As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

domingo, 28 de abril de 2013

NOSSO AMIGO, SEO JOSÉ MARCENEIRO

Angel Raid


Maria Cecília Granner Fessel

Conheci seo José marceneiro por indicação de outras pessoas, quando precisei fazer novos arranjos após uma mudança.
Um senhor claro de baixa estatura, sexagenário magro de pouca fala. Uma dessas pessoas cautelosas que primeiro ouvem e avaliam para depois opinar ou sugerir.    Seu trabalho para nós foi tão perfeito, seu respeito por prazos e datas previamente combinadas tão constante, que até passamos a recomendá-lo para outras pessoas, quando nos perguntavam quem fizera tal serviço. Imaginem que ele até conquistou a confiança de nossa velha gata Mila, que ficava junto dele enquanto trabalhava...
Depois, falando de filhos e netos, ficamos sabendo que ele se casara com uma jovem nissei, filha de imigrantes japoneses da região noroeste do estado.
Os anos passaram, ele atendendo pacientemente nossos pedidos, até que viramos amigo a trocar histórias de vida.
Foi então que ele, com espontaneidade e seu jeito brincalhão, nos contou a história de seu casamento, quando tinha apenas 18 anos e apaixonou-se pela nissei ainda mais nova, tendo que enfrentar a família da moça, que vivia cercada e vigiada por pais, irmãos, tios e primos. Sendo ela menor de idade, ele se arriscava ainda mais, pensando até que teria de enfrentar a polícia ou um processo judicial para conseguir casar-se com ela. Mas o sentimento dos dois era forte e ele uma pessoa decidida- como é ainda hoje- então eles foram se arriscando, arranjando formas de se encontrar, até que houve um confronto decisivo...
Num certo domingo, foi ele até a praça da cidade onde morava a moça, resolvido a levá-la consigo, pois assim tinham previamente combinado as escondidas. Segundo ele, estava mesmo disposto a tudo, não tinha mais como desistir de ficarem juntos, seja o que for que acontecesse...Então, de repente, ele viu chegar uma Kombi -daquelas primeiras que apareceram- cantando pneus e parando perto dele no jardim. A porta se abriu e começou a despejar na praça uma pequena multidão de japoneses de todas as idades e tamanhos, com todo o ar de quem está pronto para a briga, vindo na sua direção!
Ele ria enquanto nos descrevia a cena, dizendo:-
-O que eu podia fazer? Já tinha chegado até ali, me preparei para apanhar, mas também não ia deixar barato!
Aí a turma toda me cercou, todo mundo falando e gritando ao mesmo tempo, num português misturado com japonês, até que o chefe da família ordenou silencio e começou a conversar comigo do seu jeito meio atrapalhado. Eu, meio sem entender, fui ouvindo, concordando, até que chegamos num acordo. Tempos depois, fui buscar a moça e nos casamos, tivemos filhos e um deles até foi trabalhar no Japão durante algum tempo... Mas, antes dos filhos, aconteceu me aconteceu coisa pior...
- O que foi, seo José?- perguntamos ansiosos...
Pois é, logo que casamos, ainda em tempo de lua de mel,fui consertar o telhado e caí lá de cima, fraturei a coluna e tive que ficar 30 dias de bruços, imóvel e esticado sobre duas cadeiras, para ter uma chance de me recuperar..
Eta gente de pensamento forte!

2 comentários:

M Bernadete (Dedé) disse...

Cecília, e muito bom ler seus contos e poemas. Não deixe nunca de nos brindar com essas prendas.
abraços
Bernadete

M Bernadete (Dedé) disse...

Cecília, e muito bom ler seus contos e poemas. Não deixe nunca de nos brindar com essas prendas.
abraços
Bernadete