser tua filha!

TÍMIDA CAPELA DE MONTE ALEGRE
Marilda de Luccas Sampronha
                                 
Tímida, tu moras bem no alto,
onde ainda não chegou o asfalto,
porta e janelas pequenas, um projeto divinal.
És tu uma capela perfeita, não conheço outra igual.

Cá embaixo, o jardim tristonho,
parece acordar de um sonho,
não há casais, crianças, nem velhinhos conversando...
Uns bancos descorados, um lago e flores secando!

Duas estátuas de bronze, simbolizavam o poder!
Para onde as levaram, não se sabe...
Restaram lugares vazios, onde só a saudade cabe,
pobre jardim sem vida, por que vieste  a morrer?

Sob o céu límpido e sereno,
tu, capelinha fechada, pareces estar preocupada.
O sino está esquecido, o coral emudecido, já não há ninguém a rezar,
os bancos estão vazios, nem há velas em seu altar.

Vem capelinha querida, desce e vem até mim!
Empresta as asas dos anjos, vem pousar no jardim.
Faremos uma caminhada, uma pequena procissão...
Atrás de nós, virá o jardim deixando marcas de saudade pelo chão....
(Foto Paulo Alcides Tibério - Pauléo)
1767
Esio Antonio Pezzato

O cocar na cabeça e nas mãos rija lança,
E um Paiaguá caminha esta tão fértil Terra.
O Salto regurgita em hinos de esperança,
No mato uma araponga estridulante berra.

Quebra-se a calmaria e tem final a dança.
Desconhecido olhar frente à paisagem erra.
Um destemido passo a mata adentro avança,
A tribo toda se une e arma-se para a guerra.

Sobre a calma do Rio as pirogas audazes
Chegam rapidamente à barranca portuária
Conduzindo em seu bojo homens fortes, capazes.

- "À margem, à direita!" A voz é poderosa.
E com forte comando e paixão visionária,
Neste chão planta os pés o Povoador Barbosa!
(foto Ivana Negri)
RIO DE PIRACICABA
Esther Vacchi Passos

Eu quero
Nosso rio mais limpo
Sem cheiro de poluição
Aves em pedras sem limbo
Chegando a ser atração

Eu quero
Na piracema ver os peixes
Saltar em água límpida
E as borboletas multicores
Em volta de flores lindas

Eu quero
Carícias de sua brisa
Envolvendo-me em frescor
O véu branco da noiva deslizando
Unindo-se nas águas sem odor

Eu quero
Junto ao rio céu azulado
Sem poluição de queimada
Deixando o poeta inspirado
Fazendo versos para a sua amada.
(foto Ivana Negri)
PIRADO POR PIRA
Julio César S. Rosa

Sempre pirado por Piracicaba
Aqui moro, aqui sempre vivi
Sou muito apaixonado por ti
Enamoro porque te adoro
Só aqui me acabo
                       
(foto Daniel Damasceno)

CORDEL CAIPIRACICABANO
Lídia Sendin

Do nordeste é o arauto
Que canta qual um canário,
Mas no interior de São Paulo,
Onde o homem é agrário,
E o rio tem um belo salto,
Canta um trovador bem alto
Tendo um porto por cenário.

O bebê aqui usa “tarco”
Pro passeio na “carçada”
Se tiver buraco eu “sarto”
Que eu não quero “trupicada”.
No rio passeio de barco,
Se não posso ir eu “farto”,
Mas amo Piracicaba.

Nossa cana já floresce
Pelos campos de montão,
Mas se a queimada aborrece
Com fuligem pelo chão,
A gente dela se esquece
Porque a economia aquece
E dá emprego ao peão.

Ataviada com véu,
Da Colina ela é a nubente,
Chamando o povo fiel,
Em seu cantar inocente,
Pra colocar no papel,
Seja em trova ou em cordel,
De aniversário um presente.
(foto Ivana Negri)
RUA DO PORTO
Sonia Amaral

Com suas antigas moradias
A Rua do Porto
Vem mostrar o encanto
Que a todos irradia.

A bela chaminé
Da saudosa olaria
Traz muita lembrança
E também muita alegria.

