As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Reunião na Biblioteca

sábado, 3 de outubro de 2009

Réquiem para Izabella
Ivana Maria França de Negri

Ainda ecoa em meus ouvidos o som das suas patinhas tamborilando no assoalho, resultado das passadas suaves e macias que a traziam até mim. Minhas mãos afagavam sua cabecinha e nos olhávamos cúmplices. Meus dedos mergulhavam em sua pelagem macia e um momento único e mágico acontecia: o encontro das almas de bicho e gente, num entendimento silencioso.
Eu lhe fazia carinho e ela respondia num ronronar baixinho. Não era preciso palavras. E ficávamos assim por longo tempo, ligadas por uma empatia profunda.
Quando algum problema me afligia, ela adivinhava. Aconchegava-se ao meu colo e me fitava com seus enormes olhos verdes, como a dizer: “estou aqui!”.
Dezesseis anos de convivência é muito tempo. Os laços que se criam são muito sólidos. Quando minha família a adotou, meus filhos eram ainda crianças, mas ela chegou a conhecer minhas netinhas. De gatinha sapeca, passou a ser uma gata acomodada, dotada de um bom-senso felino muito grande, pois nunca afiou as garras nos sofás e dificilmente fazia sujeira onde não devia.
Pessoas ligadas por vínculos de sangue, amor ou amizade, uma vez ou outra acabam brigando por uma não concordar com as ideias ou ações da outra. A relação com animais é diferente. Não há brigas.
Presto hoje minha última homenagem àquela que foi a minha gatinha de estimação por tantos anos, que dividiu comigo momentos maravilhosos, que me amou e também foi muita amada. Uma gatinha guerreira, que aos 16 anos passou por uma cirurgia delicada no fígado, sobreviveu, e ainda permaneceu conosco por mais cinco meses depois da cirurgia.
Foi um período de preparação para a nossa separação. Ela foi se despedindo aos poucos, e eu fui entendendo todas as suas dificuldades. Se não houvesse esse período de preparação, talvez a dor da perda fosse bem pior. Deus sabe o que faz.
Recentemente adotei do canil municipal uma gata bem filhotinha, a Lolita. É claro que não vai substituir a minha Izabella, até porque, todo animal é único e especial, mas será mais uma criatura para amar e ser amada na minha vida. Tem gente que promete, ao morrer seu animal de estimação, que não vai querer outro nunca mais porque não quer sofrer novamente. Pois eu digo que sofrerei quantas vezes forem necessárias e derramarei todas as lágrimas que tiver que derramar nesta vida, pois se quem gosta de animais, não adotá-los, os que não gostam é que não o farão. Jamais deixarei de ter a companhia de um animalzinho para alegrar a vida e trocar afeto.
Minha amada Izabella, esteja em paz, como merecem todas as criaturas, humanas ou não, que já passaram desta para a outra dimensão. Seu corpinho cansado repousa agora no cemitério de animais, mas tenho certeza que o Criador reservou um cantinho especial para sua alminha no céu dos bichos. Um dia nos reencontraremos, minha querida! Até!

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