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Reunião na Biblioteca

sábado, 20 de março de 2010

ALÉM DA ESCURIDÃO - Ivana Maria França de Negri

Além da escuridão
Ivana Maria França de Negri

Desde aquele primeiro diagnóstico do médico, de que perderia a visão aos poucos devido a uma doença congênita, as pessoas começaram a encará-la com piedade, como uma coitadinha, como se estivesse condenada à morte em vida.
E como o médico predissera, a cada ano, a visão dos olhos ia desaparecendo, ficando turva, embaçada, parecendo que atravessava um denso nevoeiro.
Mas , ao mesmo tempo, uma outra visão ia se abrindo dentro dela. Não sabia explicar, via nitidamente as coisas, mas de maneira diferente.
As pessoas, querendo ajudá-la, atrapalhavam. Faziam tudo para ela, querendo poupá-la ao máximo, como se fosse uma inválida. Tinha pernas fortes, mãos hábeis, boa saúde, a cabeça funcionava muito bem. Gostaria de gritar a todos: - “Parem de me tratar como se eu fosse um bebê, como um traste imprestável, eu sei fazer as coisas sozinha!”. Mas deixava-se calar pois queriam apenas ajudá-la e não agredi-la. Não sabiam dos seus olhos interiores.
E quanto mais a visão ia ficando turva, mais sentia que pequenos olhos se formavam na ponta de cada dedo e suas mãos podiam ler, ver, sentir intensamente.
Sabia quem era a pessoa que se aproximava reconhecendo o odor diferenciado e peculiar de cada corpo. Mesmo que quem se aproximasse não proferisse uma só palavra, ela descobria de quem era a presença.
Era uma delícia passar defronte a um jardim e distinguir cada flor pelo tato e pelos perfumes característicos. Com os olhinhos das pontas dos dedos sentia a textura e até imaginava a cor.
Pensou consigo como as pessoas eram cegas para tantas coisas, como não conseguiam enxergar a essência, mas penalizam-se dela que via tudo com mais perfeição. Continuavam a julgar pela aparência, pelas roupas, e ela reconhecia o interior de cada um que se aproximava, sabia quem realmente eram pois havia descoberto a visão da alma.
Chegara a vez dela penalizar-se dos outros que ainda não haviam descoberto a verdadeira visão, eram como pássaros presos em gaiolas.
Ela, aprendera a voar.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito lindo esse trecho acho que mostra a verdadeira essencia do sentimento puro, aquele que sentimos com a alma acho que muitas pessoas podiam se idendificar e poder vivenciar esse momento, esse prazer que é conhecer tudo atravez da essencia da alma, quando fecharmos os olhos sentiremos tudo o que eles escondem!!! tiago cantieri.