Os modestos restaurantes
Fazem seus pratos com capricho
Acolhem o povo com amor
Demonstrando simpatia.
(foto Ana Camilla Negri)
TERRA DOCE
Clóvis Rolim da Silveira

Terra de Piracicaba
onde nada dá
só cana de açúcar 

Terra de Piracicaba
terra de algodão
algodão doce
terra de cultivar

Terra de Piracicaba
terra vermelha
do cobre do rio
de avermelhar

Terra doce
do açúcar cristal
das  sacarias
doce de amargar
(foto Bruno Constantino Leonardi)
DESABAFO DE UMA CAIPIRA
Daniela Daragoni Alves

Carrego comigo o sotaque
Do lugar que nasci e me viu crescer
O mesmo sotaque das pessoas que mais admiro
Pessoas que me deram a vida e lições que jamais vou esquecer

Carrego comigo esse sotaque caipira
Marca de um povo simples e batalhador
Sotaque de um lugar que leva o mesmo nome de um rio
Que tem à sua margem a casa do povoador

Cidade  de gente humilde e feliz
de lugares inesquecíveis, como a Rua do Porto, o Engenho Central
Terra de uma tranquilidade ímpar
Que nunca vi igual

Carrego comigo esse sotaque que muitas vezes é confundido
Com falta de instrução e até de inteligência
Um caipira muitas vezes é julgado injustamente
Por pessoas que o consideram uma pessoa boba, fácil de enganar e cheia de inocência.

Carrego comigo esse sotaque simples
Fui muitas vezes motivo de piada
Por pessoas que se acham “inteligentes” o bastante para rir do meu povo
Mas que escolheram a minha linda cidade para construir suas casas

E se para ser respeitada por essas pessoas
Eu tiver que negar as minhas raízes e o lugar que me viu nascer,
Continuarei sendo o que sou, caipira de Piracicaba
Por toda a vida...até morrer!
(Foto Paulo Soares)
ORAÇÃO A PIRACICABA 
Hugo Pedro Carradore

Bendita, oh! Terra Minha, de filhos ilustres e tradições gloriosas,
Piracicaba, hino de amor, emoção e promessas ditosas...
Amo-te pelo esplendor de tua beleza,
pelo teu rio que serpenteia e cai em cachoeira de espuma branca,
onde o arco-íris nasce num véu de tanta pureza.
Amo-te pelo riso de tuas crianças, pelo encanto de tuas avenidas,
Pelas tuas paisagens e pelos teus amores.
Amo-te, pelas gotas de orvalho, lágrimas das noites piracicabanas,
Caídas nas pétalas das tuas flores.
Amo-te, pelo sangue de teus filhos derramado, mortos na luta de 32,
heróis venerados do berço pátrio.
Amo-te, quando levanto os olhos para o céu,
e vejo lá no alto do Bom Jesus, de braços abertos,
o Cristo  abençoando teus filhos que penetram o sagrado átrio.
Amo-te, pelo verde magnífico dos teus canaviais,
pela tua indústria, que é uma sinfonia de progresso.
Amo-te nos versos dos teus poetas
E na saudade de teu filho egresso.
Recebe, oh! Cidade terna, esta singela oração!
Mãe e noiva, que as palavras cheguem a ti, como a serenata de um violão,
nas madrugas brindadas pelo beijo das estrelas.
Noiva eterna namorada, pelo teu resplandecente véu,
Que eu expire em paz, sob o teu sagrado chão, tendo como mortalha o teu céu.
Amém.
(foto Ivana Negri)
ENCANTOS DA MINHA TERRA
Ivana Maria França de Negri

Piracicaba dos ipês róseos e amarelos
Da Esalq e do Engenho, tão belos
Das cascatas formosas
E das pamonhas famosas
Terra da boa gente
E da pinga ardente
Do engraçado linguajar caipira
Carinhosamente chamada de “Pira”!
(Foto Ivana Negri)
O PIRACICABA DOS PAIAGUÁS 
Francisco de Assis Ferraz de Mello

Quanto crime ante Deus, de pensar me comovo:
Agoniza este rio que alimentou meu povo.
Quem pode imaginá-lo, um dia, colossal,
Bufando na floresta de um sol tropical?

