As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

SEGUIDORES

MEMBROS DO GOLP

MEMBROS DO GOLP
FOTO DE ALGUNS MEMBROS DO GOLP

GOLP

GOLP
Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

GOLP

GOLP
Reunião na Biblioteca

sábado, 31 de outubro de 2009

MEU GATO
Ruth Carvalho Lima de Assunção

Sem raça, sem pedigree, nascido na rua, feioso, maltratado e chorão.
Mudou de status, é outro, lavado, escovado, cheiroso, dengoso como ele só.
Me beija, me arranha, me enfurece, me tira do sério, me confunde e se estabelece.
Desfiou minha cortina, arranhou o meu sofá, sumiu com o pé de meia, e depois bem de mansinho vai deitar em meus lençóis.
Muito esperto, muito inteligente, vem logo me agradar. O malabarista do meu gato atira-se em mim a pedir mais afeição.
Ele sabe como me levar. Sucumbo aos primeiros apelos e meu ego acariciado entrega-se a mais amor e dedicação.
Ele é o rei. Soberano, dá as ordens, aconchega-se nas almofadas, ronca e dorme a tarde toda. Depois aquele ritual de espichar-se, virar-se, lamber os pelos, fazendo sua higiene diária, dar umas voltinhas e retornar ao sono interrompido.
Sua qualidade de vida é excelente. Pelo jeito freqüentou uma academia e um SPA, sabe muito bem que dormir é muito importante.
Se fosse possível viver como um gato...
Não é qualquer ração que ele come. Tem as suas opções. E tem opinião. Se não for aquela, ele prefere ficar sem comer, quem diria, depois de ter passado tanta fome.
Aquele magricelo, pelo ralo e curto, sempre em cólicas, agora um gatinho mesclado, focinho e patinhas cor de carne, pelos longos e macios, um rabão de fazer inveja, anda empertigado, bonachão e metido. Nunca foi ao Egito, mas se sente divinizado.
Docilmente foi se acostumando aos meus costumes e obedecendo aos meus
caprichos.
Mas alto lá, é dócil, mas também tem o seu geniosinho, é como gente, não mexa com ele.
Entendi melhor como ele é, quando outro dia passei-lhe um sabão, pois estava afiando as unhas em meu tapete.
Dedo em riste, ralhei com ele, que imediatamente pôs-se em posição
ataque e me encarou, dando-me uma resposta.
Recuei, não tive dúvida, ele estava determinado. Não estava para brincadeiras.
Os seus sentidos, tato, visão e audição são excelentes, e fazem dele um exímio caçador. Volta e meia está ele brincando, isto é, aproveitando-se da fragilidade de um ratinho, até que, enfastiado, de um golpe, acaba com a vida do indefeso.
Já notei que seu olfato não é dos melhores, isto é, é péssimo. Diferente do cão que tem o olfato bem desenvolvido, meu gato não sobreviveria se dependesse desse sentido.
Ao cair da tarde, quando o rubor do sol empalidece e desmaia, estou só, sem companhia.
- Cadê o Josué?
Será que ainda não me acostumei com as suas escapadas...
Já se esgueirou pela porta da cozinha indo percorrer a vizinhança, os sótãos, andar pelos telhados, vasculhar a rua onde moramos e o mais importante, fazer os seus contatos.
No meio das trevas suas pupilas verdes são faróis, dilatam-se, dando-lhe uma boa visão para poder encontrar as suas gatinhas preferidas.
Passo a ouvir os seus lamentos que atravessam os muros e os quintais.
Não foge dos confrontos, e pelos seus amores volta sempre para casa com as orelhas machucadas.
Esse é o Josué, meu gato angorá!
Ele é meu?

Nenhum comentário: