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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Escolas de datilografia



Ludovico da Silva

Houve um tempo em que saber escrever à máquina fazia parte do currículo de todo jovem que almejasse ingressar no mercado de trabalho e que diretamente envolvesse atividades ligadas a escritórios ou empresas com atenção voltadas à administração como um todo. Por isso mesmo, havia não poucas escolas ligadas a instituições de ensino ou mesmo particulares que se dedicavam a essa especialidade, espraiada pela cidade.
Ao que parece, essas escolas não existem mais. Talvez alguma funcionando em residência particular, o que é um pouco difícil. Tudo em razão do advento do computador, tecnologia que revolucionou o sistema de comunicação entre as pessoas e empresas de um modo geral.
Esses detalhes registrados em poucas linhas são em razão da Escola de Datilografia "Moraes Barros", que por muito tempo funcionou na Rua XV de Novembro, entre as Ruas Governador Pedro de Toledo e Boa Morte. Essa escola era dirigida pela senhora Rosa Orlando do Canto, carinhosamente chamada de Dona Rosinha. Uma senhora tão atenciosa quão simpática, que cuidava dos seus alunos com muita dedicação.
Claro que o aluno iniciava o programa completamente alheio a qualquer conhecimento em relação às atividades. Ademais, não adiantava nada ser esperto pensando em olhar o teclado da máquina. Uma papeleta grossa era colocada de maneira que não pudesse visualizar as letras e também para evitar o chamado "catador de milho". Devia sair formado como bom datilógrafo. A orientação da professora começava indicando o uso de cada dedo das mãos nas letras certas e a peça de espaços. Os parágrafos e as margens, bem como a tecla em que se passava das minúsculas para as maiúsculas. No começo se ouvia aquele teque-teque lento. Com o passar do tempo a agilidade dos candidatos tornava o ambiente bastante movimentado, mas que não atrapalhava em nada, pois cada um cuidava do seu trabalho com toda atenção.
O curso tinha como objetivo o ensino prático de correspondência comercial, em cujo texto de apresentação estava escrito que "o conhecimento da língua que se escreve é a condição primária para um correspondente". Assim se aprendia o significado de termos comerciais mais usados no dia a dia, além da feitura de balancetes e de balanço final do ano comercial, bem como inventário do patrimônio.
Cursei a Escola de Datilografia "Moraes Barros". Não tenho de memória a duração do curso, que contava com apreciável número de jovens, mas me lembro de que para receber o atestado de conclusão o interessado precisava passar por uma série de atividades práticas e alcançar determinada porcentagem de toques, registrados em encadernação muito bem feita, com o nome gravado na capa.
Além de aprender a escrever à máquina, o curso ensinava, também, como usar letras e símbolos para produzir desenhos os mais diversos. Essa prática consta do livreto e até o embelezam. Naturalmente, dependia, é claro, da habilidade de cada datilógrafo para tornar as figuras bem caracterizadas. Delas consta uma fileira de soldados em sentido de prontidão, empunhando armas. Uma cabeça de cão e outra de pássaro. Em fios entre postes, dando conta de transmissão de energia elétrica, aparecem passarinhos em descanso. A balança, símbolo da justiça, está bem delineada. Em página destacada aparece uma moldura, para realçar uma obra de arte, moldada com cabeças de criança.
Não é só isso. As letras e os símbolos possibilitavam a formação de outras figuras, tudo dependia da imaginação do datilógrafo.
Está aí um pouco da história da Escola de Datilografia “Moraes Barros”, que por muito tempo funcionou no centro da cidade e que guarda fortes lembranças de quem a cursou.

Um comentário:

Ivana disse...

Impressionante os detalhes lembrados, parabéns pela memória. Uma das mais belas lembranças que eu tenho é desse curso, guardo com o maior carinho. Um abraço.