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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gatos do Cemitério - Leda Coletti

Gatos do Cemitério
Leda Coletti

O sol daquela manhã convida os gatos a se esparramarem gostosamente sobre os túmulos do cemitério. Há muito que os jornais da cidade apresentam artigos sobre eles. Muitas pessoas repudiam o abandono desses bichinhos pelos próprios donos, nesse recinto de respeito aos mortos.
Ao adentrar nesse logradouro público vi a bondosa senhora alimentando muitos deles. Ela vem diariamente tratá-los. É uma ação paliativa bem o sabemos, mas enquanto as autoridades constituídas não tomam outras providências e os cidadãos não se imbuem de suas responsabilidades frente aos animais adotados, somos gratas a ela. Mas, continuemos a contar o sucedido. Fui deixar uma rosa no jazigo de Jussara e, me surpreendi com o gato amarelo dormindo tranquilo sobre a lápide. “Sossegado como fora a meiga prima”, pensei. Mais adiante, fui rezar para tia Rosa. Não havia iniciado a primeira ave-maria, quando um bichano branco e preto veio ronronar aos meus pés. Como tentei me concentrar na oração, olhando fixamente para o centro do jazigo, ele mais que depressa se colocou em evidência, acariciando as flores artificiais, resvalando o mato que crescia no vaso de cimento. Devagar veio se aproximando de mim. Instintivamente procurei retroceder e, nesse lapso de segundos, lembrei-me da boa tia, do seu carinho pelos gatos, que de certo modo contagiara a todos da família. Também me vem à lembrança, o último que tivemos no sitio. Era inteiro preto e ganhamos de amiga muito querida. Dizíamos que era “gato de madame”, pois mamãe só o tratava com “wiska” e tinha o seu colo e o de todos nós. Era o seu companheiro mais querido e chegava mesmo a dialogar com ele. Mas, talvez por ser acostumado mais no interior de casa, a primeira vez que saiu (acreditamos que atrás de namorada), nunca mais voltou. Desse dia em diante nossa mãe não quiz ter outro. E este lembra bem o Neguinho (era este o seu nome). Bem que gostaria de levá-lo para o sítio. Aqui na cidade moro em apartamento e constantemente viajo. Com quem irei deixá-lo? E,falando em gato de cidade, vale aqui um comentário sobre o desaparecimento dos gatos urbanos. Uma colega ainda não se conformou, pelo fato do seu lindo gato angorá ter sido envenenado por vizinhos! Que estupidez e falta de amor a um bicho amigo e inofensivo! Muitas pessoas se descuidam da castração e de outros cuidados necessários, optando por desfazerem-se deles. Mas retornemos ao “nosso novo amigo”. Apesar do desejo imenso de adotá-lo, não esbocei sequer um gesto de carinho para o “meu pretendente”, pois temia que me acompanhasse. Dei uma de “indiferente”, me afastando devagarinho. Não é que o bichano veio caminhando à minha frente, miando de mansinho, e de vez em quando entreparando e me fitando! Parecia suplicar que o levasse em minha companhia. Nem mesmo sei como resisti firme, sem corresponder aos seus chamegos.Acompanhou-me até o final do quarteirão. Eu segui adiante. Ao dobrar para nova rua, com receio espiei. Ele se encontrava no mesmo lugar. Pensei: “Deve ser o anfitrião dessa quadra e quis ser gentil para mim, visitante”. Fiquei mais aliviada, quando vi a boa senhora que trata os gatos do cemitério, indo em sua direção e ele todo faceiro vir ao seu encontro!Observação: Essa crônica foi escrita no final do século passado, pois nessa 1ª década do novo, a mama já adotamos dois. Um foi o Corisco, que morreu misteriosamente, e no momento temos uma gatinha, a Nanà, a que só sabe fazer carinhos, arranhando todos nós. Nós a amamos muito!

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