Quem pode imaginar que, um dia, em suas margens,
Dos mansos animais até as onças selvagens
Foram beber sua água, enquanto a passarada
Ensaiava uma orquestra ou partia em revoada?
No salto ele rolava altivo, encapelado, sobre o basalto negro, alteando um forte brado
Que acordava o sertão de séculos atrás.

Abaixo, no remanso ou, então, nas corredeiras,
Passavam as canoas em bandos, ligeiras,
Levando para a guerra os índios paiaguás.
(foto Paulo Alcides Tibério - Pauléo)
PIRACICABA, O ESPÍRITO DO LUGAR 
Carmen M.S.F. Pilotto

As águas recortam odores e paisagens
de uma cidade que incorporei em minha alma
no lusco-fusco da ponte pênsil
nas ribanceiras apinhadas de pescadores
na chaminé do Engenho que rasga a Urbanidade

Na pracinha os velhinhos com os carrinhos de passeio
transportam guris, empresários do futuro
e as pombas arrulham histórias das dinastias
entremeadas com o metalúrgico que ali caminha.

Mas é nos bares que a cidade se revela
nas caninhas sorvidas em meio às angústias
nos chopes compartilhados com amigos
nos petiscos que marcam sabores e veleidades.

Somos partículas do ambiente em que vivemos
força viva do planeta que coabitamos.
Nosso espírito está tatuado no espaço
virtualmente presente nos fluídos cósmicos.
(Foto Ivana Negri)
RUA DO PORTO
Aracy Duarte Ferrari

Íntimo ardente
Noite enluarada
Avenidas luzentes
Árvores resplandecentes...

Os pássaros chilreando
Recompõem a melodia.
A prosa, a poesia
Atingem o seu clímax.

O rio circunda
A cidade e o coração.
As águas correm...
Rutilantes ao reflexo da lua.

Ondas abundantes
Observadores atentos
Inspirados na quietude
Reflexões distantes.

Uma estrela cadente
Risca, de repente
O firmamento
Para meu sobressalto.
(foto Antonio Donizetti Raetano)
MINHA TERRA
Francisco de A. Ganeo de Mello (Buda)

Sou de Piracicaba
A “Atenas Paulista”!
Antes de prosseguir,
deixem-me explicar:
ter nascido em Piracicaba
me é  motivo de grande orgulho
e é por isso que coloquei
aquele ponto de exclamação...

Minha terra tem história
e seu folclore é muito rico.
Temos pintores famosos,
temos músicos e cientistas.
Temos praças bonitas,
Monumentos, casarões,
preciosas relíquias que contam
 um pouco do nosso passado.

Muita gente célebre
já passou por minha terra.
Tivemos um Thales de Andrade
um Miguel Dutra e um Mello Moraes...

Diz a lenda
que até um rio
já passou por minha terra!

(Minha terra teve um bosque
Onde cantou um sabiá!)...
(aquarela Denise Storer)
TROVAS À PIRACICABA
Leda Coletti

Lugar onde o peixe pára
deu nome à Piracicaba
terra de beleza rara
cuja fama nunca acaba.

Cana, salto, Agronomia,
orgulhos desse torrão,
riquezas em sintonia
pra oferecer ao povão.

Eterna noiva, seu véu
 tão branco, cheio de bruma,
esparrama-se no céu
e no rio cheio de espuma.

Esta cidade bendita
com pôr do sol na colina,
é pra nós sempre bonita
seu doce encanto fascina.

Suas colinas, canaviais,
tremulam verde-esperança,
sussurrando nos seus ais
votos de paz e bonança.
(Foto retirada do site http://spaziodifattoblog.blogspot.com.br/)
A CATEDRAL DE PIRACICABA
Cássio Camilo Almeida de Negri

            Por muitos anos, suas torres reinaram imponentes na praça central da cidade.
            A simetria perfeita, encimada pelos pontiagudos telhados hexaedricos, com as cruzes nos píncaros, como a conectar a terra ao céu.
            O relógio magnífico que eu, desde criança, quando aprendi os algarismos romanos, nunca entendia o porque de seu “quatro” ser quatro traços ao invés do “IV” ensinado na escola.
            Hoje, coitada, foi esmagada por um “pisão” do prédio ao lado. Um edifício só de garagens.
            Piracicaba, quem deixou fazerem isso com você?

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