As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 14 de setembro de 2013

CHUVAS SAGRADAS


Elda Nympha Cobra Silveira

A cidade entardeceu em incertezas, como as brumas dum futuro alvissareiro que se tem de espreitar de perto, enquanto o governo não se toca e nem satisfaz os anseios de um povo esperançoso.
Fiquei filosofando sobre o desgaste impaciente dessa vida, na coragem dos jovens enfrentando a polícia por qualidade de vida, no jogo de vaidades, de ambições, dos desencontros, das incertezas, na fixação pelo ganhar e conseguir suas metas de consumo desenfreado.
A cidade nesse domingo estava vazia! No terraço do meu apartamento olhava para as ruas! Um cão vira uma esquina e desaparece. Será que tem dono, ou é mais um solitário sem teto perambulando pela cidade?  
Pensei em sair para ver minhas netinhas, mas o edredom macio e aconchegante despertou um langor preguiçoso que me levou a uma soneca. E o dia foi  nublando de repente, e tão de repente a chuva despencou numa turbulência insólita, para nós piracicabanos, acostumados à calidez dos dias suados que expurga nossos miasmas do cotidiano, e que se alteraram pelos fatos desenrolados  a olhos vistos, para o bem ou para o mal.
De repente, os ventos uivantes têm o poder de me despertar para ir até o terraço me inteirar do barulho. Através da vidraça vejo um temporal dantesco, com ventos ululantes e embravecidos, rasgando os ares, acompanhado de uma chuva de granizo, que salpicava a vidraça  e forrava o chão do terraço de granito.
A noite cai e eu sem TV, sem computador, sem telefone sem o celular, sem elevador!Como a eletricidade faz falta! Como tudo depende dela!
Quero sentir-me indiferente, mas não consigo. Penso na família, nos amigos, no próprio prédio, no trânsito, nos desastres que ainda vão acontecer... E a preocupação se instala! Não tem choro, mas tem vela e pus-me a tricotar, até à meia noite, para desanuviar pensamentos negativos.
Vi no dia seguinte a avaria e dispêndio que muitas pessoas e a cidade sofreram e agradeci a Deus por sua misericórdia para comigo. Esse cataclismo não escolhe nem ricos nem pobres porque vários bairros foram afetados. Ele não escolheu lugar nem pessoas. Veio como um rolo compressor arrancando árvores com raízes a mostra e derrubando muitas, que danificaram muros, carros e casas. A ventania foi tão forte, que até postes de concreto foram arrancados.
Será que Deus enviou essa chuva para deixar tudo limpo, até nossos corações?
 O Papa Francisco mobilizou tantos jovens, com sua força carismática e a juventude, força viva da humanidade, veio de todos os países do mundo, para enfrentar chuva e frio, e ouvir do Papa, que a cólera, a indiferença ao nosso próximo, a desesperança, o medo de conhecer um futuro promissor, não abata aqueles que se preparam para tomar conta do amanhã, e conclamou para que tenham fé e que com boas atitudes marquem presença nessa década como peregrinos da esperança.
A chuva desencadeada com fúria, para mim é uma metáfora a ser entendida como um alerta para nos fazer pensar mais profundamente na fé do Altíssimo, no batismo da esperança, mais profundamente na nossa vida espiritual e eterna para lavarmos nossas idéias de desamor, de vícios, da desigualdade, do culto ao poder, ao dinheiro; enfim que todas as palavras do Papa entrem nos corações limpos e abertos ao amor de Deus, que só está esperando que abramos as portas para Ele entrar:

-“Eis que estou à sua porta e bato.” 

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