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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poesia ao Vento - Vida e Obra de Erotides de Campos por Silvia Oliveira


EROTIDES DE CAMPOS



Nascido em Cabreúva, interior de São Paulo, em 15 de outubro de 1896 e falecido em 20 de março de 1945. Compositor de marchinhas, sambas, choros, pianista e tocador de vários instrumentos, foi professor de física e química e passou parte da sua vida na cidade de Piracicaba. Em algumas composições, Erotides costumava assinar com o pseudônimo de Jonas Neves o que induziu muitas pessoas acreditarem que esse Jonas seria outro compositor, quando na verdade era o próprio.

No universo da música constam várias peças com o nome Ave-Maria. Muitos célebres são as de Charles Gounoud, de Franz Schubert, Giuseppi Verdi, Bonaventura Somma, Giacomo Puccinni. Tratam-se de melodias que  ultrapassaram as fronteiras dos países de origens e tornaram-se canções do mundo musical.  A França, Itália e Áustria presentearam o mundo através dos seus compositores, com estas canções clássicas.
O Brasil também contribuiu com a sua Ave-Maria, não no campo clássico mas no popular. Falamos da célebre Ave-Maria composta em 1924 e gravada em disco de cera por Pedro Celestino, irmão do cantor e ator Vicente Celestino.






Na época não obteve consagração popular mas em 1939 o cantor Augusto Calheiros (nascido em Maceió em 05 de junho de 1891 e falecido no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1956) de voz afinadíssima e dono de agudos peculiares gravou esta valsa e tornou-a conhecida nacionalmente. 
Nossos avós e nossos pais cantaram muito esta canção. Depois desta outras Ave-Marias enriqueceram o cancioneiro popular brasileiro, como por exemplo: Ave-Maria no Morro, de Herivelto Martins; Ave-Maria dos Namorados, de Jair Amorim/Evaldo Gouveia e Ave-Maria Sertaneja, de Júlio Ricardo/O. de Oliveira, tão bem interpretada por Luiz Gonzaga.  Aqui, uma oportunidade para você que porventura tenha ouvido seus pais e avós cantarem esta canção ou mesmo tê-la ouvido no tempo do rádio sadio, vale a pena cantá-la. (letra completa no final deste estudo) Realmente, as músicas de Erotides de Campos tem o toque imortal da genialidade.

Foi piracicabano por escolha e vivência. Ainda menino veio morar em Piracicaba em companhia do tio, Luis da Silveira Neves, em 1908. Desde criança sua vocação para a música despertou a atenção de professores e da família. 
Aos pais, músicos e muito pobres, não escapou o talento precoce do filho que aos 8 anos já estudava piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, ao mesmo tempo em que cursava escola municipal.
Em 1905, um padre salesiano, ouvindo falar dos dons do menino, levou-o a estudar no Liceu Coração de Jesus em São Paulo. O seu virtuosismo na flauta, apesar da tão pouca idade, surpreendeu a todos.  Mas, passando as férias em Cabreúva, em 1907, Erotides foi atacado por tifo e teve que abandonar os estudos em São Paulo.

Chegando a Piracicaba, Erotides integrou a já famosa orquestra piracicabana que se apresentava nos cines Iris e Politeama.





A orquestra entre outros, contava com a participação de Osório de Souza, Melita e Carlos Brasiliense, João Viziolli, Renato Guerrini. Participou também da banda União Operária. Estudou na Escola Normal, atual "Sud Mennucci" onde chamou a atenção do também músico Honorato Faustino que passou a estimulá-lo.
Formou-se em 1918 e foi lecionar na escola da estação de Monjolinho em São Carlos. Conseguiu a segunda nomeação retornando a Piracicaba onde lecionou no Grupo Escolar de Tanquinho e depois no de Dois Córregos. Em 1921 casa-se com Maria Benedita Germano.

Por alguns anos, de 1923 a 1932, ficou em Pirassununga atendendo ao convite do então prefeito e futuro interventor de São Paulo Fernando Costa. Mas volta a Piracicaba em 1932 nomeado como professor de Química do Curso Complementar, anexo à Escola Normal.  Destacou-se não apenas como professor e músico mas também como homem voltado à caridade. Ele com sua mulher Tita foram os criadores do "Culto à Saudade" que criou o costume de os vicentinos, no Dia de Finados, postarem-se à porta do cemitério colhendo donativos.

São mais de 230 as composições de Erotides de Campos, entre peças editadas e não editadas. São berceuses, canções, choros, dobrados, charlestons, elegias, valsas e outras formas musicais.  Suas partituras foram ilustradas por desenhistas famosos como Belmonte, Carnicelli, Valverde e Vantik.  Entre os parceiros de Erotides, quase sempre autores dos versos, estão Benedito Almeida Júnior, Elias de Mello Ayres, Francisco Lagreca, Leandro Guerrini, Newton de Almeida Mello, Silvio Aguiar Sousa entre outros.
Usando pseudônimos Erotides de Campos acabou sendo vítima de um grande equívoco: a sua mais famosa composição, a "Ave Maria", foi composta com o nome de Jonas Neves, na verdade parte de seu nome, Erotides Jonas Neves de Campos. 



Isso lhe custou a retenção, após sua morte, dos direitos autorais  pela SBAT - Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.    Apenas em 1985 o jornalista Luiz Thomazi conseguiu desfazer o equívoco permitindo à viúva Tita usufruir dos direitos autorais.
Entre as centenas de composições destacam-se além da "Ave Maria", "Murmúrios do Piracicaba", Alvorada de Lírios, Uma Barquinha Azul.
Erotides de Campos morreu repentinamente em 20 de março de 1945 quando elaborava a capa do "Cancioneiro Escolar" com músicas suas. Homem humilde, recatado, mulato, recebeu a homenagem de Piracicaba num enterro em que se revelou a comoção popular.
Seu nome foi dado a uma rua da cidade, ao grupo escolar de Paraisolância e a uma sala de música do I. E. "Sud Mennucci".  No cemitério da Saudade, foi erguido um mausoléu com as primeiras notas musicais da "Ave Maria". (Também recentemente, em 27 de março de 2012, um teatro foi construído nas dependências do antigo Engenho Central às margens do Rio Piracicaba em sua homenagem)
Em Piracicaba foi instituída a Semana Erotides de Campos (conforme lei promulgada em 1996; de 09 a 15 de outubro acontecem apresentações musicais) e que tem sido esforçadamente levada à frente pelo biógrafo de Erotides, o engenheiro agrônomo José Carlos de Moura.
Bibliografia
Memorial de Piracicaba 2002/03, de Cecílio Elias Neto
Alvorada de Lírios Obra musical de Erotides de Campos. Publicação da FEALQ Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiróz 1996 Coordenação José Carlos de Moura

Sugestão de Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música Popular Brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

Um comentário:

Esther disse...

Boa noite! queria relatar que Erotides de Campos foi professor de meu pai no Grupo de Dois Córregos, ele gostou tanto dele
que deu o nome a seu filho.
Erotides
Eu adoro a Ave Maria
abraços
Esther