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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tragédia das chuvas


Ivana Maria França de Negri

Desta vez o estrago não veio com as famosas águas de março a desfechar o verão, mas sim de um verdadeiro dilúvio em pleno janeiro.
Muito se tem falado da água, de sua escassez, do futuro incerto do abastecimento mundial, da conscientização das pessoas da necessidade de economizar o precioso líquido para que não venha a faltar.
Mas a natureza, sempre submissa, passiva, suportando sucessivas depredações, incêndios criminosos, derrubada das suas centenárias florestas, desvio do curso de rios, destruição da camada protetora de ozônio, poluição de seus rios e mares, de repente mostra seu poder, só um pouquinho da sua força descomunal, apenas para lembrar o quanto é poderosa.
O homem foi muito além em sua ambição e a Mãe Natureza se defende e dá seu recado para mostrar que é ela que está no comando.
Prefeituras autorizam habitações em locais de risco. Mata ciliares vão sendo substituídas por construções e o crescimento urbano desenfreado desestabiliza a segurança. Mesmo sabendo que é arriscado, as pessoas constroem casas de veraneio, hotéis e pousadas ao pé dos morros. Os pobres constroem seus barracos em áreas perigosas, ocupam as encostas e os governos fecham os olhos.
E o resultado dessa irresponsabilidade, podemos constatar quando chegam as chuvas de verão, tragédias anunciadas que poderiam ser evitadas.
Cidades alagadas, morros deslizando, pontes destruídas, árvores arrancadas pela raiz, postes tombados e asfalto e casas levados pela correnteza. Caos, tristeza, dor, e muitas vidas ceifadas.
Enxurradas formam verdadeiros rios arrastando tudo consigo. As paisagens são desoladoras, tudo enlameado e as pessoas não sabem por onde recomeçar. Muitos perderam tudo o que levaram décadas para construir, mas ainda assim, não perdem a fé, e agradecem a Deus por terem a vida poupada.
Esses episódios servem de alerta a todos nós, que nos consideramos os reis da natureza. Achamos que podemos utilizá-la ao nosso bel prazer, profaná-la e submetê-la aos nossos caprichos.
Talvez por isso ela mostre, às vezes, todo o seu potencial. E o faz através de tempestades, raios, terremotos, maremotos, furacões, inundações, erupção de vulcões e outras manifestações poderosas, diante das quais os seres vivos nada podem fazer.
E quando isso acontece, o homem acaba repensando suas atitudes e recolhe-se à sua insignificância. É a voz de Deus alertando-nos. E constatamos quão vulneráveis somos diante da sua grandiosidade.
Para muitas famílias, o sonho acabou. Restam escombros, tristeza e apenas um fiozinho de esperança para recomeçar.