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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PERDAS NECESSÁRIAS



Maria de Fatima Rodrigues

“Em meu voo incansável aprendi muitas coisas, e quando minhas asas fraquejaram, pousei nas montanhas, criando forças para novamente voar!”  (filosofia budista)

Existe um momento em nossas vidas em que acredito, tenhamos de imitar as águias.
Elas precisam trocar seus bicos já arqueados pelo tempo, pois não conseguem prender uma presa, precisam trocar suas unhas, porque já muito compridas, não conseguem segurar a caça, e suas penas velhas e pesadas,  pois não conseguem alçar voo. Têm a sabedoria de isolarem-se no alto de uma pedreira, e sentindo dor e fome, começam a bater os bicos nas pedras até que eles caiam e sejam substituídos por bicos novos, leves e fortes; depois passam a arrancar as unhas para que venham novas e afiadas, e exaustas, porém não podem se entregar, ainda têm que arrancar as penas, para que novas plumagens venham cobrir seus corpos. Então, só assim estarão prontas para continuarem a viver, talvez mais vinte anos!!
Nós não podemos mudar nada em nossos corpos, pelo menos que estejam de acordo com a Natureza, pois, mesmo fazendo plásticas não adianta em nada. É claro que fazer correções melhora um pouco o aspecto, mas não nasce nada novo.
O pior é que, nesse processo de envelhecimento, as maiorias das pessoas estacionam também seus pensamentos. Como se o corpo pudesse inibir o espírito, a alma, ou até a mente. Mas... nossa mente pode reverter isso.
 Acredito que todas as perdas que vão aparecendo no decorrer de nossas vidas são NECESSÁRIAS.
Não as aceitamos plenamente, e muitas vezes nem é a perda da juventude, da energia, e da elasticidade do corpo, mas da importância que tínhamos para as pessoas, do status na sociedade, do poder, do discernimento para resolver problemas.
 Muitas pessoas não querem nem aposentar, eu acho isso um absurdo, mas conheço muitas pessoas assim.
Bom, é claro, que muitas querem continuar trabalhando porque se não o fizerem, o valor que passariam a ganhar em suas aposentadorias seria muito pouco em relação à qualidade de vida que possuem. Mas, mesmo neste caso, a vida também é sábia, porque em inúmeros casos a pessoa era provedora de outras que se aproveitavam de sua generosidade, mas como não poderão mais disso usufruir, se afastam, e isso é bom, daí haverá uma verdadeira seleção natural de pessoas que viviam ao redor.
Em muitos casos a revolta é consigo mesma, por não viajarem mais vezes como antes, não podem mais comprar roupas tão caras, enfim limites não só físicos, mas financeiros. A não aceitação  aos limites fará com que uma pessoa inevitavelmente procure a espiritualidade, seja como for, dependendo de seu grau de instrução.
No entanto, como dizem os conselheiros espirituais, a aceitação dessa realidade de uma forma serena só fará bem, pois o caminho de “volta” exigirá de nós muito mais do que o de “chegada”.
Quando “chegamos” (nascemos), tivemos que nos adaptar aos limites do corpo, às regras sociais, estudar, trabalhar para comer, ter um teto. Lutarmos pela sobrevivência, e o que aprendemos a ganhar, teremos que aprender a perder...
Assim como tivemos que aprender a nos apegar ao material para o bem viver, teremos que começar a nos desapegar novamente!
E para isso, nada melhor do que a sutil linguagem “criptográfica” das Leis da Natureza, visto que o corpo, as fortunas e os bens, não poderemos levar conosco.
Então, quaisquer que sejam as perdas que estivermos dando tanto valor no momento, podemos vê-las como o início da transformação para um Novo Ciclo!
Portanto, por que não criarmos novos hábitos, de acordo com nossa realidade? Podemos tentar afastar medos, aprender coisas novas, mudar conceitos, e quem sabe, aqueles mais corajosos, darem um novo rumo à suas vidas, um novo sentido.
Assim, mesmo que tenhamos que sofrer um pouco para, assim como as águias  que sofrem muita dor por mais ou menos uns seis meses trocando seus bicos, as unhas e as penas para viverem bem por mais vinte anos, podemos mudar o que for necessário, para também vivermos bem ainda neste mundo por mais uns vinte anos!!
É assim que compreendo o porquê da necessidade dos desapegos... será mais fácil, pois quando estivermos em outra dimensão não sofrermos tanto, e seguirmos em frente rumo à plenitude...

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