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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Oito de Março - Isabel Vasconcellos

O Oito de Março

Em 8 de março de 1857 cento e vinte nove operárias de uma fábrica de tecidos em Nova York foram assassinadas, queimadas vivas, quando protestavam, reivindicando a redução da jornada de trabalho de 12 para 10 horas.
Foi a primeira greve americana conduzida exclusivamente por mulheres.
Os patrões delas e a polícia simplesmente tacaram fogo na fábrica.

No mesmo ano, 1857, na Alemanha, nascia Clara Zetkin (foto) que se tornou militante socialista e feminista e propôs, em na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910, que a data da greve das tecelãs de 1857 se tornasse oficialmente o Dia Internacional da Mulher.
Assim, as mulheres de todo o mundo, passaram, a partir de 1911, a reverenciar a memória de todas as lutadoras da terra no dia 8 de março. A data, no entanto, só foi oficializada em 1975, quando a ONU decretou este como o Ano Internacional da Mulher e se realizou, no México, a Primeira Conferência Internacional da Mulher, com a participação de lideranças feministas de todo o mundo, inclusive, é claro, do Brasil.
Em 1910, quando Clara Zetkin propôs a data, as mulheres não tinham nenhum direito, eram cidadãs de segunda classe. Não podiam votar. Não podiam conservar as propriedades em seu nome, depois de casadas: todos os seus bens passavam automaticamente para o marido e, se ele rompesse o casamento, ela ficaria pobre, ainda que fosse rica antes de se casar. Não podiam conservar os filhos juntos delas se divorciadas. Poderiam ser trancafiadas em hospício com a simples palavra do marido, quando este queria se livrar delas. Os maridos tinham o direito de matar as esposas caso elas os traíssem. No Brasil, havia a figura jurídica da “legítima defesa da honra”, que absolvia, nos tribunais, os maridos assassinos.
Em 1910, enquanto Clara lutava pelas mulheres na Convenção Socialista, a enfermeira norte americana, Margaret Sanger (foto), era perseguida e exilada porque ousara ensinar às mulheres de Nova Iorque, onde vivia, os pouquíssimos métodos anticoncepcionais disponíveis naquele tempo. Foi acusada de divulgar pornografia.
A pílula anticoncepcional é de 1960. Só a partir da pílula as mulheres começaram a reivindicar o seu direito ao prazer sexual. Mulher chamada “direita” não podia ter prazer, isso era para as outras, as prostitutas.
Na metade da década de 1960, as feministas americanas queimaram sutiãs em praça pública, numa atitude simbólica, que reivindicava liberdade para o corpo feminino que, antes, já fora espremido em espartilhos e tantas vezes deformado, em várias culturas orientais, para satisfazer aos fetiches sexuais masculinos. Foram as americanas que, depois da segunda guerra, lutaram contra o hábito de amarrar os pés das meninas japonesas para que eles não crescessem e dessem a elas aquele andar miudinho que tanto agradava aos homens.
Na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil, as primeiras décadas do século passado viram crescer as sufragistas, mulheres que, nestes países, lutavam pelo direito de votar.
O voto feminino só veio em 1920 nos EUA, em 1928, na Inglaterra, em 1934 no Brasil, em 1973 – pasmem—na França.
Só nas décadas de 1970 e 1980 as mulheres começaram a deixar de ser minoria absoluta nos cursos superiores e no mercado de trabalho.
Mas hoje, 100 anos depois de Clara Zetkin, ainda ganham menos que os homens na mesma função, ainda têm seu clitóris extirpado à faca em 80% dos países africanos, ainda são mortas por maridos e namorados ciumentos, ainda estão longe da plena igualdade de direitos com o sexo masculino.
Por isso, embora a mídia tenha transformado o 8 de março numa data de florzinhas, presentinhos e outras baboseiras que se convencionou chamar de típicas do sexo frágil, essa data, para as mulheres, ainda significa sim uma data de luta pela igualdade de direitos sociais.
E se hoje nós temos alguns direitos conquistados, no 8 de março, é obrigatório agradecer à memória de todas as feministas que lutaram, sofreram e até morreram para que estivéssemos hoje onde estamos.
À memória delas e ao enorme valor de todas as mulheres de hoje, que trabalham, que amam, que são mães, esposas e guerreiras, tudo ao mesmo tempo, a nossa admiração e solidariedade.

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