As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ao piracicabano as batatas


(Texto retirado do Diário do Engenho)
Apesar das inúmeras manifestações populares, de movimentos e campanhas a favor de uma renovação em massa na Câmara Municipal, os eleitores piracicabanos conseguiram reeleger 13 dos 15 atuais vereadores que compõem o legislativo da cidade. Sim, estão reeleitos esses mesmos vereadores que, há pouco, aumentaram – na calada da noite – os seus próprios salários em mais de 60%. Sim, voltarão à Câmara, por meio do voto popular, os mesmos vereadores que, temendo justamente a insurgência do povo contra os desmandos do legislativo, inibiram a participação popular nas sessões camarárias próximas das eleições, barrando-lhes a entrada e preenchendo os assentos da Câmara com os próprios assessores da respeitável Casa de Leis piracicabana. Estão novamente reeleitos pelos piracicabanos os digníssimos vereadores que tiraram do ar as sessões plenárias televisionadas e ameaçaram perseguir e censurar as manifestações dos internautas que se colocaram contra o absurdo aumento que elevou para mais de 10 mil reais os salários das doutas excelências.
 E o que há de novo no front? Nada. Em se tratando de política, Piracicaba continua a mesma: reacionária, tradicionalista, bairrista, elitista e ultrapassada. Afinal, o jogo partidário das cartas marcadas continua como sempre foi – e se a esperança nos impulsionava a crer numa verdadeira mudança, o raciocínio lógico e a análise sociológica nos mostravam que nada, de fato, mudaria. Isso porque, em primeiro lugar, o piracicabano concorda e aceita pacificamente o peso da sela que se lhes  impõem sobre o lombo os “vultos” da falsa elite piracicabana – representantes de uma oligarquia rural extinta há décadas, porém vivificada eternamente sob a égide de poderosas famílias e de seus ilustres sobrenomes. Eleger quem tem status passa a ser, assim, uma obrigação. Afinal, vivemos numa terra afamada e nossos célebres representantes necessitam ser “gente nossa.” Em contrapartida, os eleitores que não pertencem ao grupo dos “bem-nascidos” da cidade votam naqueles que, supostos líderes de sua classe social e qualificação profissional, representam figurativamente os interesses do “povão” na política partidária da urbe. Esses são os “gente como a gente.”
 De eleição em eleição, o quadro se repete – e o piracicabano vai votando, entre “ilustres e plebeus,” naqueles que lhes tocam “a alma” e fazem parte do grupo social que os identifica como “gente.” Não há escolha séria, não há escolha pautada em plataformas políticas, não há escolha feita a partir da análise de projetos ou currículo dos candidatos. O que manda sempre na cidade, e sempre mandará, é a votação a partir da empatia social. Mesmo que essa empatia se dê com candidatos que, há décadas, ocupam quase que vitaliciamente uma cadeira na vereança do município – sem nada propor de útil ou importante. Desta feita, a escolha democrática – a qual devemos sempre defender, diga-se de passagem – resume-se assim, em Piracicaba, a um jogo de empatias e reacionarismo a partir do qual o ato supremo do voto converte-se em um “coleguismo” apaixonado, ignorante e inconsequente. Nada muda, nunca. Nem os problemas nem os eleitos – e esse é o jogo velado que domina a política partidária de nossa terra. Afinal, há décadas nossos cidadãos votam praticamente nos mesmos vereadores – em detrimento de aumentos absurdos de salários e falta de projetos e soluções eficazes para as questões pontuais que urgem ser solucionadas.
 No que diz respeito ao legislativo é imperativo que os piracicabanos se calem daqui para diante. Não há, agora, do que reclamar. O instante mágico do voto foi subvertido num apadrinhamento continuista e bairrista. Votou o piracicabano pela manutenção do que ad eternun  se estabelece por aqui. Não há novidades (nem mesmo a eleição do transexual “Madalena” pode ser considerada uma novidade se pensada pelo viés do partidarismo pautado na empatia da qual aqui falamos). Por isso, por mais quatro anos o piracicabano está proibido de atirar sobre o legislativo qualquer injúria ou reclamação – afinal, o povo conhece muito bem quem ele elegeu. Por mais quatro anos, então, não pode o piracicabano atirar sobre seus eleitos a primeira pedra – sob a pena de serem os nossos conterrâneos justa e devidamente chamados de atrasados e achacados com batatas

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