As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mercados

Plínio Montagner
(crônica publicada na Gazeta de Piracicaba)
Nossos escassos e fugazes leitores, como dizia nosso saudoso amigo, advogado, professor e escritor A. Henrique C. Cocenza, às vezes nos pedem para comentar um ou outro assunto.
O Mercado Municipal de Piracicaba foi mencionado algumas vezes, e merece mesmo alguns comentários e sugestões.
Mercados existem em todas as cidades, de todos os tamanhos, tradicionais e modernos. O povo frequenta mercados, os políticos frequentam, o pobre e o rico.
Mercados são lugares que vendem de tudo; aquele produto ou objeto que não é encontrado em nenhum lugar, no mercado tem.
O objetivo principal dos mercados é abastecer a despensa de nossas casas, mas é também é um lugar de bater papo, de relacionamentos, de olhar por olhar, de ir por ir, de tomar café, de comer pastéis e tomar caçulinha. Mercado não sugere luxo, todo mundo vai de cara limpa e com a roupa que está.
Pessoas têm mania de mercado; vão até para desestressar e ver gente. É difícil sair do mercado sem ter visto um amigo ou alguém conhecido. É realmente um lugar gostoso de estar. Pelo menos deveria ser.
Gostamos de mercados, mas de mercados limpos, com comida por quilo, com bares bonitos, mesas limpas, estacionamento amplo, e coberto, essas coisas.
A cidade de São Manuel, de aproximadamente uns cem mil habitantes, tem um mercado de fazer inveja - no tamanho, no estacionamento coberto, nos produtos, no acesso etc. É uma mistura de mercado e shopping. Tem até ar condicionado.
Os mercados com o tempo foram perdendo sua finalidade original. O objetivo era o lugar para ser lugar de escoamento da produção rural, sem intermediários.
Nosso mercado está meio repulsivo: é pequeno, mal cuidado, feio, o estacionamento é ruim, andar pelas bancas é difícil. Praticamente não há balcões. O que existe entre comprador e vendedor são produtos e mais produtos, prateleiras e prateleiras. Os clientes precisam se contorcer na hora de pegar as compras e pagar.
Existe um antigo ditado: cachorro que tem muitos donos morre de fome. Pois é. Os concessionários (ou locatários) e a Prefeitura são indiferentes demais ao que acontece além das bancas. Não há interesse em agradar os fregueses, nem conforto, uma pia, um banco, carrinhos de compras, sanitários decentes e respeito.
O prédio do nosso mercado poderia ser mesmo tombado; assim o tempo iria demonstrar como os frequentadores aguentaram tanto tempo tanto pouco caso.
O tempo da Maria Fumaça passou, das charretes, dos bondes e dos armazéns também, mas o bom gosto, respeito, conforto e higiene continuam. O futuro é o hoje. Passado é lindo, mas é museu, só serve para lembrar, não para servir.
Os mercados em algumas cidades são pontos turísticos, mas por aqui essa possibilidade é difícil. Os sanitários parecem banheiros de restaurantes de beira de estrada de confins dos sertões.
Seria interessante a fiscalização e a vigilância sanitária darem uma passada por lá. Falta tudo: papel higiênico, toalhas de papel, sabão.
Mercado sugere alimentação, que sugere higiene, que sugere saúde. O povo é bobo mesmo, fica habituado com o ruim e não reclama. O jeito seria derrubar e começar tudo de novo, apesar da confusão que iria dar.