As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Isolada

Isolada
Francisco Carlos Groppo Filho

- Como vai?
- Estou melhor.
Foi o que disse após uma de minhas crises, quatro dias atrás. Quando ainda estava viva. Voltando no tempo, uns três anos atrás, me lembro vividamente de estar junto de minha mãe, na sala de espera de um consultório, aguardando o resultado do exame de sangue que havia feito. O medico se aproximou, e pediu para que o acompanhássemos a uma salinha.
Logo que entramos, o médico fechou a porta e disse que tinha péssimas notícias. Ele se chamava Miguel, e acho que nunca me esquecerei deste nome, pois foi ele quem me passou os resultados do exame, com resultado positivo em AIDS.
Eu e minha mãe saímos do consultório devastadas, e ficamos no ponto de ônibus, esperando. Sentia-me excluída, isolada do resto do mundo. Minha mãe foi, desde o consultório até nossa casinha, murmurando “minha filhinha” e “tão jovem”. Não sei quanto a ela, mas não dormi a noite inteira, pensando em como minha vida era cercada de tragédias. Meu pai morreu quando eu tinha apenas dois aninhos, junto com meu avô e minha avó, em um acidente de trânsito. E agora, eu entrei para a amaldiçoada coleção, com a minha AIDS. Senti-me uma completa idiota.
Quando me levantei da cama, para me arrumar para a escola, já considerava suicídio.
Cursava o 1º colegial, mas meu namorado era do 3º. Na escola, conversei com ele e expliquei-lhe a situação. Ele ficou bravo e disse que nunca mais queria me ver. Acho que foi este o choque que me fez passar os últimos três anos de minha vida na cama do hospital. Minha companheira era minha mãe, que apenas saiu do meu lado quando morreu, dois anos antes de mim, devido a uma leucemia descoberta tarde demais. Passei estes anos sozinha, no canto de um quarto, pensando, pensando e pensando, em como estraguei minha vida.

4 comentários:

Leda Coletti disse...

Francisco, seu conto (soube que foi redação pedida pela professora de Português,a qual deveria revelar extremo sofrimento do personagem)deixou-me surpresa. É profundo,bem escrito.Pela idade(14 anos)e cursando a 8ª série, você deve se dedicar mais e mais à escrita e não apenas às leituras, que você tanto aprecia, pois escreve muito bem.Beijos da tia-avó coruja, Leda

Paula liborio disse...

Francisco,
Adorei seu conto!

Vários itens importantes;

1. O amor incondicional da família.
2. O desprezo e o abandono do companheiro, perante a uma doença
3. E a solidão de uma pessoa no leito hospitalar.
Questões que são sempre refletidas, em todos os momentos...
Vc está de parabéns, espero ler muitos contos seus.
Um abraço Paula Libório

Paula liborio disse...

Francisco
Adorei seu conto!

Vários itens importantes;

1. O amor incondicional da família.
2. O desprezo e o abandono do companheiro, perante a uma doença
3. E a solidão de uma pessoa no leito hospitalar.
Questões que são sempre refletidas, em todos os momentos...
Vc está de parabéns, espero ler muitos contos seus.
Um abraço Paula Libório

Anônimo disse...

Hello foi a 1ª vez que vi o teu blog e adorei imenso!Espectacular Trabalho!
Até à próxima